Sepe questiona projetos de lei do prefeito

Entidade diz que proposta do novo estatuto apresenta uma série de redução de direitos
sábado, 11 de novembro de 2023
por Ana Borges
(Foto: Rodrigo Inácio / Arquivo Pessoal)
(Foto: Rodrigo Inácio / Arquivo Pessoal)
Segundo os representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação — Nova Friburgo (Sepe- NF), foram detectados problemas gravíssimos nas propostas de mudanças no Estatuto do Funcionalismo Público Municipal e no Regimento Interno, “que o prefeito Johnny Maycon está apresentando à Câmara”. 

Segundo a proposta da Prefeitura, os servidores deixam de ser celetistas, passam a ser regidos pelo estatuto, mas continuariam contribuindo para o INSS
Ainda de acordo com a entidade, “já está a caminho a 5ª audiência, com a mesma posição dos representantes da prefeitura”. Para o sindicato, “o certo seria retirar os projetos da pauta, mas a Procuradoria [PGM] não reconhece os graves erros ali contidos, além de sérios problemas no concurso público, também”. 

Em entrevista exclusiva para A Voz da Serra, o assessor do Sepe Nova Friburgo, Rodrigo Inácio, esclareceu a posição da entidade diante das propostas do prefeito Johnny Maycon.

Quando esta proposta de mudanças foi apresentada pela primeira vez? 

Os projetos foram enviados à Câmara no dia 15 de junho. São dois projetos de lei: um que versa sobre o novo Estatuto dos Servidores Públicos Municipais de Nova Friburgo e outro que faz a Transposição do Regime de Contratação dos servidores celetistas para o regime estatutário. Desde que tomamos conhecimento da medida, nossa primeira ação foi oficiar a Câmara Municipal para que fossem realizadas audiências públicas que discutissem os temas.

Qual tem sido a posição dos vereadores desde então?

Já foram realizadas cinco audiências pela Câmara e a que teve maior participação dos edis contou com a presença de cinco deles. Os que compareceram em algum momento têm visto e entendido os problemas apresentados por nós.

Quem são os “representantes da prefeitura”?

Das cinco audiências, só houve representações da Prefeitura em duas delas: Thiago Parreira, subsecretário de RH, e Carlos Eduardo, subprocurador. Mas em nenhum momento houve algum tipo de resposta que atendesse aos nossos questionamentos e apontamentos.

Detalhe os “graves erros” que a procuradoria (PGM) não reconhece.

O projeto de Transposição foi copiado da cidade de Guarulhos-SP. E o projeto foi apresentado de forma incompleta: não garante aos servidores o direito de optar pela migração de regime previdenciário. Segundo a proposta da Prefeitura, os servidores deixam de ser celetistas, passam a ser regidos pelo estatuto, mas continuariam contribuindo para o INSS. O sistema continuaria a ser híbrido. O servidor perderá o direito ao FGTS mas não terá o direito de aposentadoria pelo Regime Próprio de Previdência do Município. A proposta do novo estatuto apresenta uma série de redução de direitos. É uma proposta piorada copiada do Estatuto dos Servidores Federais. Além de deixar brechas que serão regulamentadas por decreto depois.

Quanto aos problemas no concurso público, quais são? O que o Sepe sugere para contrapor?

São quatro problemas graves do novo concurso: não respeita o piso salarial de várias categorias; não deixa claro qual o regime de contratação dos candidatos que vierem a ser aprovados; realiza a prova de títulos antes da prova escrita gerando um gasto exorbitante antes mesmo do candidato saber se será aprovado; abre a possibilidade de realização da prova no Rio de Janeiro e em outros municípios. Quando da aprovação do edital, manifestamos que a prefeitura deveria corrigir essas informações, mas não foi acatado. Nosso departamento jurídico está avaliando qual medida tomar.

Na sua avaliação, o que leva o prefeito a propor essas mudanças, por qual motivo, justificou tais medidas?

O prefeito não debateu com os servidores, órgãos de classe, conselhos, antes de apresentar as propostas. A demanda de migração de regime é um pleito antigo do Sindicato. Mas a proposta apresentada pela prefeitura não é de fato de migração de regime, mas de criação de mais um sistema híbrido no serviço público municipal. Não sabemos o motivo desse açodamento no envio dessas propostas sem discussão prévia.

Como está a questão do piso salarial?

A Prefeitura de Nova Friburgo descumpre o Piso Nacional do Magistério. Em julho de 2022 o prefeito anunciou em suas redes sociais que iria cumprir o piso. Anunciou que pagaria o reajuste parcelado em três parcelas de 11%. Concedeu a primeira parcela e simplesmente ignorou a existência das demais. Assim que tivemos a possibilidade de questionar o Executivo sobre esse cumprimento, nos foi informado pelo próprio [prefeito] Johnny Maycon que a Procuradoria da Prefeitura havia mudado seu entendimento e não concederiam os 22% que ficaram faltando. Hoje, a posição da Prefeitura é de não cumprir o Piso Nacional do Magistério.

 

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