Álcool e gravidez

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 01 de abril de 2021

Quando se estuda o alcoolismo e seus efeitos sobre o corpo humano, nos deparamos com um amplo espectro de doenças ligadas ao consumo do álcool, o TEAF, Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal. Uma delas é a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que é um conjunto de alterações no bebê durante a gravidez pelo fato da mãe ingerir bebidas alcoólicas.

Cerca de 25%, uma em cada quatro, das crianças com TEAF têm defeitos cardíacos congênitos relacionados com o consumo de álcool pela mãe. Congênito significa que o bebê já nasce com o defeito ou a doença. Mas em 2019 foi realizado um estudo para verificar se a ingestão de álcool pelo pai também poderia estar relacionado com o aumento do risco de defeitos cardíacos congênitos no bebê.

Este estudo científico envolveu uma meta-análise, ou seja, um estudo de dados combinados de pesquisas importantes na China, Europa e Estados Unidos. Analisaram 41.747 alcoólatras e 297.587 consumidores controlados. Este estudo foi publicado no European Journal of Preventive Cardiology (Revista Europeia de Cardiologia Preventiva). Descobriram que o consumo de álcool pelo pai aumenta muito a probabilidade de o recém-nascido apresentar doenças cardíacas congênitas.

Parece que o álcool danifica o DNA e o RNA no esperma do homem. E isto pode ser mais grave se ele consome muita bebida alcoólica. Para que o pai não contribua com a possibilidade do seu filho ter doença cardíaca congênita, ele não deve consumir álcool pelo menos nos três meses antes da concepção.

Bebidas alcoólicas aumentam outras doenças congênitas, favorece o câncer, mata cerca de três milhões de pessoas por ano, e é responsável por 5% das doenças em geral no mundo. O consumo do álcool está ligado a acidentes, afogamentos, crime e violência doméstica.

A Síndrome Alcoólica Fetal atinge cerca de dois bebês em cada mil, sendo a principal causa de retardo mental nos Estados Unidos. “Acredita-se que a SAF e esses outros transtornos afetem cerca de 40 mil crianças por ano em todo o globo, mais do que a síndrome de Down, distrofia muscular e espinha bífida somadas, segundo a organização não-governamental The National Organization on Fetal Alcohol Syndrome”. (http://brasil.babycenter.com/a3500005/s%C3%ADndrome-alco%C3%B3lica-fetal#ixzz38uMfPbVT)

"Há uma estimativa de que um em cada cinco casos de deficiência mental no mundo seja causado pelo álcool ingerido pela gestante”, diz Dartiu Xavier da Silveira, co-fundador e coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) da Universidade Federal de São Paulo. (http://brasil.babycenter.com/a3500005/s%C3%ADndrome-alco%C3%B3lica-fetal#ixzz38uN7fqQu)

Se uma mulher costuma ingerir bebidas alcoólicas e quer engravidar ou engravidou, ela deve parar o consumo de álcool imediatamente. Se não consegue parar sozinha, deve procurar ajuda. E um alerta é que os bebês com a Síndrome Alcoólica Fetal têm tamanho menor, peso abaixo do normal, nariz e maxilar reduzidos, geralmente possuem olhos e cabeça menores do que o normal, lábio superior bem fino, podem ter defeitos no coração, rins e pulmões, na audição e visão. Ao crescer podem ter problemas de comportamento, dificuldades com memória e aprendizado, sendo o pior problema o retardo mental.

Mesmo quantidades pequenas de álcool podem ser danosas para o bebê na barriga da mãe. Nenhuma quantidade de álcool é segura, assim mulheres grávidas deveriam evitá-lo durante toda a gravidez, seja cerveja, vinho, bebidas destiladas, e os “coolers”. Mesmo não tomando bebidas alcoólicas diariamente, se ela ingere num só dia três ou mais drinques, o nível de álcool no sangue aumenta rapidamente, e ela coloca em risco a vida do bebê.

A melhor maneira de prevenir a Síndrome Alcoólica Fetal é parar de ingerir bebidas alcoólicas assim que a mulher pensar em engravidar, e substituir por água, sucos de frutas e água de coco. O álcool é tóxico para nosso corpo, especialmente para o cérebro. O melhor para a saúde não é beber com moderação, mas evitar bebidas alcoólicas.

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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