O novo relatório semanal do sistema InfoGripe, relativo à semana epidemiológica 18 (26 de abril a 2 de maio), destaca a manutenção da tendência de aceleração no crescimento tanto das internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) quanto dos casos de Covid-19. Todas as regiões do país seguem na zona de risco e com atividade semanal muito alta para SRAG, com predominância de 82,7% do novo coronavírus entre os casos que já tiveram um resultado laboratorial positivo.
De acordo com as informações do governo do estado, Nova Friburgo registrou até o momento, 394 internações por SRAG, sendo 119 internações em UTI, em 2020. As projeções do Estado se confirmam para o município, que tinha apenas três internações de UTI na semana epidemiológica 12. Na última semana, 11 pessoas foram internadas.
Segundo o boletim, até o último dia 2, o Brasil teve um total de 57.017 casos de SRAG notificados. Mas com a previsão de atraso, de acordo com a metodologia desenvolvida pela plataforma, a estimativa é que este total atualizado seja de 74.232, com um intervalo de confiança de 65.441 a 87.303. No caso de óbitos, já foram inseridos no sistema um total de 8.024 notificações, o que leva uma estimativa de que o total até a semana 18 seja de 9.587, com intervalo de confiança de 8.785 mil a 11.040 mil.
Entre os casos reportados, 16.260 tiveram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, sendo 5.2% Influenza A, 2.6% Influenza B, 3.1% vírus sincicial respiratório, e 82.7% SARS-CoV-2 (Covid-19). Outros 19.424 apontaram negativo, e ao menos 16.839 estão aguardando resultado. Entre os óbitos, 3.904 com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 2.767 negativos, e há ao menos 810 aguardando resultado. Dentre os positivos, o novo coronavírus predomina, com 94.8% dos resultados.
A manutenção da tendência de crescimento no número de casos semanais reforçam o indício de retomada da aceleração no crescimento de casos, após uma desaceleração observada no final de março. “Tivemos duas semanas de crescimento muito intenso em meados de março, depois tivemos uma clara desaceleração no final do mês e começo de abril. A redução do ritmo do crescimento pode ser associada à forte adesão que tivemos ao isolamento social desde o começo de março. Porque a gente tem um efeito lento nesse processo, o tempo entre a infecção e a hospitalização é, em média, de duas semanas”, afirma o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.
Porém, após essas semanas de um relativo controle, a taxa de crescimento de novos voltou a crescer. A retomada é observada tanto nos dados de SRAG quanto SRAG por Covid-19. Este panorama sugere a necessidade de manutenção das recomendações de isolamento social para evitar demanda hospitalar acima da capacidade de atendimento, como já tem sido registrada em alguns estados. Segundo os pesquisadores, a reversão da tendência desaceleração pode estar relacionada com diminuição na adesão ao isolamento social no mês de abril.
“Os dados nos mostram que sacrifício que fizemos funciona e podemos ver e mensurar esse resultado. Isto acende um sinal de alerta. A gente não pode relaxar, ainda não é o momento. O isolamento é hoje a principal ferramenta que nós temos”, ressalta Gomes. Os pesquisadores chamam a atenção para dois fatores que podem interferir nos dados. O tempo entre os primeiros sintomas e posterior registro do caso no banco de dados tem se mostrado importante para a dificuldade de análises mais concretas em relação às semanas mais recentes. Isto acontece devido à forma como a notificação é feita pelas unidades de saúde, que historicamente apresenta atrasos.
A metodologia desenvolvida pelo InfoGripe busca estimar este atraso, no entanto este é uma fator de cautela, principalmente em períodos de alta demanda. Para análises de tendência, os pesquisadores recomendam o uso das curvas de casos de SRAG, que tem apresentado menor impacto por conta a oportunidade de digitação do que os dados de óbito, em particular para semanas recentes.
Além disto, a sobrecarga da rede hospitalar, já contatada em alguns lugares, afeta a taxa de novas internações, que é o dado medido pelo InfoGripe. Desta forma, essa tendência pode afetar a taxa de crescimento dos casos notificados nas próximas semanas, uma vez que as notificações dependem de hospitalização.
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