De acordo com o boletim atualizado da Prefeitura de Nova Friburgo, já são 46 os pacientes curados do coronavírus no município. No entanto, ainda existem muitas dúvidas a respeito da doença que já matou milhares de pessoas no Brasil e em Friburgo já é responsável por 13 óbitos. Há divergências a respeito de medicamentos usados no combate a doença e muitos estudos inconclusivos sobre a melhor forma de lidar com o vírus. Há no momento poucas certezas e muitas dúvidas. Para isso, a comunidade médica do mundo inteiro tem estado em constante comunicação para troca de ideias e experimentos.
Apesar do cenário incerto, alguns medicamentos têm sido utilizados na recuperação dos pacientes. No Hospital Raul Sertã, por exemplo, a prefeitura informou que os medicamentos utilizados para tratamento dos sintomas leves da doença, são antitérmicos e analgésicos. Para casos mais graves em que necessitam de internação em que há infecções associadas, a prefeitura informou que o procedimento tem sido o uso de agentes antimicrobianos. “Para tal manejo clínico há também a associação de agentes anticoagulantes e corticoides. Possuímos em nossa unidade disponível a cloroquina, que, de acordo com a nota técnica emitida pelo Governo do Estado, necessita de um termo de consentimento assinado pelo paciente ou familiar para a utilização experimental”, informou a prefeitura.
Novo protocolo
As unidades de saúde estaduais passaram a adotar um novo protocolo de tratamento para os pacientes da Covid-19. A informação foi anunciada na última terça-feira, 19, pelo governador Wilson Witzel. Ao lado do novo secretário estadual de Saúde, Fernando Ferry, Witzel agradeceu ao ex-diretor do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle por ter aceito o desafio de assumir a pasta em um momento de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
“Com experiência acumulada nesses meses de pandemia, Ferry traz uma proposta que pode melhorar o tratamento e evitar a internação de muitos pacientes. Se nós aplicarmos em larga escala, mudando esse protocolo, certamente poderemos enfrentar a doença, o que reduzirá a necessidade de CTI aumentando a chance de rápida retomada da economia. Estamos hoje em uma guerra”, disse o governador.
De acordo com o secretário de Saúde, novos estudos científicos apontam que o tratamento deve ser precoce, quando os pacientes ainda não apresentam falta de ar e, por isso, não necessariamente precisam ser entubados. “Temos que tratar os pacientes de forma muito precoce. Hoje, o protocolo é medicação e, caso o paciente tenha falta de ar, é orientado a voltar à emergência. Mas quando o paciente retorna ao hospital, ele já está com 50% do pulmão comprometido. A partir daí, não tem jeito. O novo protocolo que vamos adotar diz que, quando o paciente entrar na fase 2, vamos administrar dois medicamentos: anticoagulante e corticoide. Se o paciente é internado nesta fase, com 25% de comprometimento pulmonar, e com estes remédios, evitamos a evolução do quadro. Isso está dentro das prerrogativas do SUS”, explicou Fernando Ferry.
Ainda de acordo com o secretário de saúde, na última quarta-feira, 20, era esperada a chegada de pelo menos 135 respiradores para equipar o hospital de campanha do Maracanã. “Na próxima semana receberemos mais 160 respiradores”, acrescentou o secretário, afirmando que esses equipamentos também serão destinados ao hospital de campanha do Maracanã.
Adulteração da bula
“A ideia era alterar a bula da cloroquina na Anvisa, colocando indicação para Covid-19”, disse o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, em uma entrevista para a GloboNews na última quarta-feira, 20, por decisão do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o ex-ministro, “o presidente se assessorava ou se cercava de outros profissionais médicos. Eu me lembro de quando, no final de um dia de reunião de conselho ministerial, me pediram para entrar numa sala e estavam lá um médico anestesista e uma médica imunologista, que estavam com a redação de um provável ou futuro, ou alguma coisa do gênero, um decreto presidencial…”, disse Mandetta ao canal por assinatura.
O ex-ministro disse ainda que o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres (que testou positivo para coronavírus) se assustou com aquele caminho e que não concordaria. “Eu simplesmente disse que aquilo não era uma coisa séria e que eu não iria continuar naquilo dali, que o palco daquela discussão tinha que ser o Conselho Federal de Medicina”, afirmou o ex-ministro.
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