O menino tem só uma perna, vive com um cachimbo na boca, usa um gorro vermelho, vive aprontando, e tem até data comemorativa: 31 de outubro, criada justamente para contrapor o Halloween. Outras figuras são um jacaré gigante que atormenta as crianças, e uma mula que expele fogo pelo pescoço. Conhecem esses estranhos personagens? Pois eles fazem parte do riquíssimo folclore brasileiro.
Algumas histórias desses mitos e lendas variam de acordo com as diferentes regiões do Brasil. Isto porque cada personagem folclórico possui sua própria história e características diferentes. Se você não conhece todos, pelo menos já ouviu falar de alguns. Confere aí:
Saci-Pererê
Há quem diga que ele é criação dos povos indígenas da região das Missões, no sul do país. Verdade ou não, o fato é que o menino negro de uma perna só e gorro vermelho é uma das figuras mais conhecidas do folclore brasileiro. Saci está sempre com seu cachimbo, pulando pra lá e pra cá ou voando em um redemoinho. Seu passatempo é pregar peças nas pessoas.
Brincalhão, ele adora, entre outras travessuras, esconder objetos (que dificilmente são encontrados novamente) ou confundir as pessoas e fazer com que se percam. E gosta muito de pregar peças em animais e pessoas, como trançar os rabos dos cavalos e das mulas. Esse menino dá um trabalho danado!
Cuca
Quem nunca ficou com medo de ser raptado ao ouvir a cantiga “Nana neném que a Cuca vem pegar…”?
Sua lenda surgiu na Península Ibérica, onde ficam Espanha e Portugal. Lá ela era chamada de “Coca” e tinha a forma de um dragão. Acredita-se que essa história tenha viajado até o Brasil na época da colonização portuguesa. Mas fama, mesmo, ela só ganhou muitos anos depois, nas histórias do Sítio do Pica Pau Amarelo, de Monteiro Lobato. Associada ao bicho papão, a figura da Cuca é usada para fazer medo às crianças que não obedecem seus pais e não querem dormir.
Curupira
Defensor da natureza, o Curupira vive nas matas brasileiras, espantando quem quer destruir as matas. Para cumprir sua missão, a criatura de cabelos vermelhos e pés virados para trás emite sons e assovios que dão medo. É muito difícil encontrá-lo, pois, quando anda, suas pegadas vão marcando o caminho contrário que ele está fazendo.
Mula sem cabeça
Imagine uma mula — uma cria de jumento com égua — que, no lugar da cabeça, tem uma chama fortíssima. É a mula sem cabeça. A lenda explica a sua origem assim: trata-se de uma mulher que foi amaldiçoada por namorar um padre. Nas noites de quinta para sexta-feira, ela se transforma no animal e sai galopando na escuridão, assustando quem a encontra pelo caminho.
Boto
A lenda do boto tem origem na região Amazônica, onde é comum encontrar botos (mamíferos aquáticos parentes dos golfinhos) nos rios e igarapés. Dizem que, nas noites de festa junina, na Amazônia, o boto sai do rio e transforma-se em um homem belo e atraente. Ele seduz as mulheres, as leva para o fundo do rio e as engravida.
Negrinho do Pastoreio
Depois de ter sido injustamente acusado de perder um dos cavalos do seu senhor, um menino escravizado teve que voltar ao pasto para recuperar o animal. Como não o encontrou, o patrão o fez passar a noite dentro de um formigueiro. No dia seguinte, o garoto estava livre, sem nenhum ferimento e montado no cavalo baio que havia sumido. Pela lenda, foi um milagre que o salvou. O Negrinho do Pastoreio é uma lenda típica da região Sul e o menino é considerado o protetor das pessoas que perdem algo.
Iara ou Mãe d’água
A Iara lembra muito as sereias que aparecem nas lendas de outros países. Da cintura para baixo, é peixe. Da cintura para cima, é uma mulher lindíssima, de longos cabelos, que canta e se penteia à luz da lua nos bancos dos rios. Dizem que ela atrai os homens para os rios e os afoga.
Boitatá ou cobra-de-fogo
A lenda do boitatá pode mudar bastante de um estado para o outro. Mas a descrição mais comum é de uma cobra enorme, com grandes olhos brilhantes e o corpo envolto em chamas. No sul do Brasil, contam que houve um grande dilúvio e que só uma cobra, que dormia em sua toca, escapou com vida. Quando acordou e saiu, a cobra deparou-se com os bichos mortos. Feliz, tratou de comer sua parte preferida: os olhos deles. No entanto, quanto mais comia, mais se enfraquecia — os olhos não eram nutritivos o suficiente para deixá-la saudável. Acabou morrendo e virou uma cobra que ilumina as noites da mata com o brilho de milhares de olhos.
Matinta Pereira
Esta é mais uma lenda que varia de acordo com a região do Brasil. De um modo geral, a Matinta é descrita como uma velha bruxa que, de noite, se transforma em um pássaro agourento (isto é, que anuncia más notícias). Ela se instala no telhado das casas e pia bem alto até que seus moradores digam, em voz alta, que ela passe no dia seguinte para ganhar fumo, comida ou bebida.
De dia, já em sua forma humana, a velha senhora volta para cobrar as promessas. Se não receber o que foi ofertado, ela amaldiçoa os moradores. Em alguns lugares do Brasil, a Matinta não vira pássaro — em vez disso, ela tem um, de estimação, conhecido como Rasga-Mortalha.
Caipora
Essa criatura fantástica é comumente confundida com o Curupira por também ser protetora dos animais e guardiã da floresta. Há quem a descreva como uma mulher indígena baixinha, de cabelos vermelhos e orelhas pontudas. Outros dizem que é um homem peludo, também baixinho. Armada com um bastão na mão, a Caipora percorre a floresta montada em um enorme porco do mato.
(Fonte: plenarinho.leg.br)
Deixe o seu comentário