O preço do café no varejo aumentou mais de 30% este ano e deve subir mais. Os principais fabricantes do produto no Brasil preveem novos e expressivos reajustes nos preços para o consumidor, com acréscimos que podem ultrapassar 40% entre o final deste mês e o início de 2025. Nos supermercados e mercearias de Nova Friburgo os pacotes com 500 gramas de café em pó custam, em média, entre R$ 18 e R$ 30.
A alta reflete o aumento do valor do grão no mercado internacional, impulsionado por condições climáticas desfavoráveis. O grupo fabricante mineiro Três Corações, líder no setor, comunicou a seus revendedores que os produtos torrados, moídos e em grãos terão aumento de 20% até a próxima semana e um novo reajuste de 21% em janeiro de 2025. A empresa atribui a elevação à escalada histórica nos custos do café, causada por eventos climáticos recentes.
Os preços do café, dos tipos arábica e robusta, dispararam no mercado. E não foi somente no Brasil. Em outros países produtores, como o Vietnã e Colômbia, o valor do grão também teve altas consideráveis fazendo o café se tornar mais um artigo de luxo para os consumidores. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado na semana passada, o preço do café teve um aumento de 33% no acumulado dos últimos 12 meses e tende a continuar aumentando em 2025. Nos supermercados do país, o pacote de um quilo está sendo comercializado, em média, a R$ 48,57, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Em janeiro, o valor era de R$ 35,09.
Por que o café está cada vez mais caro
O preço do café disparou nos últimos anos por conta de uma série de fatores, mas, principalmente, por causa das mudanças climáticas, que ocasionaram seca e calor extremos, além da geada. Por ser uma planta sensível, o calor e a seca geraram um estresse para ela, que necessitou abortar os frutos para sobreviver. Para piorar, o cenário climático não tende a melhorar em 2025, o que continuará contribuindo para uma queda na produção do café.
Outro fator muito importante é que, mesmo com o aumento do preço, o consumo do café continua crescendo tanto no Brasil, quanto no mundo. Por conta da lei de oferta e procura, o preço aumenta para tentar equilibrar o mercado. Como o consumo em outros países também aumentou, a exportação é priorizada porque gera um lucro maior, o que acaba afetando o preço interno também. Entre janeiro e outubro de 2024, o consumo cresceu 0,78%, apontam dados da Abic.
Mudança nos hábitos de consumo
Com o café mais caro, consumidores estão ajustando seus hábitos. Algumas pessoas têm optado por marcas mais baratas, reduzindo a frequência de compra ou até mesmo substituído o café por alternativas mais acessíveis. A busca por promoções e a preferência por grãos de safras anteriores estão entre as estratégias adotadas para economizar. Apesar disso, o café mantém um forte apelo emocional entre os brasileiros, dificultando uma redução significativa no consumo. Por isso, a recomendação é buscar alternativas e gerenciar o consumo de maneira consciente.
Reportagem da estagiária Laís Lima sob supervisão de Henrique Amorim
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