Nova etapa da flexibilização não agradou a todos os setores envolvidos

Enquanto casas de festas, produtores de eventos e clubes sociais celebram a retomada, cinemas ainda não irão reabrir e drive-in se tornou praticamente inviável
sábado, 03 de outubro de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
Nova etapa da flexibilização não agradou a todos os setores envolvidos

O decreto 714, publicado pelo prefeito Renato Bravo em edição extra do Diário Oficial eletrônico do município na noite da última quarta-feira, 30 de setembro, iniciando mais uma etapa da retomada gradual e segura das atividades do município, acabou não agradando a todos os contemplados. Enquanto casas de festas, produtores de eventos e os clubes sociais celebram a possibilidade de retomarem suas atividades – mesmo que de forma restrita –, os cinemas e uma produtora que havia manifestado interesse em realizar eventos no formato drive-in (atrações para o público assistir sem sair dos carros), não consideram viável a retomada com as regras que foram definidas pela Prefeitura de Nova Friburgo.

A VOZ DA SERRA procurou os representantes de cada um dos setores contemplados na nova etapa de flexibilização das atividades para saber como as novas determinações irão impactar – positiva e negativamente – no funcionamento e quais medidas cada um deles está adotando para garantir segurança aos clientes.

Cinemas

Os cinéfilos friburguenses aguardavam ansiosamente pela liberação dos cinemas no município. No entanto, mesmo com a autorização de funcionamento via decreto, as salas de exibição dos shoppings Friburgo e Cadima, ambos da rede Cine Show, permanecerão fechadas. A justificativa, segundo Cícero Celes, diretor dos cinemas, é que a proibição de venda e consumo de alimentos durante a exibição dos filmes vai impactar significativamente na “viabilidade do negócio”.

“O Cine Show está pronto para reabrir e ficamos contentes com a autorização de abertura. Porém, precisamos retornar com a operação completa: filmes e pipoca. Estamos com nossas equipes treinadas, produtos de higienização comprados, totens de álcool gel, sinalização de distanciamento e todos os cuidados para a volta ao cinema com segurança”, afirmou Cícero, que completou: “A pipoca faz parte da experiência no cinema e importante na viabilidade do negócio. Estamos em diálogo com a prefeitura para que possamos voltar com a experiência completa. Tão logo possamos abrir também a nossa bomboniere, reabriremos os cinemas dos dois shoppings de Nova Friburgo”, declarou o diretor dos cinemas lembrando que na cidade do Rio de Janeiro os cinemas foram reabertos na última quinta-feira, 1º.

Drive in

Conforme noticiado por A VOZ DA SERRA no último dia 25, alguns empresários tiveram a ideia de criar o “Drive-In Live Show”, que seria instalado no parque de eventos da Via Expressa, em Olaria, onde os artistas poderiam se apresentar para o público que assistiria aos shows e apresentações dentro de seus próprios veículos, sem aglomerações. O projeto já está pronto há cerca de quatro meses e só aguardava a liberação das autoridades, o que só ocorreu agora, mas não de uma forma viável para sua realização, segundo os responsáveis pelo projeto.

O idealizador do drive-in, Pedro Pablo Braga, explica que a intenção era lançar a novidade ainda no pico da pandemia, quando bares e restaurantes ainda estavam fechados. A ideia era levar diversão e entretenimento e, paralelamente, ajudar a classe artística que também ficou prejudicada nesse cenário. No entanto, o decreto liberou, juntamente, a abertura dos cinemas e a realização do drive-in, o que, segundo Pablo, “não faz sentido”, bem como a proibição a idosos e crianças de frequentarem as atrações do projeto.

“O propósito dessa proibição não fica claro, uma vez que dentro de cada veículo estarão pessoas do mesmo convívio. Exatamente por esse motivo, o drive-in tornou-se a solução em várias cidades do mundo, já que consegue unir diversão, cultura e lazer, auxiliando a classe artística e a economia local, com a maior segurança, já que seus frequentadores estariam em contato somente com pessoas do seu real convívio. O que não acontece, por exemplo, em piscinas e saunas que foram liberadas nesse mesmo decreto, sem exclusão de nenhuma faixa etária”, afirmou o idealizador do “Drive In Live Show”.

Casas de festas e produtores de eventos

 Por outro lado, nem todos ficaram insatisfeitos com as regras impostas pela prefeitura para mais essa etapa da retomada das atividades. Quem está celebrando a liberação são as casas de festas, produtores de eventos, músicos e todos os cerca de 2.500 profissionais de diversas áreas que dependem dos eventos para trabalhar e estão há mais de 200 dias parados.

Para fortalecer a categoria e encontra uma saída para essa crise sem precedentes, o grupo criou a Associação de Profissionais em Eventos de Nova Friburgo (Apenf), que se mobilizou para criar soluções e sensibilizar o Governo Municipal sobre a necessidade da retomada dos eventos, mesmo que de forma restrita e respeitando uma série de normas sanitárias e de segurança.

“Esta volta é fundamental. Além da parte econômica, essa retomada nos dá vida, esperança, energia e saúde mental. O trabalho dignifica cada pessoa de bem e conosco não seria diferente. A cada festa produzida, a cada show, a cada evento realizamos nossos sonhos, nossas ideias e nossos trabalhos. O início será tímido, porém, de muito valor, pois coloca a bola para rolar. São inicialmente dezenas de empresas que poderão atuar e assim muitos profissionais voltam ao trabalho”, declarou Rafael Lack, o Sopinha, vice-presidente da Apenf e produtor de eventos na cidade.  

“A volta flexibilizada dos eventos seguros, legalizados e seguindo todas as normas de segurança, de saúde e sanitárias, colabora para que, cada vez menos aconteçam festas clandestinas e aglomerações em lugares públicos de Nova Friburgo sem aferições de temperatura, álcool em gel e todos os outros procedimentos obrigatórios elaborados pela prefeitura”, disse Heitor Mora, representante dos músicos da Apenf, que acredita que a próxima etapa da retomada será a liberação dos músicos e da música ao vivo.

Clubes sociais

O novo decreto também liberou o funcionamento de parques aquáticos, piscinas, saunas e salões de jogos no interior dos clubes sociais, que já estavam autorizados a abrir, no entanto, sem a realização dessas atividades. Por outro lado, continuam suspensos os eventos nas dependências dos clubes, exceto aqueles que sejam realizados nos salões sociais.

“Em função da restrição de público e com o objetivo de atender ao maior número de sócios possível, os convites para a utilização da sauna e da piscina precisarão ser suspensos temporariamente, até que tenhamos um parâmetro mais apurado de como será a demanda de utilização destes setores nos próximos dias”, diz trecho de comunicado emitido pelo Nova Friburgo Country Clube, um dos mais tradicionais da cidade e que costuma receber visitantes (não-sócios) em seus parques e alamedas.

Ao contrário dos decretos anteriores, este último não prevê nenhuma restrição de acesso aos jardins. Sendo assim, o clube volta a receber visitantes, também com restrição de lotação a fim de evitar aglomerações. O uso de máscara é obrigatório durante toda a permanência no clube e, temporariamente, também está proibida a entrada de grupos de mais de cinco pessoas e a realização de piqueniques, independente do número de participantes.

(Foto: Henrique Pinheiro)

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