Mais de 800 milhões de pessoas no mundo vivem com diabetes

Especialistas destacaram estudos que demonstram que o pâncreas tem capacidade natural de se regenerar
sexta-feira, 13 de junho de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Freepik)
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Atualmente estima-se que mais de 800 milhões de pessoas no mundo vivam com diabetes. E aproximadamente mais da metade dos adultos com diabetes — com mais de 30 anos —, não estão recebendo tratamento adequado, o que agrava o risco de complicações graves e até mesmo de óbitos prematuros.

Mesmo antes de uma cura definitiva, essas inovações podem transformar a qualidade de vida dos pacientes
Apesar de ainda ser uma doença grave e crônica, a diabetes pode estar mais próxima de uma cura, graças a avanços promissores em pesquisas sobre regeneração do pâncreas.

Durante o Congresso Nacional da Fundação da Sociedade Espanhola de Diabetes, especialistas destacaram estudos que demonstram que o pâncreas tem capacidade natural de se regenerar, mesmo décadas após o início da doença. O grupo liderado por Juan Domínguez-Bendala, da Universidade de Miami, investiga como estimular células progenitoras do próprio pâncreas para que voltem a produzir insulina, evitando transplantes invasivos ou modificações genéticas.

O uso de um fator de crescimento já aprovado e teoricamente seguro, o BMP-7, tem mostrado bons resultados ao reativar a produção de células beta, essenciais para o controle da glicose. A técnica ainda está em fase experimental, mas poderá revolucionar o tratamento, especialmente para pessoas com diabetes tipo 1.

Embora desafios permaneçam, como a possível rejeição imunológica das novas células, os pesquisadores acreditam que essa estratégia pode ser combinada com terapias que controlam o ataque autoimune.

“Mesmo antes de uma cura definitiva, essas inovações podem transformar a qualidade de vida dos pacientes. Há consenso entre os especialistas: o futuro da diabetes caminha rumo a tratamentos regenerativos eficazes — e mais próximos do que se imaginava”, avaliou Domínguez-Bendala.

Descobertas representam avanço, mas é cedo para falar em cura

Enquanto isso, pesquisadores chineses têm surpreendido o mundo com avanços promissores no tratamento da diabetes. Recentemente, cientistas da Universidade de Pequim afirmaram ter desenvolvido uma terapia com células-tronco que, segundo eles, resultou na cura da diabetes tipo 1 em uma jovem de 25 anos. 

Em Xangai, outra equipe divulgou uma conquista no tratamento experimental da diabetes tipo 2, em um homem de 59 anos, usando transplante de células pancreáticas.

A professora Maria Elizabeth Rossi, endocrinologista e chefe do Laboratório de Investigação Médica da USP, comenta o assunto. Segundo ela, é cedo para falar em “cura”. 

“São procedimentos recentes, de um a dois anos de duração, com bons resultados, mas não podemos ainda afirmar que a diabetes foi curada. Podemos falar em controle da glicemia, já que o tempo de observação é muito curto”, explica a especialista.

Diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, na qual o sistema imunológico destrói as células beta, responsáveis pela produção de insulina. Já no tipo 2, a doença está relacionada ao envelhecimento e ao estilo de vida, e o corpo ainda produz insulina, mas ela não funciona de forma eficaz. A professora destaca que esses tratamentos experimentais são diferentes e voltados para públicos específicos.

No caso do tratamento para diabetes tipo 1, realizado em Pequim, as células-tronco foram extraídas do tecido adiposo da paciente, tratadas quimicamente e reintroduzidas em seu corpo, onde foram capazes de produzir insulina. 

“Durante um ano, essa produção foi suficiente para que a paciente não precisasse de injeções de insulina, o que é um grande avanço. No entanto, falar em cura ainda é precoce”, reitera a professora.

Sobre diabetes tipo 2, a terapia aplicada em Xangai envolveu o transplante de células pancreáticas. Embora a doença seja menos agressiva, no caso desse paciente os tratamentos convencionais não estavam surtindo efeito, o que o aproximou do quadro de diabetes tipo 1, necessitando de insulina constante. 

“Diabetes tipo 2 afeta muito mais pessoas e, inicialmente, pode ser tratado com medicamentos que aumentam a produção ou melhoram a eficácia da insulina”, explica a médica.

Impactos nos tratamentos

Maria Elizabeth destacou que esses novos tratamentos não são soluções amplamente acessíveis. “São procedimentos caros, que requerem uma equipe altamente especializada. Não é algo que possa ser aplicado de forma populacional. No Brasil, cerca de 10% da população é afetada por diabetes, e não temos condições de oferecer um tratamento tão individualizado”, comentou.

Além do custo elevado, a especialista alerta para complicações que podem surgir com esses tratamentos experimentais, como infecções ou rejeição dos tecidos transplantados. “No caso de diabetes tipo 1 é necessário o uso de imunossupressores, o que pode causar efeitos colaterais graves”, ela aponta.

Um ponto de preocupação mencionado pela professora é o uso de células pluripotentes, que têm a capacidade de se transformar em diferentes tipos de tecido. 

“Há o risco de que essas células se transformem em tumores. Embora os pesquisadores tenham realizado muitos testes em animais, ainda é cedo para garantir total segurança”, afirma ela.

Mesmo com todos esses desafios, a especialista reconhece que esses estudos representam passos importantes para a ciência. “Estamos vendo novas abordagens para o tratamento de uma doença que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. É um avanço significativo, mas precisamos de mais tempo e pesquisas para entender as implicações a longo prazo”, disse.

Por fim, ela ressaltou a importância da prevenção, especialmente no caso da diabetes tipo 2. “Embora os avanços sejam promissores, o ideal é evitar que a doença se desenvolva. Mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e prática de exercícios físicos, são fundamentais para prevenir diabetes”, concluiu. 

Resumindo, embora os avanços científicos sejam empolgantes, ainda há muitas barreiras a serem superadas antes que esses tratamentos possam ser amplamente adotados. “O caminho é promissor, mas ainda temos muito a aprender”, finalizou a professora Maria Elizabeth Rossi.

 

(Fontes: infomoney.com.br, OPAS e saudejornal.usp.br)

 

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