Ex-alunos da Fundação confirmam participação no Desfile da Independência

Grupo do antigo CNF terá programação intensa durante cinco dias de confraternização
quarta-feira, 31 de agosto de 2022
por Jornal A Voz da Serra
Foto: Henrique Pinheiro
Foto: Henrique Pinheiro

Uma oportunidade de rever antigos colegas e professores, colocar a conversa em dia e relembrar os bons tempos do saudoso Colégio Nova Friburgo (CNF), que funcionou no imponente casarão amarelo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Parque da Cascata, no bairro Vila Nova. É o que reserva a participação dos integrantes da Associação de Ex-Alunos no tradicional desfile cívico militar comemorativo do bicentenário da Independência do Brasil que acontecerá no próximo dia 7 de setembro, na Avenida Alberto Braune. Além dos ex-alunos, são esperados também professores e ex-funcionários do CNF. 

A concentração para o desfile será a partir das 8h, na Rua Gonçalves Dias (ao lado do Shopping Cadima). O desfile da Associação dos Ex-alunos está programado para começar às 10h. Neste ano, os instrumentos foram renovados, conforme prometido, com peles em nylon personalizados com o dragão símbolo. 

Mas somente o desfile cívico militar não será o suficiente para os ex-alunos matarem a saudade dos bons tempos da juventude. Por isso, a associação está organizando cinco dias de eventos em Nova Friburgo com atividades festivas e cívicas, todas em clima de confraternização, coroadas pela efusão de encontros.

As festividades dos ex-alunos do antigo CNF começarão na terça-feira, 6 de setembro, com o tradicional “Vinho Amigo” oferecido por Ronaldo Lo Bianco em sua loja, SCA (Rua Oliveira Botelho), das 17h às 22h. 

Na quarta-feira, 7, logo após o Desfile da Independência, às 12h, será realizado um churrasco no Nova Friburgo Country Clube (Espaço Chico Faria). Na quinta-feira, 8, a partir das 20h está programado o Jantar Dançante no parque aquático do Country Clube. Na sexta-feira, 9, e sábado, 10, os ex-alunos terão tempo livre para “ir às compras” em Nova Friburgo, aproveitar o friozinho típico e as delícias da cidade.

"Queremos caprichar no uniforme. Por isso, pedimos a quem for desfilar, que esteja com calça jeans, camiseta do CNF, blusão, tênis ou sapato de preferência branco”, destaca a associação em comunicado aos seus membros. Mais informações pelo telefone (22)99848-0101. 

Alegush! Alegush! As muitas histórias do saudoso CNF

Quem não se recorda dos bons — ou até mesmo de alguns não tão bons assim — momentos vividos no período escolar? Sem dúvida, uma fase da vida inesquecível e marcante para qualquer pessoa. Os ex-alunos do extinto Colégio Nova Friburgo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) — que marcou época no município entre 1950 e 1977, nunca perdem a oportunidade de recordar essa época mágica de suas vidas. 

E o CNF é marcado por muitas histórias. Uma delas remonta ao Banco Escolar, criado pelo professor Joaquim Trotta. Nesse banco, os pais dos alunos depositavam dinheiro para seus filhos sacarem aos poucos justificando suas despesas. Era uma forma de ensiná-los a administrar seu dinheiro e incentivá-los à poupança.

Os estudantes foram igualmente estimulados por esse professor a elaborar a apostila: “Matemática de aluno para aluno”, algo inusitado na época, que foi impressa e servia aos estudantes das turmas seguintes. Os professores estavam sempre em contato com os alunos nas horas vagas, pois a maioria residia nas instalações do colégio. Quando eram repreendidos havia um registro em uma ficha encaminhada à coordenação que decidia, por exemplo, proibir a ida ao cinema no auditório do próprio colégio ou o castigo mais temido: vetar visitas ao centro da cidade.

Os ex-alunos lembram também que havia uma caminhonete para transportá-los até o centro de Nova Friburgo. Geralmente desciam no domingo, após o almoço. Os alunos do ginasial, antes de descerem, passavam por uma revista para serem verificadas as roupas, se os sapatos estavam engraxados e as unhas aparadas. 

O horário de retorno da caminhonete para a subida ao colégio dependia da idade do aluno, que variava entre 18h30 até 22h30. Os alunos do científico poderiam subir mais tarde. Alguns alunos perdiam propositadamente o horário para ficar mais tempo no centro da cidade e poder frequentar as boates, retornando a pé. Um professor sempre acompanhava os alunos ao Centro e ficava de plantão fiscalizando para ver se não entravam em bares, consumiam bebidas alcoólicas ou jogavam sinuca.

Há ainda o interessante episódio do canhão do Forte São Mateus, em Cabo Frio, possivelmente do século 16, trazido pelos alunos da turma de 1952, e instalado no colégio. Como tantos outros abandonados na praia de Cabo Frio, trouxeram o canhão para o colégio com o respaldo do professor que os acompanhava. Anos depois a prefeitura do município litorâneo reivindicaria essa peça de artilharia, mas a associação de ex-alunos se recusou a devolvê-lo através de uma medida judicial.

Henrique Guilherme Bork, nascido em 1939, entrou para o colégio em 1950, permanecendo até o ano de 1957. Bork, eleito pelos colegas como chefe do Departamento de Justiça, se recorda do roubo do portão do prostíbulo conhecido como Casa da Sofia, que os alunos frequentavam durante a tarde para ver as “mariposas”.

Os alunos da Fundação, como eram chamados provocavam inúmeras confusões com os alunos de outros colégios, principalmente com os do Anchieta e do  Estadual Jamil El-Jaick. Usavam correntes de metal como cinto para, em caso de confronto, fazerem uso desse instrumento. Justificavam que estavam sempre em minoria em relação aos outros colégios e precisavam se defender dessa forma. 

Nas sessões de cinema costumavam soltar galinhas e pombos assustando o público, enfim, tudo aquilo que transgredia a ordem e a rotina da cidade. Houve época em que os alunos da Fundação eram obrigados a andar em grupos, pois sozinhos eram alvo de ofensas e provocações. Eles também se entusiasmavam quando conseguiam chamar a atenção das moças friburguenses, pois se consideravam mais sedutores e envolventes. Nos desfiles de Sete de Setembro se esforçavam para ser a melhor bateria. 

Seu grito de guerra era: Alegush! Alegush, gush, gush, umaiti, umaitá, rá, rá, rá! Apesar de toda a gaiatice, sabia-se que a Fundação Getúlio Vargas se preocupava em formar uma elite de profissionais altamente qualificados. E o destino desses alunos não foi outro. Muitos deles ocuparam os mais elevados escalões de empresas privadas e do governo.

 

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: