Autor de estudo defende flexibilização com segurança

Rafael Spinelli reforça que, mesmo com reabertura gradual, isolamento é necessário: "Volta à normalidade só vai ser possível mais para frente”
terça-feira, 19 de maio de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Tafael Spinelli, o autor do estudo
Tafael Spinelli, o autor do estudo

A edição do último fim de semana de A VOZ DA SERRA apresentou um estudo sobre a disseminação do coronavírus, em que representantes do comércio e da indústria se baseiam em um estudo para sugerir uma possível flexibilização, com uma retomada gradual da atividade econômica do município. O estudo em questão foi elaborado pela empresa friburguense People & Business Solutions, que mostrou que, entre 23 de abril e 11 de maio, a taxa de transmissão da doença, qualificada como R0 (lê-se ‘R’zero), ficou abaixo de um ponto, patamar internacional utilizado para estabelecer controle na propagação do coronavírus.

Já nesta segunda-feira, 18, voltamos a procurar o autor da pesquisa, o engenheiro mecânico Rafael Spinelli Parrilha, para esclarecer alguns dados importantes referentes ao estudo, bem como apresentar os gráficos que o embasaram, além de reforçar que, apesar de a pesquisa indicar a possibilidade de flexibilização em Nova Friburgo, o isolamento social ainda é necessário e parte importante no processo de controle e enfrentamento à doença.

“Em nenhum momento estamos colocando como proposta uma volta à normalidade, o que só vai ser possível muito mais para frente. O ideal é que isso só ocorra quando tivermos disponível uma vacina contra o vírus”, esclareceu Rafael, que continuou: “O que a gente destaca é a importância de se medir a taxa de transmissão e a velocidade que a epidemia é transmitida no período de incubação, que é de 14 dias. A taxa de transmissão, que é o parâmetro R0, deve ser sempre menor que 1, o que significa que, em média, uma pessoa contaminada infecta, no máximo, outra pessoa. Quando esse parâmetro indica que cada indivíduo está contaminando mais que uma pessoa, é preciso apertar as medidas de prevenção e isolamento. Mas quando esse parâmetro está abaixo de 1, permite alguma tipo de flexibilização”, afirmou Rafael.

O autor da pesquisa também destaca que a obrigatoriedade do uso de máscaras de barreira foi um fator determinante para diminuir a taxa de transmissão no município: “Para isso me baseei em um artigo de J. Howard que demonstra a eficiência do uso de máscaras para a contenção da pandemia. Ele pega pesquisas de locais que utilizaram a máscara e compara com outros que não utilizaram o acessório. E a taxa de transmissão cai de um fator 2,4 para até menos de 1, apenas com o uso das máscaras. Analisando os dados de Nova Friburgo, foi exatamente isso que aconteceu aqui na cidade. Após o decreto 545, de 22 de abril, que obrigou o uso de máscaras em ambientes compartilhados do município, no início de maio, pela primeira vez a taxa de transmissão ficou abaixo de 1, exatamente após esse período de incubação, e se mantém abaixo de 1, o que permitiria essa flexibilização na reabertura da atividade econômica”, pontuou.

Proteção para evitar novos casos 

Apesar de o estudo apontar a possibilidade da flexibilização em Nova Friburgo, Rafael Spinelli, lembra que ela deve vir acompanhada de uma série de medidas de proteção para evitar que a taxa de transmissão volte a crescer no município: “Mesmo com R0 abaixo de 1, o sistema de saúde tem que ter a capacidade de receber novos doentes e a taxa de ocupação dos leitos não pode estar saturada. Ou seja, não pode haver flexibilização se a taxa de ocupação dos leitos estiver saturada. Também é muito importante destacar que a flexibilização tem uma série de contrapartidas na questão de prevenção. Ela teria que ser feita, obviamente, com limitação de horário e de público para evitar aglomerações, além do uso de máscaras e álcool em gel por funcionários e clientes”, afirmou Rafael, que completou: “Outro ponto importante para a flexibilização é o transporte público, que tem que ter capacidade de atender à população e não gerar aglomerações. Fora isso, também colocamos como pontos importantes a proibição de eventos, a restrição de circulação de grupos de risco e a adoção de trabalho remoto sempre que possível. Mesmo com a flexibilização, as pessoas só devem sair de casa caso haja necessidade”.

Rafael Spinelli também defende a adoção de medidas semelhantes às do Estado do Rio Grande do Sul, que mede a taxa de transmissão e estabelece o padrão de bandeiras – vermelho, laranja, amarelo e verde: “As medidas de isolamento nas cidades do Rio Grande do Sul são determinadas de acordo com essa taxa de transmissão e de ocupação dos leitos. Ou seja, haverá mais flexibilizações quando todos os indicadores permitirem, que é quando a bandeira está verde. E quando a bandeira chega ao padrão vermelho, significa que aquela região necessita de um isolamento total. Proponho que poderíamos utilizar esse método em Nova Friburgo. Mas precisamos melhorar a transparência da informação para que possamos adotar essas medidas. A questão da testagem também é muito importante para que tenhamos confiança para trabalhar com os dados. É urgente que se aumente a quantidade de testes feitos em Nova Friburgo para que possamos implantar esse isolamento inteligente, com o padrão de bandeiras na cidade”, finalizou o autor da pesquisa.

 

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