Turismo de verão: desafios e oportunidades para o setor

Confira a principais tendências na alta temporada que se aproxima
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
por Liz Tamane
(Foto: Rafael Campos)
(Foto: Rafael Campos)

Com a chegada do verão daqui a pouco mais de um mês, o Brasil se prepara para receber turistas de várias partes do mundo, que buscam suas praias paradisíacas, o ecoturismo em suas florestas e o clima vibrante das serras e, neste quesito, Nova Friburgo e demais municípios da Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro são destinos bastante procurados. No entanto, enquanto o verão traz consigo um aumento nas atividades turísticas e uma oportunidade econômica crucial, também impõe desafios significativos para o setor, especialmente em um momento de crescente preocupação ambiental e de segurança.

O Brasil é mundialmente conhecido por seu litoral, que se estende por mais de sete mil quilômetros e oferece opções que vão das praias mais movimentadas, como as de Copacabana e Ipanema, na capital fluminense, até refúgios menos explorados, como a Baía dos Porcos, em Fernando de Noronha. Segundo dados do Ministério do Turismo, a temporada de verão representa uma grande parcela da receita anual do setor, principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste. Com o aumento da procura por destinos domésticos, o setor de turismo também busca se adaptar, promovendo não apenas o turismo de praia, mas também experiências de ecoturismo, gastronomia e aventura.

Destinos como a Amazônia, o Pantanal e o Cerrado estão atraindo um número crescente de visitantes interessados em explorar a biodiversidade do país. Esse movimento reflete a mudança no perfil do turista, que busca não apenas descanso e lazer, mas também experiências autênticas e sustentáveis. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após o fim da pandemia, o número de viagens cresceu 71,5% entre 2021 e 2023, incluindo viagens nacionais e internacionais. Entre os tipos de lazer que motivaram as viagens, o maior destaque foi a busca de sol e praia, respondendo por 46,2% do total. Em seguida, aparecem as viagens em busca de natureza, ecoturismo e aventura (22,0%) e para cultura e gastronomia (21,5%).

(Foto: Henrique Pinheiro)

Desafios 

Apesar das oportunidades, o setor de turismo enfrenta desafios. Um dos principais é o impacto ambiental gerado pelo aumento da circulação de pessoas em áreas naturais. Praias e parques nacionais frequentemente registram um aumento no volume de resíduos durante a alta temporada, o que exige mais iniciativas de conscientização e infraestrutura para lidar com o lixo. A preservação de ecossistemas, como recifes de corais e florestas tropicais, é essencial para garantir a sustentabilidade dessas atrações.

Além disso, questões de infraestrutura continuam a ser um problema em muitos destinos. O aumento no número de visitantes frequentemente sobrecarrega aeroportos, estradas e transportes públicos, dificultando o deslocamento dos turistas. Em cidades como o Rio de Janeiro e Salvador, por exemplo, os congestionamentos e a falta de transporte adequado podem afetar a experiência do visitante. 

A segurança também representa uma preocupação. O aumento do fluxo de turistas em áreas urbanas pode gerar oportunidades para atividades criminosas, que afetam a imagem do Brasil como um destino seguro. Em resposta, muitos governos locais estão implementando medidas de segurança adicionais, especialmente nas áreas mais turísticas.

Turismo sustentável

O turismo sustentável tem ganhado destaque com a adesão de práticas mais ecológicas e socialmente responsáveis. Hotéis e pousadas estão incorporando práticas de reciclagem, redução de uso de plástico e preservação de recursos hídricos. A cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, conhecida por suas práticas de ecoturismo, é um exemplo de como a sustentabilidade pode ser um diferencial. A cidade implementou um sistema rigoroso de controle de visitantes em algumas atrações naturais, garantindo a preservação do ambiente e a satisfação do turista.

Alguns dos destinos mais procurados pelos turistas são os que oferecem atrações naturais e atividades sustentáveis, como: Manaus (AM), Chapada Diamantina (BA), Pantanal (MT/MS), Fernando de Noronha (PE), Jalapão (TO) e Lençóis Maranhenses (MA). Esses destinos estão em alta porque oferecem contato direto com a natureza, ao mesmo tempo que fogem da convencionalidade das praias

(Foto:  Arquivo ICMBio)

Preparação para o futuro

Para aproveitar ao máximo as oportunidades do turismo de verão, o Brasil precisa de investimentos contínuos em infraestrutura, promoção internacional e estratégias de sustentabilidade. Programas de capacitação para guias e funcionários do setor, além de incentivos fiscais para negócios que investem em práticas sustentáveis, podem ajudar a fortalecer o setor. Além disso, a criação de políticas públicas voltadas para a segurança e o bem-estar do turista são fundamentais.

A temporada de verão é uma oportunidade ímpar para o Brasil demonstrar seu potencial turístico, oferecendo não apenas belezas naturais, mas também experiências seguras e sustentáveis. A integração entre governos, setor privado e comunidade local é essencial para que o turismo de verão seja não apenas lucrativo, mas também benéfico para o meio ambiente e a sociedade.

Promover o turismo responsável e a educação ambiental entre os visitantes e as comunidades locais pode criar um impacto duradouro no setor. Campanhas de conscientização que incentivem práticas como o descarte correto de resíduos, o respeito às áreas de preservação e a valorização das culturas locais ajudam a manter a atratividade dos destinos turísticos. 

Em regiões de grande biodiversidade e importância cultural, como o litoral da Bahia e a Amazônia, iniciativas que envolvam os moradores locais na recepção dos turistas também fortalecem o turismo comunitário, gerando renda e emprego de forma inclusiva. Dessa forma, o Brasil pode consolidar-se como um destino internacionalmente atraente e exemplar em práticas de turismo sustentável, proporcionando um verão não apenas de lucro, mas de impactos positivos para o futuro do setor e das comunidades envolvidas.

 

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