Turismo: setor de extrema importância é prejudicado pela Covid-19

Paralisação praticamente total das operações devido a pandemia mudou completamente o futuro do turismo
sábado, 13 de junho de 2020
por Thiago Lima (thiago@avozdaserra.com.br)
Sandra Ferro, da agência Flybourg
Sandra Ferro, da agência Flybourg

A paralisação praticamente total das operações em meados de março deste ano, devido a pandemia, mudou completamente o futuro do turismo, um importante setor econômico. O mercado de viagens é um dos setores mais afetados pela crise, devido a política de isolamento resultante das medidas de contenção ao contágio pela Covid-19.

De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas o setor pode cair perto de 40% em 2020. Na análise feita pela Fundação, foi considerado um período de interrupção de atividades de 3 meses, quando terá início o reequilíbrio dos negócios (estabilização) no Brasil, que durará cerca de 12 meses, uma vez que a saúde financeira dos negócios e das famílias estará comprometida. 

No caso do turismo internacional, o período de recuperação poderá chegar a 18 meses. O momento seguinte da análise considera a recuperação do setor no Brasil, levando em consideração o crescimento necessário para compensar a perda econômica do período de crise. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor representa 3,71% do PIB. Desde o início da pandemia do coronavírus o setor de turismo acumula perdas de R$ 62,5 bilhões, diz um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O Caderno Z / A VOZ DA SERRA, entrevistou Sandra Ferro, da agência Flybourg, que atua no setor de turismo há 40 anos. 

Como as agências estão se mantendo no momento? E o que estão fazendo para contornar o cenário atual? 

No momento as agências estão se mantendo no sentido de resolver os problemas dos pacotes que foram cancelados e das viagens de volta de muito clientes em países onde as companhias aéreas não estão operando. Então, basicamente estamos cuidando desse público que, impossibilitados de viajar, precisam das nossas resoluções. Tanto para uma carta de crédito para viagens futuras, ou remarcando já para o primeiro voo que as companhias estejam habilitadas a fazer. Isso é o que estamos fazendo neste primeiro momento.   

Quando acha que o turismo será retomado?

Quanto à retomada do turismo, os especialistas estão apostando no turismo interno, o turismo doméstico, com distâncias menores, com uma média de 2h/3h de voo. Isso no primeiro momento. Em seguida, as viagens internacionais, que necessitam de mais tempo, um maior planejamento financeiro, uma série de fatores que fará com que as viagens internacionais demandem um tempo maior para que aconteça. 

Sobre a questão das vendas, durante esse período foram realizadas vendas para o ano novo, férias e viagens para o próximo ano? 

Com relação às vendas, vendemos pacotes para viagens que aconteceriam agora, no período de férias de julho e verão no hemisfério norte, vendas que foram realizadas no final do ano passado e no início deste ano. Esses pacotes e viagens foram todos cancelados. Diante da flexibilização das companhias aéreas, foram emitidos vouchers, cartas de créditos, para que possam utilizar no próximo ano, normalmente até dezembro de 2021, já que eles também não possuem uma data definida para o retorno. Com relação às vendas do ano novo e férias para o próximo ano, na verdade nós teríamos como vender esses pacotes agora, em maio/junho, que é quando as operadoras e as companhias aéreas liberam as datas, já que não conseguimos fazer vendas com mais de um ano de antecedência, mas infelizmente essas vendas não ocorreram. Vamos ver agora, com essa liberação de voos e reabertura de hotéis, se conseguimos efetivar essas vendas para o fim de ano e férias para o próximo ano.   

Na maioria, os clientes que tinham viagens marcadas preferiram o estorno ou o adiamento?

Em relação a estornos e reembolsos, as companhias aéreas, companhias marítimas, os seguros de assistência… eles realmente não teriam a capacidade de reembolsar todos que pedissem esse estorno. Eles vão realizar este reembolso, só que deram um prazo de até 12 meses para quem optasse por reembolso. Fora isso, o cliente fica com uma carta de crédito para o cliente usar como quiser, em qualquer trecho. A flexibilização é muito boa nesse sentido e você já podendo remarcar a viagem, sem esperar esse tempo de 12 meses esperando o dinheiro que o cliente já havia desembolsado na viagem.  

Entrevistamos também a administradora de empresas Ana Claudia Fagundes Mateus Balsa, com 21 anos de atuação na área de agenciamento de viagens e intercâmbio. É diretora da Genebra Turismo e da CI Intercâmbio em Nova Friburgo. 

Como as agências estão se mantendo no momento? E o que estão fazendo para contornar o cenário atual?     

Era absolutamente impensável, em janeiro, tudo isso que estamos vivendo. Em fevereiro já começamos a sentir o medo dos clientes em reservar viagens futuras. Conforme o coronavírus foi se alastrando, as fronteiras começaram a fechar e as vendas foram diminuindo até parar por completo. Para manter as agências de viagens, os proprietários precisaram, imediatamente, reorganizar os custos. Com vendas quase que exclusivamente internacionais, as agências de viagens e intercâmbio como a nossa, foram pegas de frente pela crise. O que podemos fazer é continuar o contato com os nossos clientes através das redes sociais e aguardar o momento da abertura das fronteiras e o restabelecimento da confiança das pessoas em viajar. A pandemia tem sido um momento oportuno para reciclarmos nossos conhecimentos através dos inúmeros treinamentos onlines e lives que estãos sendo ofertadas gratuitamente pelos nossos fornecedores.

Quando acha que o turismo será retomado? 

O turismo regional será o primeiro. As pessoas vão viajar de carro, para lugares próximos e dentro do Brasil. Em julho, a maioria dos hotéis já estarão reabertos no Brasil. Depois, teremos a retomada dos destinos internacionais. Esse será mais lento, pois as fronteiras serão abertas aos poucos e temos que aguardar quais países serão seguros para visitar.

Sobre a questão das vendas, durante esse período foram realizadas vendas para o ano novo, férias e viagens para o próximo ano?

Ainda não tivemos procura para a próxima alta temporada. As pessoas estão com a renda comprometida e com muitas incertezas.

Na maioria, os clientes que tinham viagens marcadas preferiram o estorno ou o adiamento?

No começo as pessoas queriam estorno por que acreditavam que era rápido esse trâmite, mas com a publicação das Medidas Provisórias 925 e 948 em que o texto fala basicamente que os reembolsos poderão ser feito em até 12 meses após o fim da pandemia, os viajantes, em sua grande maioria, preferiram remarcar.

 

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TAGS: Turismo | pandemia