“Através desse colégio, minha mãe teve o amparo que precisava para cuidar da gente e nos tornamos pessoas de bem”. Esse é o resultado de ter frequentado a instituição friburguense Casa Madre Roselli na vida da Maria Rosangela Knup, uma das cerca de 3.500 meninas que passaram por lá. Hoje, com quase 60 anos, Maria Rosângela lembra dos momentos em que permaneceu no, então Colégio Santa Paula Frassinetti. “Fui para lá com 3 anos, junto com minhas três irmãs. Minha mãe trabalhava na lavanderia da instituição e éramos internas. Tínhamos as tarefas diárias, as aulas, as recreações. Me lembro das cantigas de roda que aprendi na época. Lá, também aprendi a ler, fiz a catequese e a primeira comunhão. Ainda saí de lá sabendo bordar, fazer tricô e pintura em tecido. As irmãs tinham muito carinho para conosco”, relata ela.
A Casa Madre Roseli começou com o acolhimento de meninas carentes de Nova Friburgo pela madre Clélia Roselli, num espaço da congregação Dorotéia, dentro do Colégio Nossa Senhora das Dores, em 1952. Com sua bondade e coragem mobilizou cidadãos friburguenses, empresários e comerciantes a ajudar financeiramente a obra social. Como a demanda era grande, com o passar do tempo, o espaço já não dava conta de abrigar tantas crianças. E uma das benfeitoras da obra, Josefina Marques Braga Sertã, vendeu o imóvel, onde hoje funciona a instituição, a preço módico para a Ordem das Doroteias para que lá fosse instalado um abrigo para meninas carentes. A mudança para o casarão da Rua General Osório aconteceu em 1965. Durante muitos anos funcionou como internato das meninas, sob o comando das irmãs dorotéias.
Trabalho feito por voluntários e com doações
Desde 1973, ano em que Maria Rosângela saiu da instituição, muita coisa mudou, mas o trabalho da casa continuou com o apoio às famílias das meninas para que todas se tornassem pessoas de bem, assim como aconteceu com ela e suas irmãs. Desde 2012, a instituição passou a ser dirigida por leigos católicos voluntários, que fazem parte da diretoria e do conselho fiscal da Casa. São quatro diretores e três conselheiros. “Temos mais quatro voluntários cadastrados, que prestam ajuda contínua (bazar, fotografia e internet e dentista) e alguns outros que nos ajudam eventualmente”, enumera a diretora presidente da casa, Maiby Carestiato Frossard.
Uma das voluntárias é Maria Christina Fernandes Brum. Ela começou sua vida profissional na Casa Madre Roselli e continua a atuar lá até hoje. “Quando fiz o curso normal, a minha primeira aula prática foi dada para as internas. Nessa época, a instituição era assistida pelas freiras. Alguns anos depois me deparei fazendo parte da diretoria dessa instituição, como voluntária, onde permaneço até a presente data com imensa gratidão a Deus por fazer parte de uma casa séria que, aos 70 anos, continua a valorizar princípios cristãos, fazendo a diferença na vida de tantas meninas que por ali passam”, disse ela que hoje faz parte do Conselho da casa.
A instituição sobrevive da doação financeira de benfeitores, da renda do estacionamento privativo implantado em seu pátio, de eventos beneficentes e do valor arrecadado no bazar, que funciona no local, com vendas de roupas e peças doadas. “Não recebemos nenhuma verba do governo. Mas, ano passado, inclusive, uma das ações da diretoria foi aprovar o novo estatuto se adequando às legislações atuais de assistência social para, futuramente, tentarmos alguma ajuda pública”, disse Maiby.
Atividades para as meninas
Hoje, a Casa Madre Roselli atende 50 meninas, com idades entre 6 e 12 anos, que passam a manhã na instituição. São crianças e adolescentes que estudam em escolas públicas no período vespertino, de famílias de baixa renda, cujos responsáveis trabalham fora. Lá, elas recebem duas refeições: café da manhã e almoço. Também fazem o dever de casa, tem reforço escolar e têm atendimento odontológico. Além disso, participam de atividades lúdicas e recreativas, como capoeira, oficinas, jogos e brincadeiras. “Esse ano teremos aula de música e de ballet também”, anuncia Maiby.
As atividades são coordenadas pela voluntária Patrícia Maria Leal Bandeira, que é professora. “Faço um trabalho direto com as meninas, acompanhando-as na rotina da instituição e colaborando ativamente no desenvolvimento de suas potencialidades, através do planejamento de atividades lúdicas que contribuam para o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social de cada menina”, explicou ela.
Uma das meninas atendidas é a filha de Gisele Rodrigues da Silva. “Minha relação com a Casa Madre Roselli começou em 2017, quando me vi em uma situação em que não tinha com quem deixar minha filha na parte da manhã para poder trabalhar. Foi quando uma tia da escola me falou sobre a Casa madre Roselli. Desde o dia que consegui a vaga até hoje o meu sentimento é de gratidão. Eu deixo minha filha e fico com meu coração em paz, pois sei que ela está em ótimas mãos. Sei que os funcionários e colaboradores a tratam muito bem. Sou muito feliz por fazer parte da Casa Madre Roselli e minha filha mais feliz ainda”, declarou ela.
Desafios para este ano
Em 2022, quando a instituição completa seus 70 anos, a diretoria e o conselho da Casa Madre Roselli têm muitos projetos e desafios. Um deles é o transporte das meninas da instituição para suas escolas. Hoje, os pais buscam ou contratam um serviço de van. “Estamos em negociação com uma empresa para fazer esse transporte com um preço acessível às famílias. Ainda não conseguimos dinheiro suficiente para comprar um transporte próprio, mas é uma meta a ser alcançada”, disse Maiby.
Outro desafio é a reforma do casarão, que é muito antigo. Com o aumento do valor dos alimentos, a instituição também precisa da ajuda para a compra de gêneros variados. “Doações em dinheiro para compra de carne, pão, frutas e outros perecíveis são bem vindas. Ou se preferir, doação de mantimentos não perecíveis também são necessários”, explica a diretora presidente.
A reforma do consultório dentário é outro desafio para a instituição. “Hoje, o Rotary Imperador está tentando parcerias com empresários para que possamos fazer a reforma do consultório dentário da instituição que atende as meninas, com trabalho voluntário da dra Maria José. O consultório que foi doado pelo nosso Rotary há 12 anos e está precisando de uma reforma. Alguns patrocínios já foram conseguidos, esperamos poder contar com mais pessoas abraçando esse projeto”, disse Elizabeth Pinto Ruiz de Castro, outra voluntária na casa.
Como ajudar
Quem quiser se voluntariar, doando seu tempo e trabalho em prol das meninas assistidas pela Casa Madre Roselli, basta visitar a instituição para conversar com a assistente social que apresentará a casa ou entrar em contato com algum membro da diretoria. A experiência é gratificante, conforme relato da vice- presidente da instituição, Carla Augusta Chermut dos Santos. “Se dividir entre a vida particular, profissional e de voluntariado é desafiador, mas sempre se dá um jeitinho. Fica um convite para você, que está acompanhando a nossa expectativa e alegria em comemorar os 70 anos da Casa Madre Roselli, junte-se a nós. Há uma necessidade grande em recebermos voluntários para várias ações. Você pode doar uma horinha da sua semana ou um pouco mais, quem sabe. Vamos pensar nesta bela possibilidade! Posso garantir que faz muito bem em todos os sentidos! Doações de mantimentos para as meninas, roupas e móveis para o bazar podem ser levados à instituição, que funciona na Rua General Osório, 266.
Contatos com a Casa Madre Roselli podem ser feitos pelo telefone (22) 2528-7345 ou pelo email: contato@casamadreroselli.org.br.
Doações em dinheiro, podem ser feitas através de depósito ou pix para:
Instituição das Obras Sociais Madre Roselli - chave Pix CNPJ 29.758.794/0001-39 - Banco do Brasil - agência 0335-2, conta 4505-5.
Para conhecer mais, visite o site www.casamadreroselli.org.br e acompanhe as redes sociais: @casamadreroselli no Facebook e no Instagram.
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