IBGE divulga dados de levantamento nacional sobre a pandemia

Pesquisa também está sendo realizada em Friburgo. Ao todo, 163 domicílios foram contatados e ouvidos 489 moradores
terça-feira, 23 de junho de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Percentual de pessoas com algum sintoma associado à síndrome gripal e que procuraram estabelecimento de saúde, por tipo de estabelecimento – Brasil
Percentual de pessoas com algum sintoma associado à síndrome gripal e que procuraram estabelecimento de saúde, por tipo de estabelecimento – Brasil

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os primeiros resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19, iniciada em 4 de maio, com entrevistas realizadas por telefone em, aproximadamente, 48 mil domicílios por semana, totalizando cerca de 193 mil domicílios por mês, em todo o Brasil. A amostra é fixa, ou seja, os domicílios entrevistados no primeiro mês de coleta de dados permanecerão na amostra nos meses subsequentes, até o fim da pesquisa.

Em Nova Friburgo, cinco pessoas trabalham exclusivamente nesta pesquisa para o IBGE que está pesquisando 163 domicílios no município. Multiplicando pela média de pessoas por domicílio, aproximadamente 489 pessoas estão sendo ouvidas. Os domicílios são de bairros variados, inclusive alguns na zona rural. “Iniciamos este levantamento em maio e a cada mês retornamos as ligações para os mesmos domicílios para saber a incidência ou não de sintomas. Ou seja, faremos três contatos com as mesmas pessoas. A princípio este levantamento vai até julho, mas vai depender da evolução da pandemia”, esclareceu Vinicios Abreu da Silva, coordenador do IBGE em Nova Friburgo.

O questionário tem duas partes, uma direcionada a questões de saúde - especificamente sobre sintomas associados à síndrome gripal - e outra a questões de trabalho. Nas questões de saúde, investiga-se a ocorrência de alguns dos principais sintomas da Covid-19 no período de referência da pesquisa, considerando-se todos os moradores do domicílio. Para aqueles que apresentaram algum sintoma, perguntam-se quais as providências tomadas para alívio dos sintomas; se buscaram por atendimento médico devido a esses sintomas; e o tipo de estabelecimento de saúde procurado. 

Nas questões de trabalho, a população é classificada por idade nas categorias: ocupados, desocupados e pessoas fora da força de trabalho. Investiga-se, ainda a ocupação e atividade; afastamento do trabalho e o motivo do afastamento; exercício de trabalho remoto; busca por trabalho; motivo por não ter procurado trabalho; horas semanais efetivamente e habitualmente trabalhadas; assim como o rendimento efetivo e habitual do trabalho.

Visando ainda compor o rendimento domiciliar, pergunta-se se algum morador recebeu outros rendimentos não oriundos do trabalho, tais como: aposentadoria, BPC-Loas, Bolsa Família, algum auxílio emergencial relacionado à Covid, seguro desemprego, aluguel e outros. Cabe ressaltar que a PNAD Covid-19 é uma pesquisa com instrumento dinâmico de coleta das informações; portanto, o questionário está sujeito a alterações ao longo do período de sua aplicação.

Sintomas de síndrome gripal

Na semana entre 24 e 30 de maio, a PNAD Covid-19 do IBGE estimou que 22,1 milhões de pessoas (ou 10,5% da população) apresentavam pelo menos um dos 12 sintomas associados à síndrome gripal (febre, tosse, dor de garganta, dificuldade para respirar, dor de cabeça, dor no peito, náusea, nariz entupido ou escorrendo, fadiga, dor nos olhos, perda de olfato ou paladar e dor muscular) que são investigados pela pesquisa. Esse contingente ficou estatisticamente estável frente à semana anterior (22,7 milhões ou 10,8% da população), mas diminuiu comparado às semanas de 10 e 16 de maio (24,7 milhões ou 11,7 %) e de 3 a 9 de maio (26,8 milhões ou 12,7%).

Cerca de 16,4% daqueles que apresentaram sintomas (ou 3,6 milhões de pessoas) procuraram estabelecimento de saúde em busca de atendimento (postos de saúde, UPAs, hospitais). Esse contingente ficou estatisticamente estável em relação à semana anterior (3,8 milhões ou 16,9%) e, também, frente às semanas de 10 a 16 de maio (3,9 milhões ou 15,8%) e de 3 a 9 de maio (3,7 milhões ou 13,7%). Mais de 80% destes atendimentos foram na rede pública de saúde.

Cerca de 1,1 milhão de pessoas procuraram atendimento em hospital, público ou particular, na semana de 24 a 30 de maio. Entre elas, 127 mil (11,7%) foram internadas. Entre as pessoas que apresentaram sintomas, mas não foram a um estabelecimento de saúde, 82,4% optaram por ficar em casa e 58,6% compraram ou tomaram remédio por conta própria. Apenas 4,8% ligaram para algum profissional de saúde e 13,3% compraram ou tomaram remédio por orientação médica.

Percentual de pessoas com algum sintoma da síndrome gripal que procuraram estabelecimento de saúde – Brasil:

Mercado de trabalho

A pesquisa revela ainda que cerca de 17,7 milhões de pessoas não conseguiram procurar emprego na última semana de maio por causa da pandemia ou por falta de oportunidade na região em que vivem. Nesse mesmo período, outros 10,9 milhões estavam desempregados e buscaram uma ocupação, mas não encontraram. Com isso, o país alcançou a marca de 28,6 milhões de pessoas que queriam um emprego, mas enfrentaram dificuldades para se inserir no mercado de trabalho, seja por falta de vagas ou receio de contrair o coronavírus.

Em maio, o IBGE estima que 84,4 milhões de pessoas estavam ocupadas no país, embora 169,9 milhões estivessem em idade para trabalhar. Isso significa que menos da metade (49,7%) estava trabalhando no mês passado. A pesquisa mostra também que o país somava 29,1 milhões de trabalhadores na informalidade. Esse contingente, porém, caiu ao longo do mês. Na primeira semana de maio, a taxa de informalidade foi de 35,7%. Já na quarta, ela havia recuado para 34,5%, com a redução de 870 mil postos de trabalho informais em relação ao início do mês.

Situação do mercado de trabalho na pandemia da Covid-19 – na última semana de maio:

 

Como é feita a pesquisa

Em virtude da necessidade de isolamento social, o IBGE se adequou para que todos os funcionários possam realizar seus trabalhos remotamente. É importante que a sociedade entenda a relevância da continuidade da produção das informações e atenda o IBGE pelo telefone para garantir que as informações que o país precisa continuem sendo produzidas. As entrevistas duram, aproximadamente, dez minutos e os moradores que receberem o telefonema podem confirmar a identidade dos agentes de coleta por meio do site Respondendo ao IBGE ou do telefone 0800-721-8181, e informar matrícula, RG ou CPF do entrevistador.

 

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