O premiado filme brasileiro “Macabro” estreou nesta terça-feira, 29, em diversas plataformas digitais. Dirigido por Marcos Prado, o filme foi inspirado na história dos irmãos necrófilos, em um dos casos reais mais assustadores do país, ocorrido em Nova Friburgo-RJ. Nele também são abordados temas como racismo, violência policial e feminicídio. Premiado no Brooklyn Film Festival, o filme brasileiro está disponível nas plataformas Net Now, VivoPlay, Looke, Itunes, Microsoft e GooglePlay.
Sobre o filme
A produção é inspirada na história real de Ibrahim e Henrique de Oliveira, os “Irmãos Necrófilos”, que nos anos 1990 foram acusados de brutais assassinatos de oito mulheres, um homem e uma criança, na Serra dos Órgãos, em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro. O filme teve estreia nacional durante a 42ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, foi exibido no Festival Internacional de Cinema do Rio, e sua estreia internacional foi na competição oficial do Festival de Austin, no Texas, sendo premiado como melhor filme na categoria “Dark Matters”, do Austin Film Festival.
Os crimes narrados no filme foram amplamente noticiados na mídia nos anos 90, quando assassinatos em série cometidos por dois jovens irmãos negros, seguido de estupro, estavam acontecendo na região serrana, envoltos em lendas e histórias sobrenaturais, contadas pelos próprios moradores - uma comunidade de imigrantes suíços, extremamente religiosa e conservadora.
A captura dos irmãos necrófilos foi uma das missões mais longas e difíceis da história do Bope. O filme adota esse ponto de vista, ao acompanhar o sargento Teo (Renato Góes), um jovem policial que nasceu na região e passa por uma crise profissional e ética quando é designado para voltar à sua cidade natal na busca pelos suspeitos, então escondidos na Mata Atlântica.
As dúvidas
A ideia de fazer “Macabro” surgiu em 2009, quando o diretor teve acesso a detalhes sobre o caso. Nessa época, Prado foi procurado pelo advogado de Henrique, um dos irmãos que se encontrava preso, alegando que ele havia sido condenado injustamente – que não haviam provas contra Henrique, e que ele não havia participado dos crimes com o irmão Ibrahim.
Como ter certeza de que Henrique havia ou não participado dos crimes? Como construir uma narrativa em que deixasse essa suspeita sem solução? Quais seriam as motivações para esses crimes tão bárbaros? Porque a maioria dos crimes foram feminicídios?
“O que mais me chamou atenção nessa história, além das barbaridades dos crimes em série cometidos pelos irmãos e as lendas criadas pelos locais, é que talvez Henrique tenha sido condenado injustamente a 49 anos de prisão. Eram muitas perguntas sem respostas e uma porção de camadas a serem exploradas”, comenta Prado, diretor de “Paraísos Artificiais”, “Estamira” e “Curumim”, e produtor dos filmes “Tropa de Elite 1 e 2”.
Bruta realidade
O roteiro de Macabro, escrito por Lucas Paraizo e Rita Gloria Curvo, é fruto de uma extensa pesquisa por parte dos roteiristas e do próprio diretor, em fóruns, processos, autos de julgamentos, entrevistas com moradores da região e com o próprio acusado, Henrique de Oliveira.
O filme foi rodado numa região próxima onde os crimes aconteceram e que até hoje está na memória e no imaginário de quem vive naquela localidade. Mas, também fala sobre o racismo cotidiano de dois garotos, que viveram em um ambiente de constante violência doméstica, cresceram violentados, autossuficientes e que tiveram que aprender a viver na floresta, para fugir da bruta realidade a qual eram expostos pela própria família e pela comunidade onde nasceram.
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