Empresários da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) se reuniram na semana passada com o governador em exercício do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), deputado estadual André Ceciliano, para discutir melhorias de conservação e segurança para o tráfego de passageiros e de cargas no Arco Metropolitano (BR-493), na Baixada Fluminense, artéria econômica que serve de acesso e ligação ao Porto de Itaguaí, aos distritos industriais de Campos Elíseos (Polo Petroquímico), em Duque de Caxias, e de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, e ainda à base de submarinos da Ilha da Madeira (da Marinha), trecho bastante utilizado por friburguenses e moradores da região, sobretudo caminhoneiros, sacoleiros e empresas de logística e transporte.
As autoridades assistiram à apresentação do Projeto Arco Seguro, idealizado pela Firjan, que prevê a construção de uma parceria público-privada para viabilizar o potencial logístico da rodovia, atualmente subutilizada em função da violência, de ocupações irregulares e de vandalismo, como a destruição dos postes de iluminação pública. A expectativa inicial era de fluxo diário de 30 mil veículos, mas atualmente somente a metade desse volume costuma utilizar a via expressa.
Presidente da Alerj promete apoio
O presidente da Alerj, André Ceciliano, disse que apoia o projeto: "Eu acredito no Arco Metropolitano, que é uma importante ligação estratégica capaz de atrair investimentos em indústria e logística com geração de emprego e renda. A Alerj vai atuar como interlocutora com os prefeitos da Baixada Fluminense e com o Governo Federal para que este projeto saia do papel. Temos projetos de segurança exitosos, como o Segurança Presente, e tenho certeza que o Arco Metropolitano também é viável, com a união dos esforços. Mesmo sendo uma rodovia federal, o estado e os municípios podem fazer muito nas questões do entorno do arco e dos acessos à rodovia", disse o parlamentar.
Ceciliano também afirmou que apresentará um projeto de lei para colar as alíquotas do Imposto sobre Mercadorias e Serviços (ICMS) do Estado de São Paulo sobre máquinas e tratores. "Precisamos correr na frente. Quando conversei com a Firjan sobre o Arco Seguro, fiquei abismado com o fato de máquinas e tratores comprados no Estado do Rio saírem com a nota fiscal de São Paulo. Nesse sentido, no ano passado também aprovamos a Lei 9.025/20, colando as regras de ICMS do setor atacadista do Estado do Espírito Santo. A norma permitirá mais competitividade ao nosso estado, evitando que as empresas aqui instaladas invistam em outros estados", afirmou o presidente da Alerj.
Necessidades já mapeadas
O grupo de trabalho capitaneado pela Firjan já identificou necessidades de infraestrutura mínimas, emergenciais e indispensáveis ao funcionamento pleno, eficiente, seguro e permanente do Arco (iluminação, assistência veicular, socorro a acidentes, entre outras). Para a execução destas ações, a ideia é criar um fundo com recursos públicos e privados para financiamento do projeto, que seria investido rapidamente em infraestruturas necessárias como por exemplo, câmeras de monitoramento e drones. Outro eixo importante do Arco Seguro é criar uma governança que permita o mapeamento constante de irregularidades e ações para mitigá-las.
O vice-presidente da Firjan e presidente do Conselho Empresarial de Defesa e Segurança Pública, Carlos Erane de Aguiar, destacou que uma das metas do projeto é zerar os índices de roubo de cargas na via até dezembro. “Infelizmente o Arco hoje é conhecido como a Rodovia do Medo. E por ser a Rodovia do Medo, ela é subutilizada, impedindo a retomada mais forte do crescimento do Rio de Janeiro. Nosso desafio é que o Arco Metropolitano seja conhecido como a rodovia mais segura do Brasil. Estamos propondo um projeto viável e bem planejado, que permitirá a expansão de diversas capacidades produtivas do Rio através da infraestrutura necessária para o escoamento das riquezas do estado e do Brasil”, defendeu o empresário.
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan, ressaltou que o Arco Metropolitano é fundamental para a economia fluminense e do país, na medida em que propicia a interligação entre três outras importantes rodovias federais brasileiras, diminuindo custos logísticos das empresas e, consequentemente, aumentando a competitividade do estado. “Trata-se da primeira grande agenda da Firjan em 2021. Esta proposta de parceria público-privada é um dos pilares do Programa de Retomada da Economia do Estado do Rio de Janeiro em bases competitivas, que visa contribuir para o resgate do desenvolvimento econômico e social no estado do Rio”, avaliou.
O governador em exercício, Cláudio Castro, afirmou crer que a união de esforços entre as instituições é que trará melhorias na segurança pública. “Vias como o Arco Metropolitano, que são celeiros para diversos crimes, inclusive o roubo de cargas, continuam mal policiadas. Com as parcerias e a integração das forças policiais, temos a plena condição de transforma o Arco numa via segura”. Para isso, já estão em execução as obras para um posto da Polícia Rodoviária Federal - que ficará pronto em 14 meses -, bem como o processo de concessão da rodovia - que deve sair em um ano.
Categoria comemora
“Isso já era uma luta do nosso setor há pelo menos quatro anos. Mas além da instalação de um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), também estamos solicitando e batalhando para que esse trecho do Arco Metropolitano entre na nova licitação de pedágio da rodovia Presidente Dutra, compreendendo o trecho entre Duque de Caxias e Itaguaí. Esses dois fatores vão tornar, sem dúvida nenhuma, uma via mais segura para todos”, declarou Jackson Thedim, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Nova Friburgo (Setcanf), que completou: “Mesmo sendo um caminho mais curto, estávamos optando por não passar pelo Arco Metropolitano porque a nossa seguradora não permitia. Temos que seguir um PGR, que é um Programa de Gerenciamento de Riscos. E esse PGR não nos permitia trafegar na rodovia fora do horário das 8h às 16h. Fora desse horário correríamos risco de ter a indenização negada, devido ao alto índice de roubo de cargas que estava ocorrendo no Arco Metropolitano”.
“Isso é maravilhoso, porque hoje em dia o Estado do Rio tem o seguro mais caro, devido ao alto número de roubo de cargas. Trabalho para empresas em São Paulo e, aqui no Rio, o seguro é cerca de 40% até 50%. Então uma melhora no policiamento, sobretudo no Arco Metropolitano, seria maravilhoso para a nossa região. Nova Friburgo é uma cidade polo e com alto potencial logístico. Temos uma área de escoamento muito boa, poderíamos crescer muito nesse setor. Ajudaria muito a nossa economia”, celebrou José Israel Gonçalves de Oliveira, da LGA Logística e Distribuição.
Corredor logístico
O Arco Metropolitano liga os municípios de Itaboraí e Itaguaí, atravessando também Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri e Seropédica, na Baixada Fluminense, totalizando 145 quilômetros de extensão. O trecho de pouco mais de 70 quilômetros, entregue em 2014, vai do entroncamento da BR-040 (Rio-Juiz de Fora), em Duque de Caxias, ao acesso ao Porto de Itaguaí na BR-101 (Rio-Santos), cortando as rodovias BR-465 (antiga Rio-São Paulo) e BR-116 (Via Dutra).
Antigo pleito da Firjan, a obra do primeiro trecho do Arco teve início em 2007. Na época de sua inauguração, a estimativa do Governo do Estado do Rio era tirar oito mil caminhões e 20 mil carros da Rodovia Presidente Dutra e da Avenida Brasil. O projeto original do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ) remonta à década de 1970, ainda com a denominação rodovia RJ-109.
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