Golpes pelo WhatsApp fazem vítimas em Friburgo

Veja relatos de quem caiu e saiba como se proteger
sábado, 29 de agosto de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
Foto: Guilherme Alt
Foto: Guilherme Alt

A boa fé do friburguense é testada diariamente. Em alguns casos, a recompensa é um prejuízo financeiro sem tamanho, consequência de um golpe. Tem sido assim nos últimos meses, quando diversos moradores do município foram vítimas de quadrilhas especializadas na clonagem do WhatsApp, um aplicativo de mensagens.

 Se você recebeu alguma mensagem de um amigo pedindo para que pudesse pagar um boleto porque ele já havia excedido o limite de transferências diárias ou porque estava sem dinheiro, há grandes chances do seu amigo ter caído em um golpe.

Em apenas duas etapas, quadrilhas especializadas em clonagem de WhatsApp podem conseguir milhares de reais em poucas horas. A primeira etapa é conseguir o número do WhatsApp da vítima, geralmente em sites de anúncios. Depois a quadrilha entra em contato com a vítima e dizem que há algum problema no cadastro dela no referido site e que para resolver a situação é necessário enviar um código de seis dígitos Mas esse código é, na verdade, os números para instalar o aplicativo em outro aparelho.

Quando o golpista tem acesso ao código, na mesma hora ele toma conta do WhatsApp da vítima e passa a pedir dinheiro aos contatos como se fosse a pessoa. Quem acredita estar ajudando um conhecido, amigo ou parente faz a transferência para a conta de um "laranja" e provavelmente nunca mais recupera o dinheiro.

Foi assim que a advogada Priscila Korn Friggo teve seu WhatsApp clonado. Ela conta que os bandidos ligaram e se identificaram como funcionários de um restaurante vegetariano e que a advogada havia ganhado um jantar. “Eu acabei acreditando, apesar de estar super antenada em golpes como esse, porque eu costumo frequentar o local e duas semanas antes eu fui até lá, acabou que foi uma coincidência. Me pediram para confirmar o envio de um voucher por e-mail, mas esse voucher nunca chegou então enviaram por SMS. O bandido me pediu que eu falasse um código para validar o voucher e eu dei. Sem saber, eu acabei dando ao golpista a chave de acesso do meu WhatsApp. Ele me disse: ‘Tem dois números nessa mensagem, um você não pode me falar – que é a sua senha – o outro você me fala, para eu confirmar o seu voucher. Eu fiz o que ele mandou, mas era exatamente o contrário. Depois ele pediu para que acessasse um link e eu disse que não poderia. Então a pessoa falou que ela acessaria esse link, eu criaria uma senha de fácil acesso e passaria para ela e assim o fiz. Essa senha que eu achei que era para validar o voucher, na realidade era a senha de acesso da segunda etapa de proteção do WhatsApp”, lamentou.

Assim que tiveram acesso ao aplicativo da advogada, os golpistas enviaram mensagens para diversos contatos. Em pouco mais de duas horas, até que Priscila conseguisse bloquear o aplicativo, os bandidos conseguiram arrancar dinheiro de seis pessoas.

 “Eu entrei em contato com o Whatsapp por e-mail, seguindo o protocolo deles nesses casos. Até ele ser bloqueado, os golpistas tiveram quase duas horas de acesso e mandaram mensagens para várias pessoas falando que eu precisava fazer alguns pagamentos e eu que havia atingido o limite de transferências diárias e precisava quitar os débitos. O golpista pedia para a pessoa fizesse uma transferência com a promessa de ser pago no dia seguinte. Seis pessoas caíram no golpe e cada transferência era em torno de R$1.500”, contou.

Outro golpe 

 Outra vítima que preferiu não se identificar teve seu número clonado após anunciar seu carro em um famoso site de compra e venda. “Nesse anúncio eu coloquei o meu telefone. Depois de um certo tempo, recebi uma mensagem do site perguntando se eu ainda gostaria de continuar com o anúncio da venda e respondi que sim. Eles me pediram para enviar um código e confirmar a continuidade desse anúncio. Esse código era para ser enviado pelo WhatsApp, quando eu mandei, eles conseguiram ter acesso ao meu número e mandaram mensagens para todos os meus contatos pedindo ajuda financeira. Um amigo caiu e ele teve um prejuízo de R$ 700”, revelou.

Outra vítima que preferiu não se identificar também teve seu número clonado a partir de um anúncio no mesmo site e seguiram o mesmo padrão ao pedir um código de verificação que servia como chave para entrar no aplicativo. “Clonaram e extorquiram vários conhecidos e amigos quais eu tinha contato alegando que eu estava com problemas saúde e contas a pagar. Um dos meus amigos perdeu R$1.600”, completou. 

Como se proteger?

O WhatsApp lançou o recurso da confirmação em duas etapas, é opcional e funciona como uma camada extra de segurança para sua conta. Com a confirmação em duas etapas ativada, você precisará digitar o PIN de seis dígitos todas as vezes que quiser confirmar seu número no WhatsApp.

Ao ativar esse recurso, você poderá inserir seu endereço de e-mail. Caso você esqueça seu PIN de seis dígitos, o WhatsApp enviará um link a esse e-mail para desativar a confirmação em duas etapas. Isso também ajudará você a proteger sua conta.

Para lembrar seu PIN, o WhatsApp irá solicitar que você o digite periodicamente. Não há como desativar essa solicitação sem que confirmação em duas etapas também seja desativada. Para ativar a confirmação em duas etapas, no WhatsApp abra: Configurações (Android) / Ajustes (iOS) > Conta > Confirmação em duas etapas > ATIVAR.

 

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TAGS: crime