Amado por alguns e odiado por outros, o horário de verão transcende questões de gosto pessoal e é tratado, no setor de energia, como uma possível estratégia para solucionar problemas no sistema elétrico brasileiro. Em maio, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou, no Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), uma recomendação para que o governo brasileiro volte a adotar o horário de verão este ano no país.
Medida é caracterizada pelo adiantamento dos relógios em uma hora propiciando maior aproveitamento da luz natural do dia
O objetivo é "mitigar possíveis déficits de potência [energética] no período seco", diz a justificativa do ONS. "A depender das projeções de atendimento para os próximos meses, a adoção do horário de verão pode, eventualmente, ser recomendada ao CMSE como uma ação imprescindível", completou. O horário de verão costuma ser adotado no Brasil no período entre o terceiro sábado de outubro e o terceiro sábado de fevereiro do ano seguinte. Para implantá-lo este ano, a decisão deve ser tomada, pelo menos, três meses antes.
Ainda de acordo com o ONS, o horário de verão ajuda a aumentar o aproveitamento das fontes de energia solar e eólica, além de reduzir as demandas de energia no Brasil. Desde a sua adoção, que passou a ser anual a partir de 1985, o horário de verão tem a intenção de promover uma economia no consumo de energia, uma vez que as pessoas teriam mais tempo de luz natural.
No entanto, por conta da mudança de comportamento da sociedade, a medida foi deixando de ser eficaz. Até que, em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) suspendeu a medida que consiste no adiantamento dos relógios em uma hora propiciando dias maiores com consequente redução do consumo de energia elétrica nos horários de pico, como entre 18h e 21h. A medida volta a ser discutida não por sua eficácia para economizar energia, mas por ser uma alternativa de aproveitamento da geração de energia solar, reduzindo o acionamento de termelétricas, mais caras e poluentes.
Futuro
Para os próximos anos, é estimado um acréscimo de 36 Giga Watts (GW) de capacidade instalada, em relação ao gerado em dezembro de 2024, totalizando 268 GW até 2029. A MMGD, em conjunto com fonte solar, corresponderá a 32,9% da matriz elétrica em 2029, fazendo com que a fonte solar seja a segunda maior em termos de capacidade instalada do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Para o operador, a mudança no perfil da matriz elétrica, com a crescente participação das fontes renováveis no atendimento ao SIN, trouxe novos desafios para a operação e tem exigido maior flexibilidade na operação, especialmente das usinas das hidrelétricas, que são mais controláveis, além do despacho das termelétricas.
A avaliação do ONS é que, diante do cenário atual, haverá necessidade de preparar o sistema para elevados montantes de despacho termelétrico no segundo semestre para o atendimento de potência sob o ponto de vista conjuntural, principalmente a partir de outubro deste ano. “Observa-se, em todo o horizonte, necessidade de elevado despacho térmico adicional ao previsto para atendimento energético, sendo que grande parte dos cenários já indica a necessidade de utilização da reserva de potência ao longo do segundo semestre de 2025”, diz o documento.
O documento traz as avaliações das condições de atendimento ao mercado previsto de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) para o período de 2025 a 2029.
(Fonte: Agência Brasil, G1 e Veja)
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