Há dez dias as forças policiais do Distrito Federal e de Goiás promovem uma verdadeira caçada ao principal suspeito de assassinar quatro pessoas da mesma família em Ceilândia, no Distrito Federal, Lázaro Barbosa, de 32 anos. Atualmente, são cerca de 200 agentes de segurança, de diversas corporações que atuam na perseguição ao acusado.
Segundo a polícia, ele teria invadido a casa de uma família, localizada no Incra 9, no Núcleo Rural Alexandre Gusmão. No local, foram mortos Cláudio Vidal, de 48 anos, e os dois filhos, Gustavo Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Vidal, de 15. Os três foram encontrados com marcas de tiros e facadas. A esposa de Cláudio e mãe dos jovens, Cleonice Marques de Andrade, de 43 anos, foi sequestrada e encontrada morta três dias depois, em um córrego da região.
Após os crimes, Lázaro fugiu para a região entre Cocalzinho e Edilândia, no Entorno do DF. O secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO), Rodney Rocha Miranda, afirmou durante coletiva de imprensa, na noite da última quinta-feira, 17, que Lázaro teria sido ferido durante troca de tiros com policiais. Miranda informou que um cão da polícia farejou um pedaço de pano com sangue e acredita-se que o objeto foi usado por Lázaro, tentando estancar algum ferimento. Até o início da tarde desta sexta-feira, 18, ele ainda não havia sido preso.
Nas redes sociais, Lázaro ganhou a alcunha de serial killer - assassino em série -, mas a definição mostra-se equivocada, já que essa classificação refere-se a uma pessoa que comete crimes com determinada frequência, geralmente seguindo um modus operandi e às vezes deixando sua "assinatura". O município de Nova Friburgo sabe bem o que é isso.
Os irmãos necrófilos
A grande repercussão em torno das buscas por Lázaro tem se tornado assunto recorrente no município. Alguns friburguenses lembram que os crimes cometidos por Lázaro se assemelha à caçada aos irmãos Henrique e Ibrahim de Oliveira, que ficaram conhecidos como os Irmãos Necrófilos, autores de 14 assassinatos em Nova Friburgo na década de 1990.
A dupla foi acusada de ter matado dezenas de pessoas - a maioria mulheres. Após os crimes cometidos de forma bárbara, geralmente a foiçadas e facadas, segundo consta no julgamento de Henrique, Ibrahim mantinha relações sexuais com os cadáveres das vítimas. O caso ganhou notoriedade nacional, após uma força tarefa de 110 homens da polícia montar um cerco na região da Janela das Andorinhas, no distrito de Riograndina, onde os crimes foram cometidos. Diferentemente do caso atual, a mobilização das forças de segurança demorou meses para acontecer e só foi possível por conta da revolta da população local e após uma matéria especial do programa Fantástico, da Rede Globo, repercutir as mortes.
“Nós tivemos um apoio muito importante da P2, porque não havia condições de cercar todas as áreas. A mata é muito grande. Veio gente de Teresópolis ajudar na caçada e foi passando o tempo e nada era resolvido. Veio até o Bope. Tínhamos mateiros também. Teve um dia que eu, dois policiais e um mateiro demos de cara com eles. Já estava escurecendo. Começamos a correr atrás dos irmãos, mas eles conseguiram se esconder em uma caverna que a gente não chegou a ver na hora. Passamos em frente aos dois, mas não vimos o esconderijo”, contou Hélio Fonseca, comerciante local que ajudou nas buscas pelos criminosos.
A caçada demorou quase um ano. Os irmãos conheciam bem a região e se abrigavam no meio do mato. Em alguns momentos, eles foram avistados pelas equipes de busca, mas conseguiram escapar. Até que em dezembro de 1995, de acordo com Darly Ferreira de Azevedo, produtor local, Ibrahim foi morto enquanto dormia.
“O dono do terreno tinha visto um rastro perto do varal de roupas e notou que algumas peças tinham sumido. Ele seguiu o rastro até chegar numa casinha onde viu Ibrahim dormindo. Ele já estava preparado e apertou (atirou) em cima dele. O Henrique foi se esconder em uma fazenda. O (João) Aguilera, dono da fazenda, dias depois entregou o Henrique à polícia. Ele está preso até hoje.”, contou o produtor. Henrique ainda cumpre os 34 anos de prisão para os quais foi condenado.
Em 2019, A VOZ DA SERRA lançou o documentário “Irmãos Necrófilos”, que já foi visto quase 2,6 milhões de vezes. Para assistir ao documentário, que conta com direção e imagens de Henrique Pinheiro, roteiro de Guilherme Alt, roteiro e edição de Alan Andrade, basta clicar no link https://www.youtube.com/watch?v=dZ1kqJQa6sw&t=3s
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