Sem mágica nem varinha de condão

Vice-prefeito Serginho diz que caminho para uma boa gestão é ter as pessoas certas em cada lugar
sábado, 13 de fevereiro de 2021
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
(Foto: Claudio Copque)
(Foto: Claudio Copque)
Para quem ainda não o conhece, Mario Sérgio Abreu dos Santos, o Serginho Doce Mania, vice-prefeito de Nova Friburgo, se apresenta da seguinte forma: “Uma das minhas principais características é falar a verdade, doa a quem doer. Sou muito sincero, proativo e quando visto uma camisa, vou até o fim. Sou verdadeiro, comunicativo, gosto das coisas certas, de fazer amizades e ajudar a população. Desde que mudei para Nova Friburgo eu me dispus, assim como em todas as cidades onde morei, a fazer ações sociais e ajudar aos que mais precisam. Hoje, graças a Deus, temos a oportunidade de multiplicar essas ações”.

“A gente gosta da política, não da politicagem que é troca de favores, de cargos, de comprometimento com coisas erradas”

Vice-prefeito Serginho

Nesta entrevista feita por e-mail, Serginho Doce Mania, como faz questão de ser chamado, não deixou pergunta sem resposta. E não foram poucas. No que diz respeito à sua vida particular, revelou que é solteiro, pai de duas filhas, e que seu “sobrenome” é o mesmo da empresa que abriu aqui em 2006.

Morador da cidade há 15 anos, tem o título de cidadão friburguense, concedido pela Câmara de Vereadores. Diz que vê “uma cidade precisando de capina, com uma iluminação pública deficiente, Raul Sertã sem a organização que merece, a Educação parada por causa da pandemia. Porém, sabemos de todos esses problemas e estamos trabalhando para solucionar todos eles”. Nesta entrevista, o vice-prefeito deixa claro que não é uma mera presença figurativa neste governo e diz a que veio. Confira:

A VOZ DA SERRA: O que o levou a aceitar o convite do prefeito para ser vice?

Serginho Doce Mania: O convite foi feito em 2019 e de pronto falei para o Johnny (Maycon, prefeito) que não tinha intenção de entrar para a política. Achava que eu poderia fazer mais no setor privado do que no público. Mas, algo em mim sempre me lembra que não sou do tipo que aceita se arrepender do que eu não tenha feito. Nunca estive na política e nunca pedi voto para político. Mas, de alguma forma pensava na possibilidade de um dia talvez participar e ter essa experiência, pois acho que podemos multiplicar a ajuda que sempre demos à cidade. Em agosto de 2020, aos 49 do 2º tempo, eu tinha o projeto de abrir mais uma loja em Muriaé-MG e não pude levar adiante. Foi aí que eu decidi entrar de cabeça na política e quando a gente entra é para ganhar. Quando faço uma coisa, é para fazer bem feita. Graças a Deus foi o que aconteceu. Johnny é um rapaz honesto, um cara de família e um camarada com índole espetacular. Não tinha como dizer não para ele. Recebi convites de outros candidatos mas, o que mexeu comigo e tocou meu coração em relação à pessoa e aos projetos, foi o Johnny. E deu tudo certo.

Como se preparou para assumir o cargo?

Política a gente faz dentro de casa, com o vizinho, e faz também política comercial. Eu sou empresário, tenho três lojas aqui. Você se prepara para a politica fazendo política. Gostamos da política, não da politicagem que é a troca de favores, de cargos, de comprometimento com as coisas erradas. Graças a Deus, conseguimos fazer uma campanha sem patrocínio de empresários nem de políticos, somente com apoio da população. Então, nosso compromisso é com o povo. E é isso que queremos fazer, atender o povo, não os empresários. Mas, devo ressaltar que há muitos empresários bons, que estão conosco, ajudando e tentando ajudar, principalmente no hospital. Quanto aos empresários que usurpavam a prefeitura, vamos manter distância, não queremos aproximação. Os empresários do bem, que querem a cidade bonita e o hospital funcionando, esses podem ter certeza de que estaremos com as portas sempre abertas. Ou seja, a minha preparação foi a preparação da vida. De fazer a política e ser politico no trato com as pessoas, na forma como me preocupo com a população.

Que avaliação faz do primeiro mês de governo?

Trabalhamos diuturnamente porque pegamos a cidade aos cacos, imunda, com capim para todo lado, falta de iluminação e vários funcionários da Saúde, de férias. Mas estamos colocando todos os pingos nos “is”. Algumas licitações estavam erradas e tivemos que colocar no rumo certo tudo de novo. E vamos conseguir.

O que mais o atrai na gestão pública?

Não estamos aqui, eu e o Johnny, pelo poder ou status. O que eu gosto na gestão pública é justamente a liberdade de poder ajudar a população. Tenho dado atenção aos serviços públicos e a população pode acompanhar pelas redes sociais, como a iluminação. Falta muita coisa mas já demos os primeiros passos. O governo passado não fez em quatro anos o que fizemos em um mês. Trabalhamos muito nesse primeiro mês e vamos continuar trabalhando, nesse pique, com essa disposição. Gostamos de servir e temos a caneta nas mãos para nos ajudar nisso. É muito triste as pessoas nos procurarem e não podermos fazer nada. Me encanta poder atender a população. Nossa equipe é espetacular, temos secretários com capacidade absurda, e o que a gente espera deles é uma gestão técnica e eficaz para levar a cidade ao patamar que ela merece.

Que projetos gostaria de colocar em prática?

Todos sabem que sou apaixonado por eventos. Fui patrocinador do carnaval daqui por vários anos. Teve um ano em que oito blocos eram patrocinados pela Doce Mania. Infelizmente, o carnaval desse ano teve que ser cancelado, mas garantimos para o pessoal que gosta, que vamos ter o melhor carnaval do estado do Rio. Com várias opções para quem gosta e não gosta de carnaval. Estaremos nos bairros, de repente com outros tipos de músicas, para todo mundo poder aproveitar. Também adoro esportes, o pessoal sabe que gosto de futebol, vôlei, basquete, e quero de volta nas escolas todos esses esportes. Queremos trazer de volta o motocross, corridas, esportes ecológicos. Nossa gestão optou por dividir as demandas, com o Johnny mais voltado para determinados setores, e eu focado nos serviços públicos, esportes e obras. Nestas áreas, estarei em cima para ver o que está dando certo, corrigindo rumos equivocados e valorizando o trabalho dessas secretarias.

Que setor considera o mais desafiador?

A Saúde e a Mobilidade são os nossos dois problemas mais crônicos. Estamos com pouco mais de 30 dias de mandato e esses são os que mais nos preocupam. Mas, com força de vontade, com as pessoas certas e investindo com responsabilidade, vamos dar jeito. Na Saúde, temos esse problema há mais de 20 anos. Nenhuma gestão anterior deu jeito. No Hospital Raul Sertã temos um calcanhar de Aquiles que é receber pacientes de outros municípios, sobrecarregando a Saúde. Temos também o problema com a Faol que está trabalhando há dois anos sem contrato, e queremos resolver isso em breve. A população merece transporte e saúde de qualidade, assim como os demais serviços. Como já disse, não nos aliamos a ninguém e não temos compromisso com ninguém, só com a população. 

Quais suas primeiras impressões sobre a cidade como vice-prefeito?

Nesses 15 anos como “friburguense”, vejo uma cidade precisando de capina, com uma iluminação pública deficiente, o hospital desorganizado, educação parada devido a pandemia. Sabemos disso e estamos empenhados em solucionar todos. Mas, não somos mágicos. Para quem esperava que fôssemos chegar aqui com uma varinha de condão e resolver... , não é assim que funciona. São desafios importantes, por isso temos pessoas capacitadas e com vontade máxima de fazer acontecer. Vai levar um certo tempo? Sim. Mas será muito mais breve do que algumas pessoas acham. Tenho certeza que vamos resolver grandes problemas na Saúde antes do que as pessoas esperam.

O que sente em relação ao povo friburguense?

Temos paixão e respeito pela população. É um povo carente de muitos serviços, e também de ser ouvida. Em todo o nosso mandato estaremos nas ruas como fizemos nesse primeiro mês, ouvindo as pessoas e acertando o que estiver errado. A partir do momento em que você se dispõe a ouvir os outros as coisas funcionam melhor. Eu vou me direcionar agora à Ouvidoria e estar nos bairros com essa finalidade. A população quer ter voz e vez e temos esse compromisso. Mesmo os que nos criticam, mas sabem que somos capazes, fazem críticas construtivas. E tem os que fazem críticas destrutivas, querendo atrapalhar, mas a esses não damos ouvidos. Eu e Johnny chegamos aqui cedo, por volta das 6h30 e saímos por volta da meia-noite. Mas, com enorme prazer de estar administrando uma cidade linda — que é um canhão, no qual falta apenas acender um pavio para ela voar e atingir o patamar que ela merece.

O que o surpreendeu, negativa ou positivamente, no Executivo?

As burocracias. No setor privado você resolve tudo imediatamente. Mas aqui as coisas passam por processos, a maioria das pessoas não sabe, como eu também não sabia. Conhecia a necessidade de processo mas não sabia que demorava tanto tempo. Então, muitas vezes a gente cobra achando que vai ser rápido e por causa de prazos, as coisas são mais demoradas. Tudo tem seu tempo. Entendemos e vamos aprendendo, com a rapidez possível para colocar a cidade nos trilhos. Pelo lado positivo, o que mais me surpreendeu foi encontrar tantos servidores com o mesmo pensamento da gente, para que a cidade dê certo. Até me emociona quando um servidor fala que está junto para fazer a cidade melhor. Isso foi muito gratificante para mim e para o Johnny. Eu espero que os servidores e população joguem juntos nessa empreitada. Podem ter certeza que temos esse sentimento carinhoso com a cidade, para poder divulgar Friburgo para o Brasil e para o mundo. 

Qual a sua expectativa com a cidade daqui a quatro anos?

A nossa meta é deixar os seguintes legados: o hospital Raul Sertã funcionando como uma referência, nem que tenhamos de estar praticamente todos os dias lá; conseguir com o governo do Estado o término do Hospital do Câncer, no nosso mandato, e entrar para a história como a melhor administração que Nova Friburgo já teve; e com o setor de Esportes, funcionando. Neste começo sofremos muitos ataques, pedradas de pessoas que não agregam nada para a cidade, a verdade é essa. Mas, tenho certeza de que nestes primeiros 30 dias, boa parte da população entendeu como é o nosso jeito de governar, com dedicação. Quando encerrarmos o nosso mandato, daqui a quatro anos, deixaremos uma cidade organizada, em todos os sentidos. Daí, saíremos recompensados e felizes. 

Gostaria de mandar uma mensagem para o friburguense?

Antes de mais nada, é o seguinte: é comum, quanto acaba a campanha política, as pessoas continuarem com comportamento de adversário. Não pode ser assim. A partir do momento em que a campanha acaba, todos deveriam pensar em ajudar quem foi eleito, pensar num objetivo comum. Em vez de ficar puxando para trás, fazendo críticas destrutivas que não levam a nada, seria melhor chegar e nos ajudar com ideias, pois o nosso governo está de portas abertas para a população, independente de quem votou ou não na gente. Temos a responsabilidade de colocar a cidade onde ela merece, cuidar de todo o município, sem selecionar bairros nem distritos. Devemos ir do norte ao sul levando os mesmos serviços para todos. Então, minha mensagem é: unidos por uma cidade melhor. Vamos ter pensamento positivo, focar no que vai dar certo. Temos quatro anos pela frente para trabalhar, para colocar a cidade nos eixos, e queremos a população junto conosco. Que tenhamos um ano abençoado e que possamos resolver os grandes problemas da cidade com a ajuda de todos.

 

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