Os efeitos da pandemia estão indo além das implicações econômicas e já afetam também o ânimo das pessoas. É o que comprova um levantamento do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ), núcleo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio) com 436 consumidores fluminenses. Pelo menos, 72,7% dos trabalhadores entrevistados estão, de alguma forma, com medo de perder seus empregos. A sondagem também quis saber a expectativa em relação à retomada da economia no Estado do Rio de Janeiro: 58% dos consumidores se dizem pessimistas, contra 32,3% que estão confiantes ou muito confiantes. Com relação à economia nacional, 48,4% dos pesquisados demonstram estar descrentes, mas 44,7% permanecem confiantes.
O estudo também mostra que aproximadamente 55,5% dos fluminenses estão com receio de ter sua renda familiar ainda mais reduzida por conta dos efeitos econômicos da pandemia. Já para 28,9% dos pesquisados, a renda vai se manter como está e, outros 13,1%, acreditam que vai até aumentar.
Maiores despesas do mês
O IFec-RJ ainda perguntou aos trabalhadores do Estado do Rio quais despesas se tornariam maiores em julho relativamente ao mês anterior. O grupo de alimentos e bebidas liderou o ranking com 77,8%, seguidos por luz elétrica, gás e água (55,5%); produtos farmacêuticos (42,7%); produtos de higiene pessoal (42,4%); produtos de limpeza (40,8%); internet de celular (14,2%); e produtos eletrônicos (9,6%).
Ítalo Schumacker exercia a função de auxiliar administrativo em uma empresa no ramo de e-commerce em Nova Friburgo até dezembro do ano passado. Após cinco meses desempregado, foi contratado para exercer a mesma função em outra empresa do ramo, mas ficou apenas um mês. Atualmente, Ítalo está empregado em outra empresa de e-commerce, exercendo a mesma função de auxiliar administrativo.
Ciente da dificuldade do momento e de já ter experimentado a incerteza da manutenção do emprego durante a pandemia, Ítalo se mostra apreensivo pelo momento de instabilidade. “O medo de ser demitido sempre te acompanha quando você tem seus objetivos e projetos e precisa do dinheiro que vem do seu trabalho. Então, essa insegurança sempre irá existir, mas sempre dou o meu melhor e procuro evoluir no trabalho”, disse.
Déficit de empregos
A economia brasileira fechou 1,19 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre de 2020, informou o Ministério da Economia esta semana. Os números fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O saldo é a diferença entre as contratações e as demissões. No semestre foram registrados 7,9 milhões de desligamentos e 6,7 milhões de novas admissões. O setor de serviços foi o que mais fechou vagas no primeiro semestre de 2020: 507.708 no total. Logo depois, destaca-se o setor de comércio, com 474.511 vagas a menos. A construção teve 32.092 vagas fechadas.
Apesar de estarem otimistas de que o pior já passou os membros da equipe econômica do Governo Federal preveem mais demissões quando o programa de suspensão e redução de contratos de trabalho terminar, o que para muitas empresas já acontecerá em agosto.
Para o IBGE, desemprego estável
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) adiou para o próximo dia 6 a divulgação dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) referente ao trimestre de abril a junho. A última pesquisa divulgada apontou um desemprego de 12,9% no trimestre encerrado em maio, atingindo 12,7 milhões de pessoas, com um fechamento de 7,8 milhões de postos de trabalho em relação ao trimestre anterior.
O IBGE também tem divulgado, semanalmente, dados de desemprego relacionados à pandemia de Covid-19. Na última sexta-feira, 24, a pesquisa apontou que, entre os dias 28 de junho e 4 de julho, havia no país 11,5 milhões de pessoas desocupadas - na semana anterior, eram 12,4 milhões. Com isso, o desemprego ficou estatisticamente estável, em 12,3%. A população fora da força de trabalho, no entanto, teve alta: passou de 75,1 milhões para 76,8 milhões.
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