O setor do comércio brasileiro manteve 10,5 milhões de pessoas ocupadas em 2023, segundo a Pesquisa Anual de Comércio (PAC), divulgada nesta quinta-feira,7, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se do segundo maior contingente da série histórica iniciada em 2007. No entanto, apesar da ampla oferta de postos de trabalho, a remuneração média do setor continua baixa, em torno de dois salários mínimos (R$ 3.036).
De acordo com a pesquisa, o comércio varejista concentra a maioria absoluta dos trabalhadores: são 7,7 milhões de empregados, representando 72,7% do total. Em seguida aparece o atacado, com dois milhões de ocupações (18,7%), e o segmento de veículos, peças e motocicletas, com 900 mil trabalhadores (8,5%).
As empresas comerciais geraram, no total, uma receita líquida operacional de R$ 7,1 trilhões em 2023. A atividade adicionou ainda R$ 1,2 trilhão em valor bruto à economia nacional. Do faturamento, R$ 352,7 bilhões foram destinados ao pagamento de salários, mas com grandes disparidades entre os segmentos.
Mais empregos, menores salários
Apesar da importância do varejo como principal empregador do setor, é justamente nele onde se concentram os menores salários. A média salarial mensal nesse segmento foi de apenas 1,7 salário mínimo, enquanto o comércio atacadista registrou a melhor média, com 2,9 salários mínimos.
No segmento de veículos, peças e motocicletas, a média ficou em 2,1 salários mínimos. No varejo, as menores remunerações foram observadas entre representantes e agentes do comércio (1,2 salário mínimo), comércio de produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,3 s.m.) e lojas de tecidos, vestuário, calçados e armarinho (1,6 s.m.).
Maiores salários do atacado
- Combustíveis e lubrificantes: 4,6 salários mínimos
- Máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive de TI: 4,3 s.m.
- Produtos farmacêuticos, perfumaria e artigos médicos: 4 s.m.
- Regionalmente, apenas as regiões Sul e Sudeste apresentaram rendimentos médios iguais ou superiores à média nacional do setor.
Comércio eletrônico cresce, mas tem peso limitado
Outro destaque da pesquisa foi o avanço do comércio pela internet. O número de empresas que atuam no varejo digital quase dobrou em quatro anos, saltando de 1,9 mil em 2019 para 3,7 mil em 2023. Mesmo assim, a participação da internet no faturamento total do comércio permanece limitada: passou de 5,3% para 8,8% no período.
Apesar do crescimento impulsionado pela pandemia da Covid-19, a proporção de receitas obtidas via internet caiu 0,3 ponto percentual em relação a 2022, indicando uma possível estabilização após o pico do consumo online.
Entre os segmentos que mais faturam com vendas digitais, o destaque vai para o varejo de informática, comunicação e artigos de uso doméstico, que obteve 38,5% da receita bruta de revenda via internet. Lojas de produtos novos e usados (13,9%) e de vestuário e calçados (13,4%) vêm na sequência.
A pesquisa do IBGE evidencia um quadro ambíguo: o comércio é vital para o emprego no Brasil, mas ainda enfrenta desafios na valorização de seus trabalhadores, especialmente no varejo, que emprega muito, mas remunera pouco. (Fonte: G1)
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