No dia 10 de fevereiro, 50 dias após as fortes chuvas do final do ano passado, um micro-ônibus foi colocado à disposição dos moradores do Loteamento Tiradentes, no distrito de Amparo, pela empresa de ônibus Faol. O sistema de baldeação estava previsto para funcionar até que a obra de recuperação da Rua Jerônimo de Castro, na altura da conhecida Curva da Morte, fosse finalizada.
Na época, o serviço foi uma conquista da mobilização popular em conjunto com o Coletivo Vozes do Tiradentes, da Associação de Moradores de Amparo e do Núcleo Comunitário de Proteção e Defesa Civil do distrito. Segundo Gorete Reis, presidente em exercício da associação de moradores (Assaman), em entrevista naquele dia, havia uma insatisfação da população local por conta da intranquilidade com relação ao transporte. De acordo com ela, a chegada do micro-ônibus foi o primeiro passo.
O serviço durou pouco mais de dois meses, informaram os moradores do Loteamento Tiradentes à nossa reportagem, esta semana. Por conta da pandemia, o ônibus parou de circular e os moradores reviveram o drama da falta de transporte na localidade. Evandro Rocha, membro do Coletivo Vozes do Tiradentes, escreveu nas redes sociais que Loteamento Tiradentes e o Alto do Schuenck pedem socorro. “Os moradores estão sem ônibus há dois meses. No caso do loteamento, a falta de normalização dos horários já dura 150 dias. Os ofícios da Assamam que foram encaminhados ao prefeito Renato Bravo, Ouvidoria e Faol não foram atendidos. A história do amigo Antônio, em tratamento de hemodiálise, representa as dificuldades de todo o distrito”, escreveu ao usar como exemplo um caso que tem comovido o distrito de Amparo.
“Faço hemodiálise há dois anos e meio. Eu não tenho condições de subir um morro a pé às 22h, depois de quatro horas de diálise. Além de mim que sou paciente crônico temos idosos, pessoas com outras deficiências que precisam subir a pé tarde da noite. No meu caso, o micro-ônibus já não atendia tanto, porque o último horário era às 20h, sendo que eu chego às 22h por conta do procedimento. Já era para esse horário ter sido ampliado porque temos trabalhadores que chegam mais tarde, assim como eu. É uma injustiça com a população do Tiradentes. É covardia o que estão fazendo conosco”, desabafou Antônio Luiz Marques. Evandro confirmou à nossa reportagem que o local onde a pista cedeu ainda não recebeu as obras de reparo.
Nova vistoria
A presidente em exercício da Assaman enviou um comunicado aos moradores sobre a promessa de uma vistoria da Defesa Civil na curva da morte. “Com a redução dos horários devido a pandemia, a Defesa Civil prometeu que faria uma nova vistoria na semana passada para estudar a possibilidade de autorizar a passagem do ônibus pela rua Jerônimo de Castro e Souza que continua em meia pista”. Segundo Evandro, nesta quinta-feira, 28, estava prevista uma reunião por videoconferência dos representantes do Loteamento Tiradentes e do Alto do Schuenck com o presidente da Câmara de Vereadores, Alexandre Cruz, para tentar solucionar o impasse.
O que dizem a empresa de ônibus e a prefeitura
Segundo o diretor da Friburgo Auto Ônibus (Faol), Paulo Valente, “no caso específico do loteamento Tiradentes, o micro ônibus que operava para atender basicamente aos estudantes, por conta da queda de uma encosta, foi retirado pelo fato dos estudantes estarem sem aulas, sendo deslocado para atender outra região, onde há maior demanda”.
Já a prefeitura informou que uma equipe da Defesa Civil esteve no local e constatou que o risco de deslizamento ainda permanece. Inclusive, uma placa alertando a população sobre situação de risco foi instalada pelo órgão, mas, pouco tempo depois, foi constatado que ela havia sido quebrada e retirada.
A prefeitura informou ainda que aguarda envio de recursos do Governo Federal para reconstrução da via, baseado no decreto de situação de emergência reconhecido pela União, em virtude das chuvas do início do ano.
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