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Lixo que gera energia elétrica
Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é mais de um quilo de resíduos descartados por dia, por cada habitante, de cada município brasileiro, segundo estudo do Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.
Quer se espantar mais? Lembre-se que o nosso país abriga 210 milhões de pessoas, que todo santo dia, produzem mais e mais resíduos, recicláveis e não recicláveis, como os derivados plásticos das muitas embalagens que descartamos, papeis, madeira, lixo eletrônico (celulares, baterias, notebooks), metais, vidros, e muitos outros. Fato é, produzimos muito lixo e a cada dia, aumentamos essa cota.
Mas é muito importante sempre lembrarmos que, infelizmente, o lixo produzido, não some com um estalar de dedos quando você o bota para fora de sua casa na sacolinha do mercado. Por mais óbvio que pareça, mesmo que o caminhão da coleta passe, ou as ruas sejam varridas, os resíduos ainda permanecem a nossa volta e trazem grande impacto no nosso dia-a-dia.
Maior parte dos resíduos produzidos por todos nós sequer passam por coleta dentro do nosso país. Não estou nem falando de reciclagem, coleta mesmo, ou seja, o lixeiro ir buscar a sua sacolinha do lado de fora de casa. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre o saneamento, mais de 1 mil municípios brasileiros não disponibilizam coleta de lixo domiciliar para toda a população urbana.
E se a coleta, que na teoria é o processo mais fácil de todos já enfrenta dificuldades, imagine só onde tudo isso, quando coletado é despejado. Mais de 40% dos resíduos sólidos urbanos, são despejados nos mais de três mil lixões espalhados por todo país, que contaminam por anos o nosso solo, a nossa água e acima de tudo, trazem graves prejuízos à nossa saúde.
O fim dos lixões que não tem fim
Tudo parecia que iria mudar em 2010, com a nova Política de Resíduos Sólidos que determinou um prazo de quatro anos para que todos os locais de descarte irregulares fossem desativados. Não preciso nem dizer que essa política não deu nada certo, e ironicamente, os lixões até aumentaram à época. Contudo, em 2020, foi assinado o Marco do Saneamento Brasileiro, que estabeleceu um novo prazo para o fim dos lixões nos municípios brasileiros.
De acordo com o instituto, todas as capitais e regiões metropolitanas tem até o próximo dia 2 de agosto – é rir para não chorar - para acabarem com os seus locais de descarte inadequado de resíduos. Enquanto isso, cidades com mais de 100 mil habitantes tem até 2022 e cidades menores, até 2024. Mas, especialistas em descartes de lixo afirmam que, com o ritmo que o Brasil encontra-se, só teremos resultados efetivos lá para 2040.
Luxo que vem do lixo
Marcelo Barros, administrador de formação, atua há pelo menos 30 anos no mercado de soluções energéticas e explica que o descarte de resíduos nos aterros sanitários não é nem de longe a melhor solução, tanto para o meio ambiente, como para a própria cidade.
"O descarte de lixo nos aterros sanitários é um processo delicado. Quando utilizamos esse método de descarte de resíduos, há chances de vários riscos de acidentes ambientais que vão desde a contaminação dos lençóis freáticos até o risco de explosões por conta dos gases emitidos pelo lixo. No fim das contas, todo material continua acumulado no local durante décadas, até que o aterro esteja no limite. Posteriormente, novos aterros são abertos e os antigos ainda continuam poluindo”, explica Marcelo.
"Hoje, existem soluções inteligentes de usinas de tratamento, que conseguem, de forma automatizada, separar os materiais recicláveis, incinerar o lixo e ainda produzir energia elétrica e combustível. No longo prazo, a história já provou que projetos como estes podem ser extremamente rentáveis para a população - que ganha com empregos, para o município - que produz energia, e para o meio ambiente - que reduz drasticamente os impactos ambientais."
Soluções como estas já são amplamente usadas na Europa, como exemplo, em Oslo, capital da Noruega, onde metade da cidade é aquecida pela queima de lixo e grande parte da sua energia elétrica é produzida. Qual a problemática norueguesa? Eles não têm mais lixo para queimar e hoje, chegam a ter que importar lixo da Inglaterra e da Irlanda.
Esperamos que um dia, a problemática do lixo brasileira seja como a norueguesa e a nossa maior preocupação seja em como comprar os resíduos alheios para produzir energia, e não em como faremos para regulamentar o serviço mais básico de toda cadeia, a coleta.
Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
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