Ela só quer, só pensa em viajar… Pesquisa revela que viajar é o principal sonho das mulheres brasileiras

67% das mulheres de 18 a 29 anos desejam viajar, seguido por 59% das acima de 30 anos.
sexta-feira, 14 de março de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Se o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, vivesse em 2025, possivelmente teria que trocar a letra do “Xote das Meninas” de “ela só quer, só pensa em namorar” para “ela só quer, só pensa em viajar”. Já que atualmente, o principal sonho das mulheres brasileiras em todas as faixas-etárias não é nem casar nem formar família, mas viajar e conhecer lugares diferentes. 

É isso o que mostra a pesquisa recente realizada pelo Instituto Think Olga, em parceria com o movimento Sonhe como uma garota: independentemente da faixa etária ou do contexto social, o principal desejo das mulheres é viajar pelo mundo. O levantamento, conduzido entre janeiro e fevereiro deste ano, ouviu 1.080 mulheres. Esse resultado pode parecer simples à primeira vista, mas, quando analisado mais a fundo, aponta para aspectos mais profundos e reveladores sobre as aspirações e desafios das mulheres brasileiras na contemporaneidade.

A principal constatação da pesquisa foi a unânime preferência das mulheres pelo desejo de viajar, sendo esse o objetivo mais citado por todas as faixas etárias. Entre as mulheres de 18 a 29 anos, 67% declararam que seu maior sonho é explorar diferentes partes do mundo. Esse número diminui um pouco nas faixas etárias mais avançadas, mas ainda assim é substancial: 59% das mulheres entre 30 e 49 anos e das que têm mais de 50 anos compartilham do mesmo desejo.

Viajar, nesse contexto, é visto não apenas como um desejo de lazer, mas também como um símbolo de liberdade, autoconhecimento e emancipação. Para muitas mulheres, as viagens são uma forma de escapar das limitações impostas pela rotina diária e de expandir horizontes, seja para aprender novas culturas, conhecer novas realidades ou se reconectar consigo mesmas. Esse desejo de conhecer o mundo pode ser interpretado como uma forma de resgatar algo que, em algumas situações, é perdido no decorrer da vida adulta: a sensação de pertencimento ao mundo e a liberdade de escolha.

As viagens também oferecem para muitas mulheres a possibilidade de se reaproximar de seus próprios desejos e aspirações, muitas vezes sufocadas pelo cotidiano de trabalho, casa e responsabilidades familiares. A ideia de viajar pode ser uma metáfora da busca por um espaço mais amplo para ser quem realmente se é, longe das imposições sociais e familiares.

A busca por estabilidade financeira e bem-estar

A pesquisa também destacou outros elementos importantes entre as prioridades das mulheres brasileiras. Embora o sonho de viajar seja predominante, ele não está sozinho. O desejo por estabilidade financeira foi o segundo sonho mais citado pelas mulheres de 18 a 29 anos, com 60% das entrevistadas apontando a busca por uma base econômica sólida como um objetivo crucial em suas vidas.

Esse anseio pela estabilidade financeira é uma consequência das transformações sociais e econômicas que o Brasil tem vivido nas últimas décadas. As mulheres, ao longo da história, sempre enfrentaram desafios financeiros, desde a desigualdade salarial até as responsabilidades domésticas que muitas vezes limitam sua participação no mercado de trabalho. A busca por estabilidade financeira, portanto, está ligada não só ao desejo de conforto material, mas também à necessidade de segurança para a autonomia e a independência.

Saúde e bem estar 

Já entre as mulheres com mais de 50 anos, a segunda prioridade foi garantir a saúde física e o bem-estar mental. Este dado é particularmente relevante, pois reflete as crescentes preocupações com o envelhecimento saudável, com a qualidade de vida e com a preservação da saúde mental. A geração mais velha, que viveu uma época em que o cuidado com a saúde física e mental não era tão discutido, agora coloca esses aspectos como centrais em suas prioridades, buscando, muitas vezes, recuperar o tempo perdido em relação à sua saúde, o que inclui uma maior atenção ao autocuidado e à qualidade de vida.

Maternidade: uma mudança de perspectiva

Outro ponto relevante apontado pela pesquisa é a mudança na visão sobre a maternidade. Em décadas passadas, o sonho de ser mãe e constituir uma família era considerado um objetivo vital para muitas mulheres, sendo um desejo compartilhado desde a infância. No entanto, a pesquisa revela que esse sonho vem perdendo força, especialmente entre as mulheres mais jovens.

Enquanto 36% das mulheres com mais de 50 anos e 34% das que têm entre 30 e 49 anos manifestaram o desejo de ser mães quando eram mais novas, apenas 25% das mulheres de 18 a 29 anos alimentavam essa aspiração na infância. A mudança de perspectiva está diretamente ligada ao movimento de maior empoderamento feminino, que tem incentivado as mulheres a repensarem seu papel na sociedade e a priorizarem suas próprias escolhas, sejam profissionais, educacionais ou pessoais.

Esse dado também é reflexo de um cenário onde, em muitos casos, a maternidade não é mais vista como o único caminho para a realização feminina. As mulheres jovens, especialmente aquelas que estão inseridas em contextos urbanos e que têm maior acesso à educação e ao mercado de trabalho, tendem a focar em suas carreiras, em sua autonomia e em seus sonhos pessoais, antes de se engajarem em uma jornada de maternidade. 

Em um Brasil cada vez mais plural, onde a diversidade de sonhos e desejos se faz presente, é fundamental que as mulheres tenham o direito de sonhar e, mais importante ainda, de concretizar esses sonhos. Seja viajando pelo mundo, alcançando a estabilidade financeira, cuidando da saúde mental ou reinventando seus próprios conceitos de maternidade, as mulheres brasileiras estão cada vez mais dispostas a transformar suas vidas, quebrando barreiras e criando novas possibilidades para as gerações futuras.

 

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