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Viajantes dos livros

Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
O livro se abre e, de repente, um universo inteiro nos engole. O tempo desacelera, as preocupações se dissipam e nos encontramos ali, entre palavras, ideias, vidas que não são nossas, mas que, de alguma forma, nos pertencem. Só quem já se perdeu entre páginas sabe o afago que um bom texto pode proporcionar. A leitura é um refúgio, um convite a sentir, a pensar e, principalmente, a existir de outras maneiras.
Em tempos acelerados, onde tudo parece transitório e descartável, a leitura nos ensina a arte da permanência. Um bom livro não passa, ele fica. Cria raízes em nossa memória, amplia horizontes, provoca reflexões. E se observarmos bem, até mesmo os silêncios entre as palavras têm o poder de falar. Aliás, a leitura ensina a escutar, e quem lê bem aprende a ouvir melhor.
Mas não nos enganemos: ler não é apenas um ato de contemplação. É também, e talvez sobretudo, um exercício de transformação. Um livro pode mudar uma vida. Um parágrafo pode revolucionar uma ideia. Uma frase pode iluminar um dia inteiro. E quantas vezes não fomos arrebatados por uma história, por um pensamento que parecia feito sob medida para nós? A leitura nos veste e nos despe. Faz com que descubramos mais sobre nós mesmos e sobre o mundo.
Falemos de perspectivas. Um mesmo livro lido em diferentes momentos da vida pode trazer ensinamentos completamente novos. A literatura cresce conosco, se molda às nossas vivências. O mesmo trecho que um dia passou despercebido pode, anos depois, se tornar um abraço em palavras. E assim seguimos, voltando a páginas queridas, relendo trechos como quem revisita lembranças queridas.
E por falar em lembranças, quem não guarda na memória a emoção do primeiro livro? O primeiro encontro com personagens que pareciam amigos, o cheiro das páginas novas (ou antigas), a sensação de entrar em um mundo inédito. A leitura é, para muitos, uma herança afetiva, um legado que atravessa gerações. É um vínculo com quem fomos, com quem somos e com quem ainda seremos.
No entanto, é preciso lembrar que o hábito da leitura precisa ser cultivado. Num mundo de distrações constantes, onde as telas competem ferozmente pela nossa atenção, reservar tempo para um livro é um ato de resistência. Mas que resistência mais prazerosa! Sentar-se num canto tranquilo, abrir um livro e permitir-se essa pausa necessária. Quem lê, carrega consigo não apenas histórias, mas sabedoria, empatia, liberdade.
Afinal, a leitura nos torna viajantes sem precisar sair do lugar. Nos faz voar sem asas, sonhar sem fechar os olhos, aprender sem que pareça um esforço. Ler é ter o privilégio de viver muitas vidas dentro da nossa. E se “voar” fosse um verbo aplicável à leitura, eu diria, sem hesitar: estou voando. E você?

Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
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