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Um expresso, por favor
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
Dia desses o cansaço brotava pelos poros. Semblante taciturno, aspecto de melancolia, postura encurvada. Todo mundo vive esse dia. E os conselhos surgiam na mesma velocidade que o sono: “você precisa comer”, “precisa dormir”, “precisa relaxar”, “precisa viajar”, “precisa se cobrar menos”, “ser menos ansiosa”, “gastar menos tempo no celular”, “se preocupar menos com os outros”, “dar o melhor de si dentro das suas possibilidades”, “entender que há limites”. Etc, etc, etc.
Creio que nessas horas, muitos saibam como a xícara de um bom café pode ser um grande aliado. Foi então que lancei mão desse parceiro algumas vezes naquele dia. E a conta chegava: “você está bebendo muito café”, “café faz mal para o estômago”, “assim não vai dormir”, “não vai conseguir descansar”. Ok. Há um limite orgânico para desfrutar dos prazeres do café em um mesmo dia.
Que tal então lançar mão do prazer do chocolate? Aquele pedacinho depois do almoço, para adoçar a vida. E logo vem a sociedade cobradora indagar porque não o chocolate amargo. Ok, sigamos. Pausa para rir um pouco no grupo dos amigos pelo celular. E lá vem: “olha a postura”, “por isso o pescoço dói”, “você não desconecta, não consegue relaxar”. Tudo bem. De volta ao trabalho. Glorioso trabalho. E lá vem: “você trabalha muito”, “não consegue fazer uma pausa”, “não vai dar conta”, “precisa descansar”.
A sociedade cobradora adora ainda cobrar a conta dos acontecimentos. Já perceberam? Tudo já foi avisado, já foi alertado, já foi dito e já foi feito. Não sobra nada. Aliás, tudo já é sabido, logo, não se precisa aprender mais nada. Nada como ser uma pessoa sã e observadora em meio a tudo isso. A ebulição dos fatos, os nervos à flor da pele, os ânimos inflamados e tanta gente cuidando menos de si e mais das vidas dos outros, nos mínimos e menos importantes detalhes.
No final das contas, no final do dia, ter um bom trabalho, poder desfrutar das xícaras de café quente, rir no grupo dos amigos e ter pessoas que se importam conosco é uma grande alegria. Viva a nossa gente cobradora. Quanto à sociedade sabe tudo, deixa pra lá. Pra agora, um café expresso e um pedaço de chocolate (meio amargo), por favor!
Paula Farsoun
Com a palavra...
Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.
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