“Não existem ainda testes 100% confiáveis”, diz infectologista

Nos últimos dois meses, mais de 150 tipos foram disponibilizados no mundo
sexta-feira, 08 de maio de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
A infectologista Délia Engel (Arquivo AVS)
A infectologista Délia Engel (Arquivo AVS)

Atualmente, há uma série de testes disponíveis para diagnosticar se uma pessoa tem ou não o coronavírus. Segundo a infectologista Délia Engel, são mais de 150 opções disponibilizados no mundo, em apenas dois meses. “Não só por fabricantes diferentes, mas por técnicas diferentes também”, disse a infectologista que considerou importante a validação desses exames antes de serem colocados em prática e disseminar a interpretação do resultado no próprio meio médico para unificação da interpretação.

Segundo a dra. Délia, existem testes chamados moleculares, que pesquisam o RNA do vírus ou parte dele nas secreções nasais, orais, escarro, por exemplo, e existem os chamados testes sorológicos, que são feitos no sangue. Ainda segundo ela, todos os testes dependem não só da qualidade dos mesmos, como da expertise na realização e coleta.

“Todos esses fatores vão interferir nos resultados. Os chamados testes por PCR, que procuram o vírus ou parte dele devem ser coletados após treinamento do profissional e colaboração do paciente para que o material possa ser analisado de forma correta”, disse.

O ideal, informou a infectologista, é que o material seja colhido a partir do quarto dia de doença. “Sabemos que (o vírus) pode permanecer positivo até muito depois do paciente não ter mais qualquer sintoma sem que saibamos o real significado disso; ou seja, não sabemos através desse teste se o paciente permanecendo positivo, ainda pode contaminar outra pessoa pois pode se tratar de um pedaço do vírus sem poder de replicação. Isso está em estudo em laboratórios de pesquisa. Existem os testes sorológicos realizados através do sangue, que podem ser feitos com resultado rápido, em cerca de 20 minutos, ou nos laboratórios com técnica convencional de procura de anticorpos como fazemos para inúmeras outras doenças virais”, explicou.

A doutora explica que a como a Covid-19 é uma doença nova, ainda se tem muitas dúvidas. “Alguns desses testes detectam anticorpos IgM e IgG , por exemplo. Muitos só começam a positivar após o oitavo dia de doença, outros ficam mais sensíveis após 12 dias. Assim, se um paciente tem o resultado negativo no nono dia de doença , isso pode ser o que chamamos de falso negativo, que por questões de sensibilidade do teste, irá positivar posteriormente. Da mesma forma, ainda não sabemos hoje , qual o grau de proteção desses anticorpos.”

De acordo com dra. Délia, é necessária a avaliação de cada caso por um profissional de saúde. Ela dá como exemplo um teste rápido cujo resultado mostra-se positivo. “Isso não significa que o paciente já está curado e não apresenta mais risco de contaminar outra pessoa. Esse paciente não poderá ser liberado do isolamento baseado só nesse teste. Fazendo uma analogia com outras doenças virais, como febre amarela, HIV e o sarampo, a presença de anticorpos demonstra que a pessoa entrou em contato com o vírus, não significando proteção”, explicou a médica. 

Em relação ao Covid-19, os testes não indicam que a presença dos anticorpos significa que a pessoa está imune e, se estiver, por quanto tempo. “Essa é uma das situações para as quais ainda não temos resposta”, disse. “Não existem ainda testes 100% confiáveis porque a análise do resultado tem que ser feito de acordo com a situação específica de cada paciente. A partir do 14º dia de doença, a chance do teste sorológico ser positivo é maior. Já o teste de coleta de material nasal ou de secreções naso/faringeas/pulmonares apresentam maior chance de positividade se  colhidas entre o terceiro e quarto dia de sintomas”, explicou.

 

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