Cães de rua também sofrem com o frio intenso em Friburgo

Falta de um canil público causa problemas na cidade
sexta-feira, 23 de julho de 2021
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
Cães cavam buracos na terra para se esquentarem
Cães cavam buracos na terra para se esquentarem

Cães abandonados pelas ruas sempre foram uma realidade em Nova Friburgo. Hoje, muitos protetores fazem campanhas nas redes sociais para a adoção, cuidados veterinários e, principalmente, conscientização sobre a responsabilidade de ter um animal doméstico. Mas, não há um canil público para recolhimento dos animais de rua. E, no inverno, eles também sofrem com as baixas temperaturas. Recebemos fotos enviadas por um leitor penalizado com a situação de três cães que tentavam se aquecer em um canteiro, no Centro. Mas essa é uma realidade encontrada em todo o município.

Entramos em contato com a prefeitura para saber como o poder público atua em situações como essa e a subsecretária de Bem Estar Animal, Luciana Pires, informou que a sua pasta é “um órgão fiscalizador de denúncias de maus tratos assim como um incentivador em campanhas presenciais e virtuais de adoção dos animais. A Ssubea (Subsecretaria de Bem-estar animal) atua orientando os tutores sobre a forma correta de cuidar dos seus animais. Também estão incluídos os cadastros para possíveis campanhas e futuramente castração dos “peludinhos.”

A responsabilidade do acolhimento, alimentação e cuidado dos animais de rua é totalmente dos protetores e dos moradores das vias onde eles ficam.   “Infelizmente, muitos cães que estão nas ruas, possuem casas, porém transitam livremente pelas ruas (o que é um erro grave e irresponsável dos seus tutores). Já outros se tornaram comunitários, devido ao abandono, transitam livremente e sempre se direcionam aos locais de costume, onde recebem alimento, água e carinho dos simpatizantes. Alguns em diversos bairros possuem suas casinhas comunitárias, cobertinhas e até mesmo roupinhas que são doadas por simpatizantes e protetores,” disse Luciana.      

Sofrimento para os cães e para a comunidade

Além dos próprios cães sofrerem com a situação de abandono, há também o risco para a população. Recentemente A VOZ DA SERRA publicou reportagem  relatando o ataque de um cachorro a uma mulher na Avenida Alberto Braune. O cão, nunca visto anteriormente no local, atacou pessoas que passeavam com seus cãezinhos pelas calçadas . “Estive no mesmo dia dos ataques na localidade para averiguar e fiz até um vídeo com esse cão, constatando através de investigação com pessoas da área, que o mesmo atacava cães que estavam com seus donos presos, em suas guias, pois tentava se aproximar dos mesmos e no ato de reflexo e proteção dos tutores, infelizmente o ataque acontecia. E através de busca de informações sobre o mesmo, perguntando às pessoas que estavam sentadas nos banquinhos, recebi a informação de que o cão estava com um casal que se dirigiu à Rua Cristóvão Colombo. O cão nunca mais foi visto por lá”, relatou ela, que na ocasião, acionou o Corpo de Bombeiros e também os responsáveis pelo abrigo conveniado com a Secretaria de Serviços Públicos, o Combina (Companhia dos Bichos e da Natureza). Pelas redes sociais, a Subbea tentou localizar o tutor do cão para notificá-lo e determinar que o mantenha preso em casa. 

Sobre o castramóvel

 A Prefeitura de Nova Friburgo informou que adquiriu um trailer para ser utilizado na castração dos animais, mas ele nunca foi usado. Segundo a Subsecretária de Bem Estar Animal, é um trailer vazio, adquirido pelo governo anterior, sem planejamento ou projeto de castração. “Cabe ressaltar que o trailer não anda sozinho e necessita de um veículo para puxá-lo, o que se enquadra também na falta de planejamento na escolha feita pois a prefeitura não possui tal veículo”, explicou a pasta, acrescentando que “o castramóvel irá funcionar assim que toda documentação, incluindo termos de referências, projetos de castração em castramóveis e demais exigências estiverem liberadas”. 

Artigo

O esforço que os animais fazem para se comunicar conosco, por Gilberto Pinheiro*

“É preciso entender que eles são sencientes e isso não é suposição - é verdade! A vida é uma escola e aprendemos diariamente, desde que estudemos em fontes confiáveis. Eu sou assim e o que conheço hoje, amanhã, poderá ser modificado, tendo outra interpretação, à luz do conhecimento científico. Os estudos contínuos são a bússola que me orienta em direção ao norte do saber. Por isso, dedico-me aos que comprovam ancorados na neurociência, especificamente, sobre a senciência dos animais, estudos, por sinal, bastante atualizados. Senciência significa "ter consciência, sentimentos e emoções" e todos animais são sencientes.  A neurociência comprovou que os animais possuem os substratos neuroquímicos, neurofisiológicos e neuroanatômicos, responsáveis por essas peculiaridades que não são exclusivas dos humanos.

E caminhando nessa estrada, cito um relato da psicóloga Beatrice Lydecker, autora do livro “What The Animals Tell Me” - O que os animais me ensinaram - entendendo que o esforço que eles fazem para se comunicar conosco, é imensamente maior do que possamos imaginar. Comunicam-se através de percepções extrassensoriais e isso não gera mais dúvida. Ela cita uma série de testes, cujos resultados demonstram como um tutor de animal pode se comunicar com ele, utilizando uma linguagem não verbal, visualizando aquilo que deseja. É a mesma opinião de zoólogos tais como Maurice e Robert Burton, autores da enciclopédia “Inside The Animal World” - Por dentro do mundo animal - cuja obra explicita exemplos de telepatia animal. Uma prova está no fato da morte de Lawrence Anthony em 2012, conhecido como o encantador de elefantes, cuidando deles diariamente. Ele e esses animais pareciam conversar, haja vista a aproximação e o carinho entre eles.

Lawrence ia diariamente ao encontro desses paquidermes. Um dia, não apareceu, assim como outros e os elefantes que ele cuidava, sentiram sua falta e  foram à sua casa e, acreditem, depois de caminharem 12 quilômetros lá chegaram, ficando em frente à residência e, silenciosamente, permaneceram. Pareciam saber que o grande amigo tivera morrido e ....choraram! E descobriram o caminho por mera intuição. Incrível, não é mesmo?

A esposa do cuidador desses animais cumprimentou um por um, acariciando-os e ali permaneceram por aproximadamente duas horas e, posteriormente, partiram tristes, parecendo saber que o encantador de todos eles tinha falecido. Isso não é coincidência - é percepção extrassensorial! O pesquisador norte-americano J.B.Rhine, considerado o pai da parapsicologia científica, já tivera afirmado que experimentos bem controlados sobre a percepção extrassensorial dos animais, evidenciava a capacidade dos mesmos transmitirem e receberem mensagens telepáticas, sendo, por sua vez, uma particularidade adquirida pelo organismo desses paquidermes. Eis uma das provas insofismáveis da senciência animal.  

Essa, por conseguinte, é uma das evidências, demonstrando a consciência, emoção e sentimento deles, um marco na ciência moderna, à luz de muitos estudos, modificando os paradigmas ultrapassados que sempre entenderam os animais como seres inferiores, ancorados na ontologia cartesiana que o tempo demonstrou o quanto o filósofo francês estava enganado.

Outra situação interessante que devemos levar a sério, aduz ao fato que a expressão "memória de elefante" surgiu porque a manada que caminha centenas de quilômetros em suas constantes migrações é capaz de lembrar, ano após ano, as melhores fontes de água e alimentação.  Além disso, conseguem resolver problemas pela "intuição", fato constatado por experimentos realizados no Zoológico Nacional de Washington, nos Estados Unidos.

Outro fato interessante inclina-se para a sensibilidade apurada, como o luto dos animais. Destaco também que essa peculiaridade não é apenas de elefantes, mas, de todos mamíferos, além de aves e, possivelmente, anfíbios. Continuo meus estudos para a boa divulgação do bem-estar de toda fauna na Terra, ciente que os animais não podem continuar a ser maltratados. Eles merecem viver livres como nós, sem a perturbação e crueldade humanas, na certeza de que são sencientes, tendo consciência, sentindo emoções, além de sentimentos. E uma vez mais enfatizo: tais ensinamentos precisam ser matéria escolar, inclusive, no curso superior, como disciplina propedêutica. Existe escopo jurídico cada vez mais adequado aos novos tempos. Por que então desperdiçar esses conhecimentos? Pensem nisso. 

Recentemente foi criada a lei federal 14.064/20 que protege exclusivamente cães e gatos - Lei Sansão, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. Os que maltratam esses animais e forem denunciados, serão levados à Justiça e poderão ser condenados de um a cinco anos de reclusão, sem atenuante. Caso você presencie algum crime contra eles, grave um vídeo ou tire foto, denunciando à delegacia de Polícia mais próxima.

Gilberto Pinheiro é jornalista e palestrante em escolas e faculdades, destacando sempre a senciência e os direitos dos animais.

 

LEIA MAIS

Previsão é que a chuva diminua, mas há possibilidade de pancadas isoladas até o fim de semana

Ideal é votar pela manhã, para evitar possíveis pancadas à tarde

A previsão de altos acumulados de chuva e ventos podem provocar transtornos

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: PET | Clima