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A luta de David contra Golias
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
A história do mundo está cheia de lutas entre David contra Golias e nem sempre se tem o final bíblico de um gigante sair derrotado. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um absurdo, levando-se em conta a desproporção de forças entre os dois países e os motivos que levaram o país vermelho a invadir sua ex-colônia. Sim, porque quando existia a antiga URSS (união das repúblicas socialistas soviéticas), a Ucrânia pertencia ao grupo dos países da, então, cortina de ferro. Aliás, tenho alguma ligação com esse país, pois meu avô paterno nasceu na Polônia, na parte que era dominada pela Rússia, na cidade de Lviv. No século 19, Catarina, imperatriz russa, tinha dividido a Polônia em três partes; uma pertencia à Rússia, a outra ao ex-império Austro Húngaro e uma parte à Prússia, atual Alemanha.
A desculpa para a atual invasão é o fato do governo ucraniano estar tentando se aliar à OTAN (Tratado de Aliança do Atlântico Norte), criado após o término da segunda grande guerra. Se os ucranianos já fizessem parte da OTAN, os russos não declarariam a guerra, pois reza o tratado que se um país membro for invadido, os outros partem em seu socorro. No entanto, o ódio dos russos contra o povo ucraniano é antigo. Na época do sanguinário Stalin, para acabar com o país, ele decretou um cerco, o Holodomor, ou Fome-Terror, ou mesmo Grande Fome, que foi uma crise generalizada de fome que atingiu a Ucrânia durante o regime comunista soviético liderado desde 1922 por Joseph Stalin (1878-1953). O nome vem das palavras em ucraniano "holod" (fome) e "mor" (praga ou morte).
Alguns historiadores, como Timothy Snyder, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que fez uma extensa pesquisa na Ucrânia, estimam o número de mortos em cerca de 3,3 milhões. Outros dizem que o número foi muito maior. Qualquer que ele seja é um trauma que deixou uma ferida profunda e duradoura nessa nação de 44 milhões de habitantes. Daí a disposição do povo de defender seu país com unhas e dentes; mesmo com a desproporcional disposição de forças entre os dois países, os ucranianos vão vender caro a sua vida e lutarão até a última gota de sangue. Por isso, todo o trabalho envolvido na defesa da capital; o entendimento é que se essa cair, o país voltará a ser um satélite russo. Tanto isso é verdade, que um cessar fogo, para a criação de um corredor humanitário que permita a saída dos civis, só será permitido pelo invasor, se a população ucraniana for ou para a Belarus (outro país que voltou para a influência dos comunistas) ou para a própria Rússia.
Fora as riquezas de seu subsolo, a Ucrânia representa, no momento, um tampão entre as forças da OTAN (papel esse ocupado anteriormente pela Polônia) e a Rússia, daí ser um ponto estratégico e forçar o presidente russo Putin a colocar em risco toda a paz mundial. Creio não haver dúvidas de que se o país vermelho se sentira acuado, não hesitará em lançar mão de seu arsenal nuclear, o que desencadearia uma guerra nuclear com todas as suas nefastas consequências.
O povo russo é mau, o que é comprovado por uma ação, cuja intenção principal, é destruir um povo e seu país, abrindo portas para uma ocupação total do inimigo, com a anexação de usinas nucleares, reservas de petróleo, e o que de mais for importante. Aqui, os fins justificam os meios doa a quem doer. Portanto, até a Batalha de Kiev, muitas atrocidades serão vistas ao vivo e as cores, pelas reportagens televisivas do mundo inteiro. Ávida por parar com o prato cheio que dominou a mídia, nos últimos dois anos, a pandemia da Covid, ela encontrou nessa guerra um novo pote de mel.
E pensar que é nesse regime vermelho, cor de sangue, que uns idiotas das terras tupiniquins sonham em ver implantado por aqui. Um ditador, com um poder extraordinário, mantido por magnatas que se aproveitam desse poderio e vivem nababescamente. Mas, o estrangulamento econômico que o ocidente tenta impor aos russos, pode ter algum efeito caso esses magnatas vislumbrem uma perda importante de ganhos. O rublo, moeda russa, já se desvalorizou cerca de 30% e a população começa a sentir os efeitos de um desabastecimento, o que pode impopularizar Putin.
Até agora, infelizmente, o que parece é que o ocidente se curvou ao poderio russo.
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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