Um brinde com champagne em taças de cristal

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 09 de novembro de 2020

É gratidão sentir vontade de homenagear pessoas que deixaram, ao
longo de suas vidas, através de sentimentos, ideias e realizações, riquezas
para nossas vidas e cidade. Faço questão de brindar, então, com champagne
em taça de cristal, os artistas da literatura que escreveram significativas
palavras em forma de poesia ou prosa.
Nova Friburgo deveria colocar placas com versos dos trovadores
friburguenses nas curvas da Serra da Boa Viagem, bem como espalhá-las em
suas praças e esquinas, cantos e recantos. Quando comento com alguém que
a capital mundial da trova está no Estado do Rio de Janeiro, no município de
Nova Friburgo, praticamente ninguém tem conhecimento deste fato tão
interessante, quanto relevante. Poucos sabem que Nova Friburgo é o lugar
sagrado dos trovadores, inclusive o próprio friburguense! Um tamanho absurdo
que me faz tremer de indignação. Por quê? Não paro de me perguntar.
Ah, meus amigos leitores, temos um passado literário viçoso. Sabiam que
as ruas do centro da cidade guardam os passos de Machado de Assis, de
Carlos Drummond de Andrade e Casimiro de Abreu? Os ares que circulam
pelos seus vales estão cheios palavras, deixadas pelos tantos escritores que
nasceram ou passaram tempos em nossas montanhas e deixaram valiosos
legados literários, o que faz nascer, ano a ano, novos escritores no seio
friburguense. Mesmo aqueles que não são filhos da terra e foram adotados
pela região. Como eu, por exemplo.
A vida é passageira. Quem viveu e deixou algo para as gerações futuras,
que seja simples ou breve, deve ser reconhecido e homenageado. A nossa
identidade, enquanto pessoa ou povo, é feita de passado, de histórias que
podem ser contadas, de lembranças de pessoas que nos trazem orgulho e
admiração. Não somos oriundos de uma geração espontânea. Temos um
passado a preservar. Hoje é um bom dia para fazê-lo.
O mundo foi feito através dos ideais e da ação humana. A literatura,
através dos seus estilos, não somente os registrou, como os alicerçou. Nossos
antepassados nos ofereceram as bases para que nós continuemos suas obras.

Sempre inacabadas. Por assim serem, as gerações seguintes abraçam seus
ideais e vão dando prosseguimento aos empreendimentos da humanidade. Dia
a dia. Atualizando as causas do passado. Renovando.
Deixo, aqui, as vozes dos trovadores friburguenses. Quem sabe, eles
lancem sementes para a gestação de novos escritores.

Rico eu sou, mesmo sem ouro
E da riqueza, dou provas,
— eis aqui o meu tesouro:
Minha sacola de trovas.
(JG de Araújo Jorge)

É poesia sempre nova
Cultivada com amor
Se você gosta de trova
Pode ser um trovador
(Rodolfo Abbud)

Eu não ouço teus conselhos
Mas, quando fala a razão,
Meus pecados, de joelhos
Imploram por teu perdão
(Dilva Maria de Moraes)

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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