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Tomar medicamentos de maneira correta é muito importante
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Hoje abordarei um tema que é pouco discutido entre médicos e pacientes, durante uma consulta, mas a meu ver muito importante e que merece uma reflexão mais profunda. O sucesso da maioria de um tratamento, depende do uso correto da medicação e é justamente aí que está o problema. É claro que à medida que o tempo passa, muitas pessoas se conscientizam da necessidade de se respeitar a prescrição médica, mas ainda existem aqueles, que pouco esclarecidos, acreditam que cessado os sintomas, pode-se interromper a medicação.
É correto afirmar que temos variadas situações e as medicações giram em torno delas. No caso de uma pneumonia, com a melhoria dos sintomas e com a comprovação, via RX do tórax, de que a área pulmonar está limpa, o antibiótico será suspenso. No entanto, no caso da hipertensão arterial, primária, a pressão se normaliza com o uso dos anti-hipertensivos e diuréticos. Mas, se a medicação for suspensa, com certeza os sintomas retornarão dada a sua necessidade.
Em sua grande maioria, os medicamentos têm um tempo de ação que varia de produto para produto, estando sua prescrição atrelada a essa duração, daí que os horários devem ser respeitados, exceto naqueles medicamentos que possam ser usados não importa a hora, desde que sejam tomados. Mesmo assim, se antes do café, do almoço ou do jantar, uma vez iniciados, aquele momento deve ser seguido nos dias subsequentes. Outro fator importante é o preço do medicamento, que vai ser mais caro ou mais barato, dependendo do fabricante e do produto em si, se genérico ou não. Daí, quando possível, a escolha do mais adequado e o seu uso constante, se for o caso.
No entanto, como já foi dito, é preciso ficar bem claro que os medicamentos são doses dependentes, ou seja, ao serem interrompidos, cessam seus efeitos, reaparecem os sintomas. Podemos citar como exemplo a insulina. Sua função principal é abaixar a glicose no sangue; cessado seu tempo de ação, que varia de insulina para insulina, a glicemia aumentará, se outra dose não for aplicada.
Aliás, com esse produto a história é fantástica. A primeira insulina que apareceu no mercado, a partir de 1929 era de ação muito curta, no máximo seis horas. Depois chegaram as de duração mais prolongada, entre 18 a 24 horas; hoje temos as que podem durar até 40 horas, como é o caso da Degludeca. Daí a preocupação do médico em escolher uma preparação adequada e estipular quantas aplicações por dia. O mesmo se aplica aos medicamentos usados para combater a pressão alta, aos antibióticos, aos medicamentos para reduzir o colesterol e tantos outros.
O que vemos na prática, seja por desinformação, pela questão do custo ou por mero esquecimento, são os tratamentos serem interrompidos no meio do caminho. Assim, tão logo a pressão arterial normalize, o paciente descontinua o anti-hipertensivo; a febre regrediu, adeus antibióticos. Aliás, no caso destes, o tempo mínimo de uso é de cinco dias, mesmo que os sintomas tenham desaparecido. Claro, que como no caso da Azitromicina, dependendo da doença, o tempo de utilização pode ser de apenas três dias; mas isso quem decide é o médico.
As consequências dessa interrupção podem ser terríveis. Um hipertenso grave, que tenha sua pressão arterial normalizada com medicamentos, ao deixar de usá-los, corre o risco de vê-la aumentar subitamente e sofrer um “derrame” ou até mesmo, um enfarte. Uma infecção pode voltar mais grave, ou se tornar resistente, se o antibiótico não for usado pelo tempo correto.
Portanto, não tenha medo ou vergonha. Discuta com seu médico o seu tratamento, procurando informar-se dos medicamentos que você vai ter de tomar, por quanto tempo e quantas vezes por dia. Peça ainda informações sobre como eles funcionam e os possíveis efeitos adversos, de uma maneira que você possa entender e informa-lo se algo ocorrer. Além de médico, ele é seu amigo.
Mas lembre-se, nunca interrompa um tratamento. Se você não se sentir bem, ligue, diga o que está acontecendo e peça orientação. Seu médico poderá diminuir a dose, trocar seu medicamento ou orientá-lo a procurar o pronto atendimento. Caso seja essa a orientação, não se esqueça de levar sua receita consigo. Isso pode salvar a sua vida.
Max Wolosker
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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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