Maconha: uma droga inocente?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O jornalista Michelson Borges publicou em seu blog nesta semana informações sobre a maconha as quais quero compartilhar com você. Importante compreender que uma coisa é a maconha (cannabis) usada como droga recreativa e outra é um dos componentes dela que vem sendo usado com fins terapêuticos. Não é a maconha que é medicinal, mas uma de suas substâncias que vem sendo testada.

Michelson explica que em junho do ano passado, 37 estados dos EUA aprovaram leis de cannabis medicinal e 19 estados legalizaram a cannabis recreativa. A maconha tem se tornado uma droga mais perigosa ainda devido ao seu teor médio de THC (tetra-9-tetrahidrocanabinol, químico psicoativo e potencialmente viciante da cannabis) em produtos de plantas fumadas que aumentou de 1% para 4% na década de 1970 e para 15% a 30% nas cannabis atuais. Vaporizadores podem conter concentrações ainda maiores de THC.

Muitos ainda pensam que a maconha é uma droga inofensiva, mas os benefícios e riscos a longo prazo do seu uso permanecem obscuros. Apesar disso, os cientistas que estudam esta droga têm chegado à mesma conclusão: o uso pesado e por longo tempo de maconha pode afetar a cognição na meia-idade. Cognição é o seu pensamento, o que você pensa, como raciocina.

Pesquisa recente publicada na Revista Americana de Psiquiatria (American Journal of Psychiatry) seguiu de perto quase 1.000 indivíduos na Nova Zelândia dos 3 aos 45 anos de idade para entender o impacto do uso de cannabis na função cerebral. A equipe descobriu que os que usaram maconha semanalmente por vários anos, tiveram deficiências em áreas da cognição. Observou-se que os usuários de maconha de longo prazo tiveram seu QI diminuído em 5.5 pontos desde a infância, e houve deficiências na velocidade do aprendizado em comparação com os que não usaram cannabis. Quanto mais uso da droga, mais deficiência cognitiva, problemas de memória e atenção e um hipocampo (região cerebral ligada à memória e aprendizado) menor.

Michelson explica: “Esta nova pesquisa é um dos vários estudos que sugerem que existe uma ligação entre o uso pesado de cannabis a longo prazo e a cognição. Ainda assim, estudos futuros são necessários para estabelecer a causa e explorar como o uso prolongado de cannabis pode afetar o risco de desenvolver demência, uma vez que o comprometimento cognitivo na meia-idade está associado a taxas mais altas de demência.”

Outros estudos já revelaram que algumas pessoas que consomem cannabis a longo prazo podem desenvolver nevoeiro cerebral, motivação reduzida, dificuldade de aprendizado ou dificuldade de atenção. Os sintomas geralmente são reversíveis, embora o uso de produtos com maior teor de THC possa aumentar o risco de desenvolver sintomas cognitivos. E também foi verificado que muitos homens usuários de maconha podem ter uma diminuição importante do número de espermatozóides o que pode prejudicar a busca de engravidar uma mulher para ter um filho. O dr. Conrado Alvarenga, membro da Divisão de Urologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP – Universidade de São Paulo, diz: “Não se sabe exatamente como ela [THC] pode alterar o funcionamento dos espermatozóides, mas acredita-se que o THC pode causar um funcionamento impróprio do espermatozóide por meio de estímulo direto ou pode levar a alteração nos mecanismos de inibição natural, ou seja, eles ficam completamente descontrolados, se locomovendo rápido demais e antes da hora. ... quando chega a hora de correr para o corpo da mulher, já não há potência para alcançar o óvulo. Estudos mostram também que, em consumidores do THC, o volume do fluido seminal e o número total de espermatozóides foram significativamente menores.”

(Fonte: https://www.conradoalvarenga.com.br/infertilidade/infertilidades-drogas-infertilidade.html)

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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com 

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