(Foto: divulgação)
(Foto: divulgação)
Há alguma “afinidade” entre Celso, Samuel e Oriun? Apesar de viverem em ambientes distintos e de possuírem características e pensamentos bem específicos, creio que guardam alguns aspectos comuns. Os três são extremamente éticos nas suas ações e decisões. Conflitam suas “missões” com sentimentos de dúvida, angústia e paixões. Adorei ter feito todos eles! Em qual destes três sentiu que o desafio é maior? Como você se prepara para separar um dos outros? Creio que o mais desafiador para mim foi Oriun (de “Fale-me de Amor”). Ali, tive e pude fazer coisas que nunca havia experimentado no teatro antes. Dancei, cantei e me expressei através do movimento do corpo. Além disso, o espetáculo apresentava uma narrativa filosófica recheada de sutilezas que demandaram aos atores que saíssem do seu lugar de conforto. Neste sentido, mais do que um indivíduo de carne e osso, Oriun era uma ideia personificada. Nas entrevistas anteriores você falou em intuição para construir seus personagens, com o que você tem dentro de si e a partir dos sentimentos que os personagens o provocam. É assim também com Celso? A intuição será sempre a minha ferramenta mais preciosa. Aproveitar aquilo que o personagem desperta em mim faz com que suas emoções se tornem mais críveis e verdadeiras. No caso do Dr. Celso, como ele é repleto de conflitos e contradições, interpretá-lo é um prato cheio para qualquer ator. Busquei na minha memória afetiva personagens marcantes que assisti em antigos filmes (e até em antigas novelas) para construir e honrar aquilo que Dinah concebeu em seu livro. Acho que o público vai se identificar muito com os seus sentimentos, com as suas razões e com as suas incertezas. Como está se sentindo em relação a esse trabalho? Creio que, de todos os trabalhos que realizamos com a Companhia, nunca me entusiasmei tanto como nesta construção para “Floradas”. Está sendo uma honra, uma alegria e uma baita responsabilidade contribuir como ator e diretor de cena do espetáculo. Trabalhamos muito para que levássemos aos palcos um clássico com todos os ingredientes que um verdadeiro clássico possui.
(Foto: divulgação)
O respeito ao tempo histórico e à essência dos personagens, as belíssimas músicas que compõem a trilha sonora (com Philip Gutwein ao piano), o figurino fiel e exuberante de Virgílio Santos e, por fim, todo o talento e empenho de nossa visionária diretora Jane Ayrão na transposição fidedigna da narrativa de uma obra literária consagrada para a linguagem teatral. A conjugação de tudo isto, para que as emoções que serão compartilhadas no teatro fiquem para sempre no coração do público. Sente o peso da responsabilidade deste novo trabalho, diante dos sucessos das peças anteriores? Sente-se mais seguro, ou é sempre um grande desafio? Não tenho vergonha de dizer que sinto este peso, sim. Quando do nosso primeiro espetáculo em 2022, as pessoas em geral não tinham grandes expectativas sobre o que assistiriam. Éramos amadores no sentido mais simplório da palavra. Se falhássemos ou se não entregássemos aquilo que o espetáculo poderia entregar, teríamos a tolerância de quem estava ali apenas com a intenção de nos prestigiar. À medida que os espetáculos foram acontecendo e se aprimorando, criamos um público mais exigente e que agora aguarda ansiosamente algo que supere aquilo que já assistiram. Neste sentido, é sim, e sempre será, um grande desafio! Mas posso dizer, sem medo de errar, que cada um de nós evoluiu muito e estamos mais preparados do que nunca. Creio inclusive que “Floradas” será a consolidação da Companhia de Arte Jane Ayrão como ferramenta de promoção da cultura no município e fora dele. Porque o convite que recebemos para nos apresentarmos na Academia Brasileira de Letras no mês de novembro é a prova incontestável disso!
Deixe o seu comentário