Ai de ti, Tingly: sobram buracos, faltam iluminação e de capina

“O sentimento é de que estamos todos abandonados”, lamenta morador
sábado, 14 de março de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)

O bairro do Tingly começa praticamente no centro da cidade, na continuação da Rua Casemiro de Abreu, perto do Colégio Nossa Senhora das Dores. Mesmo sendo um bairro central, os moradores alertam que a localidade precisa urgentemente de melhorias.

Quando iniciamos a nossa caminhada pela Estrada do Tingly encontramos Dona Esther Pinheiro, de 65 anos. Ela está passando uma temporada na casa do filho que há quase 30 anos mora no bairro e subiu a pé com nossa equipe contando as principais demandas da região.

Segundo ela, os problemas começam logo na entrada do bairro. “O Tingly é ótimo, o problema são as estradas, muito buraco por aqui, nas calçadas também, a rua é muito escura. Essa semana meu filho tomou prejuízo, furou pneu do carro, perdeu calota. Outro problema é que no início da rua tem calçada, mas logo mais pra cima não tem e aqui passa caminhão, ônibus. Também tem um penhasco ali que se a pessoa não tomar cuidado pode cair”, listou alguns dos problemas.

Sildo Bhorer, que morou no bairro por 24 anos, estava de passagem. O motorista lembrou com certo saudosismo da “época em que tudo funcionava”, como ele mesmo diz. “Desde que eu saí o bairro piorou muito. Aqui tinha um rapaz chamado Haroldo que administrava a região. Na época dele o Tingly era um dos bairros mais limpos da cidade, agora é uma buracada enorme. A cidade está andando em marcha ré”, reclamou.

Antônio Santos de Lima, está no Tingly há 40 anos. Ele possui um comércio muito frequentado pelos moradores. Lá é basicamente um ponto de encontro para discussão de problemas do bairro. Antônio faz coro às reclamações de Dona Esther e Sildo. Somado aos já conhecidos buracos, ele pede uma mudança no horário dos ônibus que, segundo ele, não atende a população local. 

“O sentimento é de que o bairro está abandonado. A rua está cheia de mato, além de muito buraco que é o que mais tem. A parte final da Estrada do Tingly nem de jipe você consegue passar direito, só com trator. Antes, a gente passava e passava bem por ali. Sem problema algum. Uma observação importante sobre os horários dos ônibus é que na parte da manhã, por volta das 7h, quando muitos pais levam seus filhos ao colégio, não tem ônibus. Muita criança está deixando de ir à escola por conta disso. Não consultaram ninguém sobre a diminuição desses horários.”

“Hoje o intervalo é mais de uma hora e meia, teve vezes que esperei mais de duas horas. Prefiro ir e voltar a pé, mas é cansativo. Já tenho 65 anos. Depois de subir isso tudo chego lá em cima com a língua pra fora”, contou Dona Esther após revelar que tinha ido resolver um problema no Centro, e pela falta de ônibus, decidiu subir a pé.

Estrada do Tingly

Morador do bairro há 37 anos, Hamilton Teixeira é caseiro em um sítio localizado dentro da Estrada do Tingly. A via liga o bairro à Braunes e é uma importante rua para cortar caminho, evitar dar uma volta maior e fugir do trânsito do centro da cidade. Segundo o caseiro, que passa pela estrada toda semana, somente na “raça” os carros conseguem passar pelo local. O carro utilizado por ele, já velho de guerra e com diversas partes quebradas tem “aguentado o tranco”, mas não é qualquer um que consegue.

A situação melhora um pouco quando as máquinas da prefeitura trabalham na via e nivelam a estrada, mas, segundo Hamilton, há muito tempo que a prefeitura não contempla a região com melhorias. 

“Quando a prefeitura passa uma retroescavadeira a estrada melhora muito, mas isso não acontece desse 2018. São quase dois anos sem uma intervenção aqui e o resultado é essa quantidade de buracos que deixa a estrada intransitável. Depois desse período de chuva, aí que piorou ainda mais”.

Para atenuar o problema, o caseiro decidiu ele mesmo atenuar o problema. “A situação só não está pior porque eu venho tapando alguns buracos junto com uns colegas, mas não adianta muito. A gente coloca uma pedra aqui, outra ali, e a estrada continua muito ruim.”

Hamilton diz que é comum que motoristas, principalmente de aplicativos de carona, que não conhecem o local, acabem entrando errado e tendo prejuízos com o veículo. “Curioso que alguns acham que não deve asfaltar e outros acham que deve. Não dá pra entender porque não querem que a estrada melhore. Esses dias eu ajudei a tirar carro de aplicativo que tentou passar pela estrada e não conseguiu. Saiu com o carro todo quebrado”.

Cheio de histórias, ele conta como ajudou um vizinho que precisou levar um de seus filhos ao médico, mas por conta da situação da estrada, precisou de ajuda. “Ele precisou levar o filho às pressas, tinha que passar pela estrada e não conseguiu. Eu ajudei a trazer o garoto no colo até aqui em baixo”, lembrou.

Hamilton dá o tom de como as obras na localidade poderiam ser feitas. “Para resolver o problema, primeiro deveriam refazer as manilhas para que a água da chuva não passe pela estrada, porque é isso que a deixa ainda mais esburacada. Depois, passar uma máquina para nivelar a rua e por fim, colocar um asfalto”, sugere.

Mais conhecido como Brandão, José Antônio Brandão mora no bairro há 50 anos. Junto com Hamilton, ele também ajudou a colocar pedras em cima de buracos com grande profundidade a fim de resolver a situação, mesmo que de forma paliativa. Segundo ele, a prefeitura não está sabendo da situação da estrada, mas deseja que o município tome conhecimento o mais rápido possível. 

“Acho que a prefeitura não foi avisada desse problema. É importante que ela tome conhecimento da nossa situação para que venha aqui resolver”, encerrou.

 

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