Nesta sexta-feira, 21, feriado nacional de Tiradentes, celebra-se também o Dia de Olaria, o maior e mais populoso bairro de Nova Friburgo. A data foi criada a partir de uma lei municipal promulgada há 14 anos. Como acontece todos os anos nesta ocasião, a prefeitura organizou um evento especial que será realizado neste feriado, na Rua Vicente Sobrinho, a partir das 14h, com animação do DJ Zulu e apresentações dos alunos do Ponto de Cultura de Olaria; 15h, chorinho com a Banda Euterpe Friburguense; 15h30, aula de dança com o professor Gamel e a partir das 16h, shows especiais das escolas de samba Unidos do Imperador e Imperatriz de Olaria e às 18h, muito pagode e samba com o Grupo Fato Consumado. Haverá também serviços de saúde e ações de conscientização e prevenção da dengue e infecções sexualmente transmissíveis.
A festividade será uma boa oportunidade para os moradores se confraternizarem e friburguenses e turistas irem às compras nas lojas do Polo de Moda Íntima, mas nem tudo em Olaria é motivo de comemoração. Isso porque há problemas no bairro que se arrastam há anos e não são solucionados. Um deles é o abandono das obras do Espaço Multiuso, na Rua Vicente Sobrinho, local onde funciona atualmente o pátio da Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu). Iniciada no final de 2020, com investimento de quase R$1,5 milhão, a obra que deveria ter sido entregue em seis meses, está abandonada.
O local deveria ser destinado a abrigar as demandas sociais e culturais do bairro, entre elas reuniões, eventos, exposições culturais e festejos, hoje realizados em diferentes lugares. Além disso, o novo espaço multiuso abrigaria a tradicional feira livre de Olaria que, é realizada há mais de 50 anos às quintas-feiras na Rua Vicente Sobrinho e aos domingos se estende também por um trecho da Avenida Presidente Vargas e conta com cerca de 170 feirantes e mais de 400 barracas.
Em nota, a Prefeitura de Nova Friburgo informou que a obra do espaço multiuso em Olaria está paralisada porque o contrato com a empreiteira responsável pela intervenção será rescindido por motivos técnicos e que o projeto está sendo revisado, especialmente quanto à questão da estrutura do telhado.
Nos dias em que a feira livre é realizada, principalmente aos domingos, a Rua Presidente Vargas, a principal do bairro, é fechada ao trânsito, causando transtornos aos motoristas e trazendo riscos de acidentes, já que a Rua Gustavo Lira, que é mão única, passa a ter mão dupla, inclusive com tráfego de ônibus e caminhões. O transtorno é maior, quando a Via Expressa é fechada para a realização do evento Domingo de Lazer, que ocorre uma vez por mês. Nessa ocasião, a única opção dos motoristas para chegar ao bairro Cônego é seguir pela Avenida Júlio Antônio Thurler.
A ideia de transferir a feira de lugar divide opiniões e preocupa os feirantes, que dizem não terem sido consultados sobre a possível mudança. Quem apoia a troca de lugar da feira livre alega que o espaço multiuso vai permitir a melhor organização das barracas de legumes e frutas, além de desafogar o tráfego de veículos na região. Quem é contra a mudança defende que o espaço multiuso será pequeno para abrigar a quantidade de barracas e feirantes.
Sobre a polêmica, a prefeitura informou que, primeiro vai avançar no processo e, simultaneamente, no diálogo com as partes envolvidas, moradores de Olaria e feirantes.
Praça da Cidadania subutilizada
A Praça da Cidadania, localizada na área de eventos da Via Expressa, é dotada de vários equipamentos esportivos, biblioteca com dois mil exemplares de livros e computadores e ainda um teatro com capacidade para 100 pessoas. Depois de ter sido vandalizada e transformada num ponto de concentração de usuários de drogas, foi reformada, mas nunca foi usada em sua totalidade.
O local abriga hoje um projeto do Governo Federal que tem como objetivo promover o desenvolvimento social, cultural e esportivo de comunidades de baixa renda por meio da construção de espaços públicos multifuncionais. Esses espaços combinam equipamentos culturais, esportivos e de assistência social em um único local, oferecendo uma ampla variedade de atividades e serviços para a população.
De acordo com a prefeitura, a subutilização do local se deve a diversos problemas durante sua construção o que demandou a necessidade de adequações para que o projeto original pudesse ser concluído. A prefeitura informou também que, atualmente, está em processo de orçamento para que, no início do segundo semestre, as obras possam começar.
Segundo ainda a prefeitura, atualmente o espaço vem sendo utilizado para a prática esportiva, servindo para o treinamento de times de basquetebol e vôlei feminino, além da oferta de aulas de dança e treinamentos de mobilidade para a terceira idade ministradas pela professora Luciane Ferreira, da Secretaria de Esportes, através do Projeto Maturidade.
Shows na Via Expressa causam transtornos
Os shows realizados no espaço de eventos da Avenida José Pires Barroso, a Via Expressa, estão no rol de problemas enfrentados pelos moradores de Olaria. Inclusive, este foi um dos temas mais abordados na audiência pública que discutiu a perturbação do sossego, realizada na Câmara Municipal em junho do ano passado. Na ocasião, moradores do bairro relataram os transtornos pelos quais passam durante os eventos promovidos na Via Expressa.
Sobre os eventos de grande porte com propagação de alto som até a madrugada, alguns moradores se manifestaram na audiência destacando não serem contrários à produção dos shows. Foi levantada a questão da falta de limites do volume do som e do término dos eventos, que chegam a fazer portas e janelas tremerem e invadem as madrugadas.
Além do alto volume e falta de limite de horário de término, os moradores relataram a arruaça feita por alguns frequentadores desses shows, como o estacionamento de veículos em locais proibidos, o domínio de flanelinhas nas ruas próximas, inclusive criando "estacionamento" em meio a alameda central do condomínio Vila das Flores, dificultando a passagem de outros carros. Além disso, no final dos shows, costuma sempre haver a quebra de garrafas nas ruas, grupos permanecem nas ruas junto a veículos com o som em volume altíssimo, além da depredação de jardins e equipamentos dos condomínios próximos ao local dos shows.
De acordo com o vereador Wellington Moreira, propositor e presidente da audiência pública, ainda não há desdobramentos da ação. Em nota, a prefeitura informou que que eventos em área pública são passíveis de autorização prévia da Prefeitura de Nova Friburgo, porém, não há regulamentação que determine os horários de duração dos eventos.
Informou também que existem plantões da Subsecretaria de Posturas, da Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) nos eventos para a fiscalização das licenças emitidas pela prefeitura. Nos casos de shows e eventos, existem fiscalizações que verificam as licenças dos órgãos autorizativos. Mas o horário de atendimento da subsecretaria é entre 9h e 17h, ou seja, não há atendimento nos horários noturnos e fins de semana, quando geralmente acontecem os shows.
A nota informa ainda que a Secretaria de Ordem Urbana possui decibelímetro para as medições realizadas em locais com ou sem alvará de funcionamento para análise da vedação acústica. Em locais de show autorizados pela prefeitura não há vedação acústica, portanto, não existe a possibilidade de medição com decibelímetro.
Em relação ao estacionamento irregular, a prefeitura informou que a Smomu está presente nesses eventos para organização do tráfego na localidade, fechamento de vias e orientação para rotas alternativas. As medidas administrativas de autuação são realizadas se forem constatadas irregularidades.
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