Conselhos de Chico para nós mesmos

Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

sábado, 28 de maio de 2022
Foto de capa
(Foto: Unsplash)

Ouçam mais Chico Chico, Chico César, Buarque... Esqueçam propagadores do mal. Intervenham sobre os mensageiros da ignorância. Intolerantes não merecem compaixão. Combatam a barbárie. Adiem ao máximo o fim do mundo, por isso, vigilância aos cavaleiros do apocalipse. Ajamos para derrubá-los com a veemência dos anjos celestiais. 

Consumam alegria. Invertam a lógica da felicidade punida e sintam a delícia de ser de verdade. Não temam. Não morram. Vivam, plenamente, com abundância. 

Cantem mais Tim Maia, Cássia Eller, Belchior, Vandré… Espalhem “a Boa Nova”, nem tão nova assim. Unam as partes de esperanças espalhadas pelas multidões. Libertários são dignos de proteção. Protejam a vida, regenerem o meio ambiente, sobrevivam aos assassinos dos povos originários para resistir co-existindo. Cooperemos para um planeta mais verde com a entrega de Chicos Mendes. 

Calem usurpadores da fé. Desmascarem os falso-moralistas. Aproveitadores não merecem redenção. Resgatem essa gente de bem que flerta com o mal. “Elas não sabem o que fazem”. Seguem sem saber, mas sigamos teimando. Esperem, mas só se a espera for a ação. Inspirem-se em Francisco, Mandela, Malala, Rosa Parks. O mundo é nosso e devemos deixá-lo como herança melhor aos que virão.

Cuidado para não travestir preconceitos de opinião. Ninguém perguntou se vocês têm que concordar ou não com o modo de viver de cada um. Viva e deixe viver. Respeito ao que não compreende e tentem entender que não há exclusivas verdades. Os que vomitam verdades por dinheiro e poder, certamente, não estão certos. Certeza é a perene dúvida sobre haver certo e errado nessas buscas pela felicidade e de encontro consigo mesmo. Assim, não queiram, no cotidiano, serem comentaristas de televisão. 

A situação crítica em que estamos não necessita de críticos de plantão. Necessitamos de respeito às liberdades. Só não confundam liberdades com crimes contra a humanidade. Liberdade só se for para afirmar a vida. Negar a vida é atrocidade.

Leiam Paulo Freire, Darcy, Clarice Lispector, Baumam... Leiam pessoas. Aprendam o alfabeto daqueles que ama. O amor é o que de mais importante terá nas suas trajetórias. Os seres amados merecem e vocês também. Amem ainda os que não conhecem. Se o amor nunca é desperdício, não há porque não amar cada encontro — dos marcados aos de esquina ou de ponto de ônibus — com todos que sequer se supõe o nome. Podem chamá-los de Chico.

Escrevam palavras de afeto, de encorajamento, em defesa do que nos une — humanidade. Coragem para ser feliz. Paixão pela vida. Somemos para uma coletividade mais fraterna e uma existência digna para todos. Que na história que escrevemos, vejam, sintam, percebam mais uns aos outros, e, se não souberem sequer o nome do outro, podem chamá-lo de Jesus.  

 

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