Liberdade de imprensa, democracia e equívocos de compreensão

Artigo de Jorge Maroun
sábado, 06 de junho de 2020
por Jorge Maroun*, especial para A VOZ DA SERRA
Liberdade de imprensa, democracia e equívocos de compreensão

As recentes manifestações contra a Democracia impetradas em frente ao Supremo Tribunal Federal e em várias cidades pelo país, mesmo que algumas com poucos participantes, merecem uma reflexão sobre o papel das instituições democráticas e da liberdade de expressão.

Primeiramente, quem faz este tipo de apologia parece confundir Democracia e economia, como se fossem a mesma coisa em afirmações generalizantes como “na ditadura havia mais fartura”, desconsiderando tratarem-se de coisas diferentes.

Outro ponto de análise importante é entender que os defensores de uma ditadura no país o fazem acreditando que o atual governante representa seus anseios e valores. Uma ditadura significa o fim das liberdades e da livre iniciativa. Hoje, você pode apoiar um governante, mas amanhã, se o comandante mudar e você, caro leitor, passar a discordar de seus atos não poderá mais manifestar-se contra o governo. Então, a ditadura, que parece o oásis da opinião única hoje, passará a ser um campo de censura e intimidação que silenciará sua fala. Aí terá de ir as ruas lutar por Democracia.

Outro equívoco deste tipo de visão é entender a imprensa como problema, e não como um player do jogo democrático. Interessante notar que vivemos uma era de extremos no nosso país, no qual muitos só desejam ouvir os pensamentos daqueles que estão coadunados com os seus, não abrindo espaço ao contraditório. Negar a ciência, as instituições, o saber do cotidiano, tudo pode ser feito em nome de uma ideologia cega que entende ser o outro um inimigo, não um brasileiro que, no campo político-ideológico, pode estar do outro lado.

Os veículos de comunicação mais importantes sofrem no Brasil por não se curvarem a um grupo político, mas por poderem manifestar – seja no noticiário, seja no jornalismo opinativo – reflexões que não servem a um grupo ou outro apenas, são plurais. A imprensa livre permite multiplicidade de falas e, por conseguinte, é um player importante na democracia.

Nos meios de comunicação, como em qualquer atividade profissional, pode haver pessoas que ultrapassem limites. Neste caso, basta utilizar os mecanismos trabalhistas e legais para que deixem tal atividade ou respondam por excessos. Entretanto, entender ser positivo que um candidato a um cargo eletivo prefira falar em redes sociais, respondendo perguntas que a ele são convenientes, sem querer ouvir o contraditório, parece um caminho cômodo que os proponentes a cargos públicos parecem caminhar no Brasil, evitando as perguntas indesejáveis feitas por uma imprensa livre, não pautada por seus interesses eleitoreiros ou de poder.

Por fim, vale lembrar que nas casas legislativas estão homens e mulheres escolhidos pelo povo. Se não são os melhores, cabe a população modificar – nas urnas – sua composição e, durante o mandato, acompanhar suas ações. Neste sentido mais uma vez a imprensa é importante, seja nos noticiários tradicionais, seja pelas imagens da TV Câmara, TV Senado e das assembleias estaduais e municipais. Liberdade aos juristas, ao Legislativo, à imprensa, às instituições e a todos nós.

Sejamos um povo livre, capaz de decidir seu destino em embates políticos e ideológicos que ajudem a construir uma nação cada vez mais forte e democrática. O discurso único apenas empobrece nosso país.

* Jorge Maroun é professor e coordenador do curso de Jornalismo da Estácio de Nova Friburgo.

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TAGS: imprensa