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Os clássicos da literatura sintetizam o passado
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Faço parte de um grupo de leitura, Clássicos da Literatura, coordenado
por Márcia Lobosco. Estamos lendo Razão e Sensibilidade, a primeira obra
escrita pela escritora inglesa Jane Austen (1775-1817), publicada em 1811. O
romance nos traz questões existenciais, que nos desafiam com frequência, a
começar pelo título, que nos remete à dinâmica sentimento-pensamento-ação,
motivando-nos a olhar para esta dialética, que rege nossos movimentos, desde
o momento em que o temos nas mãos. Inegavelmente, é uma reflexão
relevante à conquista da qualidade de vida, uma vez que abrange o modo
como tomamos nossas decisões e como as concretizamos.
É uma obra que aborda a história de uma família composta por quatro
mulheres e, especialmente, evidencia a relação entre duas irmãs. Mesmo com
um pouco mais de duzentos anos de vida, é uma leitura atualmente buscada,
tendo, inclusive, sido adaptada para o cinema, tal qual outras de sua autoria.
Ainda estou nas primeiras cem páginas e percebo que a natureza
humana atual não ganhou novos vieses. É a mesma! Certamente, a vida no
século XVIII foi pintada com as cores do passado; o enredo construído pela
autora mostra uma realidade muito diferente da que vivemos. Hoje, o feminino
foi atualizado pelas conquistas da mulher, pelas relações econômicas e de
produção, que provocaram mudanças significativas no âmbito cultural ao longo
do tempo. No tempo de Jane Austen, as mulheres usavam saias armadas e
montavam em cavalos; hoje, usam calças jeans e têm motos. Entretanto, a
resiliência, a sensibilidade e a capacidade de superação são características
que desde sempre permearam sua sobrevivência.
A literatura, por sobrevoar a existência do homem no Planeta Terra, por
mergulhar nos meandros da alma humana e do acontecer, tem o poder de
revelar o ser e o fazer, o desejar e o realizar, o nascer e o morrer. A literatura
faz, pois, a síntese dos modos de viver que sobrevive, ou seja, as obras
clássicas não perecem ao toque de recolher. São incisivas e têm a sublime
capacidade de mostrar com objetividade e arte as mazelas e as nobrezas
presentes em todos nós.
A qualquer momento, o texto literário pode ser interpretado em sentidos
diversos. Porém, em qualquer um deles, é possível compreender como as
civilizações construíram este mundo. Eu, particularmente, gosto de entender
em que terrenos minha geração fincou suas raízes, até porque, hoje, nós,
mulheres, trazemos resquícios do tempo em que Razão e Sensibilidade foi
escrito.
Jane Austen foi uma escritora romântica, que morreu jovem, aos 42 anos.
Dedicou sua vida à literatura e produziu obras relevantes em que realçou
sentimento feminino e a sociedade da época. Através de uma narrativa leve,
crítica e sutil, deixou uma obra que enriquece a literatura inglesa, como
Orgulho e Preconceito, Palácio das Ilusões, Amor e Amizade. A escritora fez
uma obra prazerosa de se ler em livro e de se assistir em filmes.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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