A partir desta quinta-feira, 4, serão implantadas 17 vagas de curta duração na Rua Farinha Filho, no trecho entre a Rua Augusto Spinelli e a Praça Getúlio Vargas. Ao longo de praticamente toda a sua extensão comercial, portanto, à exceção do trecho em frente à Câmara dos Vereadores, a Farinha Filho terá apenas estacionamento de curta duração. Ali é muito comum a parada em mão dupla, atrapalhando o trânsito. A mudança será feita pela Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) durante a madrugada.
Conforme A VOZ DA SERRA noticiou há um ano, cada vez é mais raro encontrar onde parar de carro no Centro de Nova Friburgo. Grande parte das vagas hoje é demarcada: para motocicletas, carros de aplicativo, táxis, idosos, caminhões de carga, veículos de serviço, hotéis e até trailers de comida. Sem contar as caçambas de entulho.
Trata-se de uma tendência moderna, mundial, mas aqui com um agravante: na contramão de cidades mais sustentáveis, Friburgo está longe de oferecer um sistema de transporte coletivo exemplar, e muito menos uma rede eficiente de ciclovias que facilite a vida sem automóvel.
Para piorar o cenário urbano, à medida em que vagas somem, mais e mais casarões antigos, que antes compunham o patrimônio ambiental de nossa cidade, vão sendo derrubados para dar lugar a estacionamentos privados.
Na prática, as vagas de automóveis são suprimidas não para abrir espaço a pedestres e ciclistas, estimulando assim alternativas de deslocamento mais saudáveis e menos poluentes, mas para comportar o aumento expressivo de um outro tipo de veículo que passou a infernizar o trânsito friburguense com suas manobras arriscadas, escapamentos barulhentos e um rastro de infrações: as motocicletas (acima, na Rua Dante Laginestra)
87 mil carros x 24 mil motos
De acordo com as estatísticas do Detran-RJ, Nova Friburgo tem hoje 87.372 carros e 24.247 motos. De janeiro a junho deste ano, 413 motos foram emplacadas no município. Houve um aumento de 160% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 258 novas motos foram registradas. No primeiro semestre deste ano, foram emplacadas 56% do total de motos novas rodando em todo o ano de 2021, quando somaram-se 728 motos emplacadas.
Em pouco mais de um ano, desde o início da pandemia de Covid, em março de 2020, até junho de 2021, Friburgo ganhou 563 motos registradas.
Ainda de acordo com o Detran, os friburguenses têm preferido comprar motos em vez de carros. O número de emplacamentos de motos foi 139% maior que o de carros no primeiro semestre de 2022. De janeiro a junho, 296 novos carros passaram a circular no município.
O caso mais curioso de privilégios no estacionamento permitido é de um ponto central da Avenida Alberto Braune, que concentra pelo menos quatro farmácias (duas quase lado a lado, outra na calçada em frente e a última dentro de uma galeria). Ali, a única vaga exclusiva para farmácia que existia até poucos meses atrás foi abolida; em seu lugar, a prefeitura demarcou um espaço exclusivo onde cabem pelo menos seis motos, além de uma parada de carros de aplicativo.
Pouco adiante, uma das maiores agências bancárias da Alberto Braune (acima) agora tem, bem na frente, oito vagas de curta duração.
A maioria das farmácias, por sinal, se queixa da substituição gradual de vagas exclusivas por vagas de curta duração, que atendem a todo tipo de comércio, independentemente de sua essencialidade. A Smomu considera que vagas exclusivas para estabelecimentos comerciais são ilegais, e por isso estão sendo substituídas.
A proliferação de vagas de curta duração mudou completamente a configuração de estacionamento em algumas ruas. Na Dante Laginestra, por exemplo, no trecho de menos de 50 metros entre a Comte Bittencourt e a Eugênio Muller, há hoje uma vaga reservada para um órgão público, três para um hotel e, agora, nada menos do que cinco para paradas de curta duração.
Só em 2021, 40 novas vagas de curta duração
A Smomu informou no ano passado que, de janeiro a maio de 2021 foram criadas 40 vagas de curta duração, distribuídas pelo Centro, por Olaria e por Conselheiro Paulino. Nesse período também foram criadas seis vagas para motos em Olaria, segundo o órgão.
Mesmo beneficiadas por mais vagas exclusivas, as motos param onde bem entendem, ocupando os poucos espaços que sobram para automóveis comuns (acima, na Rua Farinha Filho). Não existe punição para motos que estacionem fora de suas vagas. O mesmo, porém, não se aplica a outros veículos que param nas vagas de motos: estes são multados.
Rotativo esperado há anos
A prefeitura alega que a implantação do estacionamento rotativo em Nova Friburgo - aguardado há anos pelos motoristas frioburguenses, que gastam fortunas em estacionamentos privados ou não encontram vaga para estacionar - depende da aprovação do Plano de Mobilidade Urbana, confome prevê a Lei Orgânica do Município, aprovada em 2018, ainda no governo Renato Bravo. O plano de mobilidade está até hoje em estudo.
Enquanto isso, Teresópolis largou na frente: após dois fins de semana de testes gratuitos, o programa Vaga Certa Rotativo, começou em meados de junho, pela Feirinha do Alto. A tolerância é de 15 minutos para todas as vagas. O valor a ser pago é fracionado, como acontece em várias outras cidades como a capital e Búzios, no valor de R$ 2,50 por hora em áreas comerciais; R$ 4 por hora em áreas turísticas; e R$10 por hora em áreas definidas como especiais, com diversos meios de pagamento. Estão isentos de pagamento motociclistas, que têm vagas demarcadas; idosos e pessoas com deficiência, desde que estacionem seus veículos nas áreas delimitadas; moradores que estacionem até cem metros da residência; e expositores.
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