A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Nova Friburgo agiu rápido e, em apenas três dias, concluiu o caso de injúria racial contra a vereadora Maiara Felício (PT). Uma autora do crime foi identificada, ouvida, indiciada por injúria racial e liberada em seguida – ela não teve o nome divulgado. O procedimento, já finalizado na Deam, foi remetido ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que dará prosseguimento às investigações.
Segundo apurado por A VOZ DA SERRA, todo o trabalho de investigação e inteligência foi realizado pela Deam de Nova Friburgo, que identificou a autora dos comentários racistas – cometidos por meio de publicações e comentários nas redes sociais – através de consultas em fontes abertas e sistemas que a Polícia Civil dispõe para tal finalidade.
A delegada titular da Deam de Nova Friburgo, Mariana Thomé, se pronunciou sobre o assunto e ressaltou a importância da denúncia para que este e outros tipos de crime sejam apurados e os culpados devidamente punidos por seus atos: “É de suma importância que a pessoa que seja vítima desse tipo de crime, que abrange não apenas ofensas relativas à raça e cor, mas também referentes à etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, noticie o fato à Delegacia de Polícia competente. Trata-se de um crime de extrema relevância social, não devendo passar impune”, destacou a delegada.
O jornal também entrou em contato com o Ministério Público em busca de mais detalhes sobre o caso. Em nota, o MPRJ informou que o inquérito chegou nesta sexta-feira, 12, e ainda não foi possível fazer uma análise. Tão logo seja apreciado, o órgão enviará novas informações.
Entenda o caso
De acordo com a vereadora Maiara Felício (vereadora mais votada de Nova Friburgo nas últimas eleições, com 1.870 votos) – que registrou a ocorrência na Deam na última terça-feira, 9 –, os ataques foram feitos após ela se posicionar contra a retomada das aulas presenciais no município. Entre os comentários racistas, um internauta chamou a vereadora de “negrinha” e a mandou ir “tomar banho” em seguida. Já outro usuário comentou que Maiara quer aparecer e que ela poderia até “roubar a merenda das crianças”.
“A partir de um posicionamento meu acerca da volta às aulas, algumas pessoas sentiram a vontade de me ofender de maneira baixa nas redes sociais. A minha atitude vem para mostrar que internet não é terra sem lei e que a denúncia é a melhor ferramenta cabível para tal crime. Fui à Deam, registrei a queixa e convido você que de alguma forma sofreu por esse mesmo crime a denunciar. Injúria racial é crime. Calúnia e difamação são crimes", esclareceu a parlamentar nas redes sociais.
A repercussão
Devido a gravidade e grande repercussão do caso, entidades e personalidades de Nova Friburgo se pronunciaram manifestando apoio à vereadora Maiara Felício. Em nota oficial, a Câmara Municipal se manifestou sobre o assunto e esclareceu que “lamenta o ocorrido e repudia veementemente qualquer tipo de conduta discriminatória, seja por raça, credo, cor ou quaisquer outras formas de discriminação”.
A direção estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma nota de repúdio nas redes sociais sobre os ataques sofridos pela parlamentar: “Nós da direção estadual do PT manifestamos nosso total repúdio pelo ocorrido e esperamos que os responsáveis pelos ataques sejam identificados e respondam por suas ações, lembrando que, no Brasil, a lei 7.716/1989 tipifica o racismo como crime", esclareceu a nota do partido.
Por meio de suas redes sociais, o prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon, também repudiou o ocorrido e manifestou apoio à parlamentar: “Recebemos com muita tristeza os ataques feitos à vereadora Maiara Felício, devido ao seu posicionamento contra a retomada das aulas. Pensamentos e posicionamentos diferentes fazem parte da democracia e devem ser tratados com respeito. Nesse sentido, demonstramos todo nosso apoio à vereadora, a quem temos grande apreço como pessoa e parlamentar, e repudiamos todo e qualquer ato de preconceito, racismo e injúria racial. Basta”.
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