A chegada da Covid-19 modificou as regras de comercialização de produtos e serviços em muitos setores da economia. No caso dos seguros de carro, uma das consequências se reflete na queda geral dos preços das apólices, bem como na renegociação de contratos ou flexibilização na forma de pagamentos.
A preocupação surgiu em meio a pandemia que mudou hábitos e, mesmo com a baixa no custo, só entre janeiro e abril o lucro das companhias de seguro por causa da queda de contratos para coberturas caiu em mais de R$ 1 bilhão no Brasil, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Isto se deve a diminuição do volume de vendas.
De acordo com a Susep, de janeiro a julho, o seguro de automóveis registrou uma arrecadação 5,3% menor do que a do ano anterior, resultado de descontos oferecidos e menos apólices vendidas. Além disso, estão sendo criadas coberturas personalizadas para atender à nova demanda. O momento é de pesquisar e negociar o melhor custo-benefício.
Em Nova Friburgo, não foi diferente, como diz Maicon Siqueira, sócio da corretora GJM. “De fato, o valor do seguro de alguns veículos teve queda, principalmente as renovações de seguro. A maioria das seguradoras, cientes da situação econômica atual causada pela Covid-19, passou a adotar várias medidas para tentar diminuir (ou, ao menos, não agravar) os impactos aos seus segurados”, conta.
Já Marcelle Fukuoka, da Friserra, diz que os valores não tiveram alteração, mas a corretora tomou medidas para atenuar os efeitos da pandemia. “Em 2 de abril a empresa decidiu manter o valor cobrado no ano passado e que a ação se prorrogaria por 60 dias. A seguradora também parcelou os seguros em dez vezes sem juros e o prazo para pagamento de parcelas em atraso foi estendido.
A Liberty Seguros prorrogou o pagamento da primeira parcela, nas renovações da própria seguradora, por 60 dias e liberou linhas de crédito para todos os corretores de até R$ 30 mil com taxa reduzida. Na regra de bônus até 30 dias após o vencimento da vigência o segurado ganha uma classe de bônus, à partir do 31º dia. A regra de bônus foi alterada de 30 para 50 dias.
Já Alan de Azevedo, da Fri Jr, informou que durante o período pandêmico, algumas seguradoras melhoraram o custo para alguns modelos e regiões e quase todas flexibilizaram os parcelamentos. “Normalmente as seguradoras tinham parcelamentos menores sem juros e o parcelamento só ocorria com juros. Agora, a maioria das seguradoras tem oferecido um parcelamento em até dez vezes sem juros”, observa.
Queda de novos clientes
O volume de clientes das seguradoras caiu quando os problemas financeiros em razão da pandemia começaram. “Muitos queriam cancelar o seguro, outros alertaram para a possibilidade de não renovar o seguro que venceria nos próximos dias/meses. Alguns chegaram a cancelar e/ou não renovar seu seguro de automóvel, mesmo cientes do risco de rodar o veículo sem seguro. O que estava ruim, poderia piorar ainda mais.”, disse Maicon Siqueira.
Dentre as medidas adotadas, podem ser destacadas: facilidade no parcelamento do seguro de automóvel, algumas seguradoras que só dividiam em até quatro ou seis vezes sem juros, começaram a parcelar em até dez ou 12 vezes sem juros nos cartões de crédito ou débito em conta corrente; renovações (sem alteração de coberturas e perfil) com preço inferior ao pago no ano passado ou, em alguns casos ao menos, tentar manter o mesmo valor pago sem aumentar seguro; preços mais competitivos entre as seguradoras; seguradoras dentro do mesmo grupo com coberturas e preços mais enxutos.
Flexibilização reaqueceu mercado
Após um período de incertezas, as seguradoras afirmam que a procura pelos serviços voltaram a ficar aquecidas. “Nos primeiros meses da pandemia tivemos uma redução, mas a partir de julho identificamos a volta da procura por seguros de novos clientes. Mantivemos um índice de renovação dos contratos existentes igual ao anterior a pandemia e atualmente não vejo uma perda expressiva em relação ao que já ocorria antes. Percebemos também que as pessoas tem evitado ao máximo o transporte público por medo de contrair o vírus e com isso, após a flexibilização e voltas de algumas atividades, o numero de veículos circulando aumentou bastante. Muitas pessoas que não se locomoviam no dia a dia com o seu veículo passaram a utilizá-lo por medo de usar o transporte público. Com isso, identificamos um aumento de veículos nas ruas e também no numero de ocorrências e sinistros”, observou Alan de Azevedo.
“Tivemos uma queda maior em março e abril”, constatou Maicon. “Passaram-se os meses e as coisas foram melhorando e a queda diminuiu gradativamente. De agosto para cá começamos a ter procura para fazer algumas cotações de seguro novo de automóvel, o que de março a julho foi raro”, completou.
Marcelle diz que o aumento foi percebido não só em automóveis, mas para seguro de vida e residencial. “Aumentou a procura por financiamentos e consórcios. Segundo relato de alguns corretores, o perfil dos clientes de sua carteira influenciou positiva ou negativamente na pandemia”, destacou a corretora.
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