O que fazer com meu filho rebelde?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Grande parte dos pais desta geração atual tem dificuldade em equilibrar o afeto e o exercício da autoridade para com seus filhos. Décadas atrás se errava por exagero na disciplina aplicada aos filhos, pouco diálogo e muitas exigências. Nesta geração o erro principal que os pais estão praticando, mesmo amando seus filhos, tem que ver com permissividade, prática inadequada da autoridade, e com isso os filhos assumem o comando, exigem coisas, se portam como se fossem donos do pedaço.

Muitos pais oferecem coisas boas aos filhos, mas recebem um retorno pequeno em termos de obediência, respeito, colaboração em tarefas de casa. Onde está o problema? Primeiro de tudo, pai e mãe de um filho ou filha com comportamento inadequado e abusivo, precisam pensar que isto não se tornou assim da noite para o dia. Deve ter faltado colocar disciplina correta desde que o filho, que hoje é rebelde, preguiçoso, descansado, impaciente e até agressivo, era pequeno. Pode ter faltado pulso firme da parte dos pais. Daí a criança ficou mimada, cheia de vontades, e egoísta.

Os pais atuais precisam retomar o controle da educação dos filhos assumindo o papel de autoridade que lhes é devido no lar, o que é diferente de autoritarismo. As crianças precisam do papel de autoridade dos pais para saberem se posicionar na vida de maneira respeitosa, responsável, produtiva. Se os pais são omissos e negligentes na aplicação da disciplina devida, seus filhos aprendem que podem fazer o que querem, na hora que querem e do jeito que desejam. E isto é algo que a realidade da vida adulta que eles terão que enfrentar não tolera.

Se você pai e mãe tem oferecido a seus filhos presentes, eletrônicos, passeios e se têm dado afeto, então eles precisam dar um retorno disso. E o retorno tem que ser colaborar com pequenas tarefas em casa, mesmo tendo uma empregada doméstica, tem que ser obediência às ordens justas dos pais, tem que se empenharem nos estudos, respeitar os mais velhos, e respeitar a autoridade do pai e da mãe.

O que pode estar faltando é o correto exercício da autoridade de forma a exigir respeito da parte das crianças e jovens sem os pais terem que gratificar seus filhos por eles praticarem atitudes respeitosas e obedientes. Isto é obrigação deles na função de filhos.

Não presenteiem um comportamento que é devido da parte do filho. Ficar submisso ao filho e deixar que ele se torne um egoísta exigente e com isso ele se torna irritadiço, respondão e agressivo, é um erro a ser corrigido agora mesmo. Não adianta levar a criança ou jovem ao psicólogo para concertar comportamentos ruins dele, se vocês pais não agem corretamente aplicando disciplinas adequadas e exigindo respeito pela autoridade dos pais no lar.

O comportamento respeitoso dos filhos para com os pais é o normal a ser esperado deles tanto para com os pais quanto para com pessoas mais velhas. Se os pais presentearem bons comportamentos dos filhos, isto faz com que eles se achem, consciente ou inconscientemente, no direito de perder o controle emocional desrespeitando os pais a menos que sejam gratificados com um presente.

Como corrigir isso? Os pais precisam enxergar quando e como condescendem com as exigências egoístas dos filhos e mudar isso para que os filhos aprendam que eles não podem ter o que querem na hora que querem, aprendam que os pais não são empregados ou mordomos dos filhos e que precisam respeitá-los como pais.

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