Cogumelos psicodélicos reduzem depressão

Estudo testou uma substância para tratar transtornos mentais de pacientes com câncer
sexta-feira, 11 de julho de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)
Nos últimos anos, vários estudos têm mostrado que a psilocibina, uma substância psicodélica presente em cogumelos “mágicos”, pode ajudar no tratamento da depressão. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descobriram que o ingrediente pode ser até mais eficaz do que alguns antidepressivos tradicionais.

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Uma única dose de psilocibina, o composto psicoativo dos cogumelos mágicos, pode proporcionar reduções sustentadas da depressão e da ansiedade em indivíduos com câncer e transtorno depressivo. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista científica Cancer.

Pessoas com câncer frequentemente sofrem de depressão. Neste estudo de fase 2,28 pacientes com câncer e transtorno depressivo maior receberam apoio psicológico de um terapeuta antes, durante e após uma dose única de 25mg de psilocibina.

Durante entrevistas clínicas realizadas dois anos depois, 15 (53,6%) pacientes demonstraram redução significativa da depressão e 14 (50%) apresentaram redução sustentada da depressão, bem como remissão. Da mesma forma, a psilocibina reduziu a ansiedade em 12 (42,9%) pacientes em dois anos.

Um estudo randomizado e duplo-cego em andamento está avaliando até duas doses de 25 mg de psilocibina versus placebo como tratamento para depressão e ansiedade em pacientes com câncer. Esse estudo se baseia em outro de dose única, em um esforço para levar uma maioria mais expressiva de pacientes à remissão da depressão e da ansiedade.

“Uma dose de psilocibina com apoio psicológico para tratar a depressão tem um impacto positivo a longo prazo no alívio da depressão por até dois anos em uma parcela substancial de pacientes com câncer, e estamos investigando se a repetição do tratamento resolve a depressão em mais da metade dos pacientes”, diz o médico Manish Agrawal, autor principal do estudo, da Sunstone Therapies. “Se testes randomizados mostrarem resultados semelhantes, isso poderá levar a um maior uso de psilocibina para tratar a depressão em pacientes com câncer”. 

Cientistas da Universidade Washington de St. Louis, nos Estados Unidos, conseguiram identificar aspectos cruciais do mecanismo de ação da psilocibina, ajudando a explicar como ela provoca alucinações e por que ela tem se mostrado promissora em tratar depressão.

O efeito da psilocibina na percepção do ambiente ao redor já era bem documentado pela psicologia, e o efeito físico da substância em neurônios, as células do cérebro, também é bem demonstrado em experimentos com cobaias. Entretanto, a maneira como a psilocibina é administrada a humanos afeta as sinapses, as conexões entre neurônios, e desafia a ciência. 

Filme psicodélico 

Em artigo publicado na revista científica Nature, os autores relatam como usaram aparelhos de ressonância magnética funcional (que “filmam” o cérebro em ação) para observar sete indivíduos antes e durante a administração de uma dose alta de psilocibina (25 mg). 

Os resultados mostraram que a droga age perturbando as conexões entre a “rede de modo padrão”, um conjunto de áreas do córtex (a superfície do cérebro), que estão distantes entre si, mas atuam em conjunto. Essa malha de neurônios normalmente é associada ao modo “introspectivo” do cérebro, que opera quando estamos divagando, sem executar uma tarefa específica.

A rede do modo padrão, por sua vez, está ligada ao hipocampo, o centro das emoções no cérebro, com o qual ela administra nossa sensação de espaço, tempo e self (a consciência do “eu” no indivíduo). De acordo com os autores da pesquisa, o padrão cerebral de perturbação causado pela psilocibina está em sintonia com o que se sabe sobre a droga provocar “distorções no espaço-tempo” e “dissolução do ego” na mente humana.

O estudo descreve que a psilocibina “tira de sincronia” as áreas cerebrais que, durante a vigília, atuam paralelamente. Para o cérebro como um todo, esse descolamento ocorreu só durante o período em que os voluntários estavam “viajando” com a ação da substância, mas na rede de modo padrão ele durou por dias ou semanas, ainda que de forma mais tênue. Segundo os cientistas, isso explica os efeitos de longo prazo da droga, sejam eles terapêuticos ou não.

Nova Zelândia aprova uso terapêutico da psilocibina

O Ministério da Saúde da Nova Zelândia aprovou o uso medicinal da psilocibina, o alucinógeno encontrado nos “cogumelos mágicos”, para tratar alguns casos de depressão. O aval é o mais recente impulso a um movimento global crescente para estudar e utilizar psicodélicos como a psilocibina e o MDMA — por muito tempo relegados às margens da psiquiatria — no tratamento da depressão, transtorno de estresse pós-traumático e dependência química.

O psiquiatra Cameron Lacey, que passou anos estudando como os psicodélicos podem ajudar a tratar a depressão e outros transtornos do humor, é o primeiro, e por enquanto único, profissional a ser autorizado a prescrever a substância.

Lacey foi escolhido por sua ampla experiência no uso seguro da psilocibina para tratamento psiquiátrico durante ensaios clínicos, segundo o Ministério da Saúde. Ele conta que, em 2021, começou a considerar testes com o psicodélico depois de perceber que muitos de seus pacientes não respondiam aos medicamentos antidepressivos. (Mais informações em https://www.infomoney.com.br/saude).

(Fonte: O Globo)

 

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