O que nos prende ao passado
Tem que saber deixar ir embora, quando chega a hora de algo partir
“Os sinais de que algo não faz sentido são mais evidentes do que gostamos de admitir. O problema não está em percebê-los, mas em aceitar que essas escolhas não fazem mais sentido”, completa Adriana.
Segundo Paula Coaglio, o apego, a teimosia, a busca por amor, por companhia e por felicidade, às vezes, nos faz forçar demais alguma situação que não é boa, mas que temos a esperança de que mude ou melhore.
“Costumo dizer que sofremos por teimosia, por querer que tal pessoa se encaixe na nossa vida, por exemplo. Mas ela não faz parte ou não quer fazer. Então, praticar o desapego em todas as áreas faz bem. Desde doar uma roupa que não se usa a deixar alguém que não quer ou não consegue estar ali ir embora”, explica a psicóloga.
Deixe a culpa fora da conta
Além disso, a culpa que carregamos pode nos paralisar. A gratidão por algo que um dia nos fez bem é importante, mas é preciso reconhecer quando chegou a hora de partir.
“Muitas vezes temos uma dívida de gratidão”, ressalta Paula. Mas algo de bom que aconteceu no passado não necessariamente vai continuar sendo bom. “As pessoas mudam, as situações também mudam. Mas o cérebro é viciado em prazer. Se aconteceu algo bom, ele quer que esse acontecimento se repita. E aí ficamos eternamente colocando expectativas em algo que não volta mais.”
Precisamos lidar com a sensação ruim do desapego para que algo finalmente passe. “É preciso entender que aquilo não volta. Com certa frequência, precisamos de ajuda profissional para lidar com a dor e a culpa”, acrescenta.
Como mudar sem perder a motivação
Começo do ano é sempre repleto de vontades. Vontade de ser mais saudável, de encontrar um amor, de deixar para trás o que não faz sentido. Mas no decorrer dos meses, sabemos que muita coisa fica apenas no papel. Para que as mudanças sejam efetivas e você não recaia naquilo que não te cabe mais, Adriana destaca :
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Em primeiro lugar, prepare-se para o desconforto. “Mudanças, especialmente as que envolvem desapego, trazem desconforto. Pode surgir a vontade de desistir ou a sensação de que ‘não devia ter feito isso’. É normal”;
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Uma segunda etapa é escrever uma carta para você mesmo. Hoje, enquanto se sente motivado, escreva uma carta para o seu ‘eu futuro’, lembrando-o de por que começou essa mudança”;
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Esse momento de escrita, além de terapêutico, pode servir como um guia durante os próximos meses, quando a culpa, o medo e a insegurança baterem na porta;
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“Seja compassivo com você mesmo. Reconheça que o desapego é desafiador e não se critique por sentir dificuldade”. Em vez disso, ela sugere se tratar com gentileza, lembrando que estar no caminho, mesmo com tropeços, é uma demonstração de coragem.
Tropeçar no caminho faz parte
Nesse processo, também é necessário aceitar os momentos de pausa e sensação de retrocesso. Então, se perceber que está estagnado, lembre-se: isso também faz parte. Adriana explica que “às vezes, esses períodos de inação são momentos de maturação emocional e reflexão. Processar o que está acontecendo internamente é tão importante quanto as ações externas”.
Por fim, busque apoio. A especialista reforça que terapia e práticas como a escrita ajudam a organizar os pensamentos, lidar com as emoções e ganhar clareza. São ferramentas valiosas para manter o compromisso com o processo.
Afinal, desapegar nunca é fácil. Seja de uma roupa, de um emprego ou de um relacionamento. Porém, mais difícil ainda é enfrentar os próximos 365 dias carregando o peso de algo que não faz mais sentido em sua vida.
Sempre que um ano acaba, é comum ouvirmos por aí sobre como o tempo voa, e como o ano passou correndo. De fato, o viver acontece rápido. Por isso, não deixe para depois o que se pode mudar hoje. Que o ano novo lhe dê forças para desapegar e viver com mais leveza.
(Fonte: vidasimples.com/
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