Para o ex-presidente Roosevelt Concy - que cumpriu dois mandatos seguidos até essa data -, e na noite desta sexta-feira, 17, passa o bastão para seu sucessor, Celso de Oliveira, o Country não é apenas um clube social, esportivo, cultural. Ele explica por que:
“O clube ocupa uma área de 200 mil metros², com um conjunto paisagístico com mais de 90 mil metros² elaborado pelo francês Auguste Glaziou, tombado pelo Iphan e considerado um dos espaços mais bem cuidados e preservados do país. Além da piscina, sauna, quadras, salão de festas, e outros atrativos, comuns aos clubes, o que temos aqui é um clube-jardim, um clube-parque, cujas características exige cuidados de especialistas. Quem vem caminhar no clube, além de desfrutar de suas belezas naturais e arquitetônicas, e do ar puro, respira história”, definiu Roosevelt.
Resumindo, há mais de um século e meio, numa extensa área de 3,87 mil km², era criado um espaço destinado ao encontro de pessoas, à difusão de conhecimento, a fazer história e disseminar arte. Esse futuro foi traçado, sem nenhuma expectativa na época, na longínqua década de 1860, para se transformar no que ele é hoje — uma joia preciosa no coração do município: é o Nova Friburgo Country Clube, fundado em 1957.
Nesta sexta-feira, 17, o Nova Friburgo Country Clube dá posse à nova diretoria eleita em outubro passado. Assumem as presidências do Conselho Diretor, Celso de Oliveira Santos, do Conselho Fiscal, Carlos Alberto Coelho, além dos 20 membros do Conselho Deliberativo, presidido por Joilson Wermelinger Araújo. A cerimônia será realizada no Teatro Barão de Nova Friburgo.
Entre ativos e passivos, o chamado pelo pertencimento
O principal ativo do Country Clube é a sua história de quase 160 anos, uma trajetória onde não faltaram obstáculos. Houve um tempo em que o quadro de sócios registrava o nome de 1.800 pessoas, sendo boa parte de Niterói e da cidade do Rio. Até que por volta dos anos 1980 esse número caiu para menos da metade, e o clube se viu ameaçado de ter que fechar os portões devido ao rombo nas contas, pelo alto custo de manutenção dos prédios e demais dependências. Essa incerteza durou décadas. Entre uma gestão e outra, as coisas pareciam melhorar, para depois piorar, sempre contando com algum grupo de sócios que não desanimavam. Aos trancos e barrancos, vem passando pelos anos 2000, 2010, e agora, 2020.
Roosevelt destaca a gestão financeira “extremamente profissional” do empresário Júlio Cordeiro, seu antecessor, que conseguiu sanear as despesas e dar um rumo viável à sobrevivência do clube. Posteriormente, como vice-presidente de Planejamento e Finanças, Júlio, juntamente com os sócios e também empresários Joilson Wermelinger e José Antonio Rezende, criou a campanha “Amigos do Chalé” para recuperação do telhado da centenária construção, onde o Barão de Nova Friburgo realizava festas e recebia convidados como o imperador Dom Pedro II. As obras iniciadas em 2018 incluíram a troca das madeiras de sustentação para garantir a segurança da estrutura do chalet e segue com a recuperação das salas, pintura das paredes e restauração dos afrescos.
Com a união de um grupo de abnegados dispostos a salvar o rico patrimônio ameaçado de, literalmente, desabar, está sendo possível resgatar o conjunto, com obras definitivas, e não apenas paliativas. Não tem sido fácil, nem simples, muito menos barato. São anos de dedicação de um sem número de pessoas, desde sócios aos funcionários. De gestão em gestão, à medida que os mandatos se sucedem, as metas projetadas vêm sendo alcançadas: obras em todo o parque, nas quadras, restaurantes, e isolamento acústico no salão de festas, onde foram realizados 23 eventos, em 2019, sem nenhuma reclamação da vizinhança em relação à altura do som.
Ele destaca ainda o intenso trabalho do departamento de obras do clube, com o engenheiro José Carlos Celles Cordeiro e o arquiteto Rogério Kato, “que foram incansáveis durante o andamento de tantas obras”. Agora, Roosevelt confirma a mais recente adesão do arquiteto friburguense Duda Porto, um jovem profissional que vem se destacando na área, conquistando espaços no Rio e em São Paulo. Ele assumiu a reforma do salão de festas, o chamado Salão Nobre.
“O Duda frequentava o clube, mas não vinha aqui faz tempo. Daí, um dia nos visitou, se encantou, se apaixonou, ficou emocionado com todo o trabalho que vem sendo realizado e quis fazer parte dessa empreitada, colocando seu escritório à disposição para fazer os projetos. ‘Não pense em custos, nem nada. Vai ser um prazer participar, afinal, é meu clube, minha cidade, e devo muito a todos’, ele me disse”, contou Roosevelt.
Por tudo isso ele reitera: “A palavra de ordem, desde que abraçamos essa causa, por assim dizer, seria e é ‘pertencimento’. Para podermos ir além dessas reformas, precisamos que sócios, não-sócios, visitantes, a comunidade, enfim, reformule seu pensamento e sua postura em relação ao clube. Que sintam o pertencimento. Insisto, precisamos, todos nós, ver o Country para além de um clube, como um jardim encantado (‘tem gente que ri quando digo isso’, faz uma pausa para contar, rindo). Mas, entendam, é raro, em todo o Brasil, que um clube possua uma área tão extensa, bela e bem cuidada como a do Country, um espaço totalmente diferenciado, único. É preciso enxergar esse lugar com outro olhar”, sugeriu Roosevelt.
Uma gestão para seguir jogando junto
O novo presidente, Celso de Oliveira Santos, tem uma vida de profunda dedicação ao clube, segundo Roosevelt. Há 20 anos participa dos conselhos, e nas últimas gestões, ocupou a vice-presidência de Esportes, e da Administração. É farmacêutico e bioquímico por formação, pela Universidade Federal Fluminense (UFF), da qual foi também professor, com pós-graduação pela UFRJ.
“Comecei no Country ao lado do ex-presidente do clube, Antonio Aucar (falecido no dia anterior desta entrevista), como diretor de Futebol. Eu era um garoto esperto, que gostava de esportes e como tinha umas três quatro, cinco partidas por dia, eu cuidava de organizar esses jogos. Tenho esse sentimento de pertencimento a que o Roosevelt se refere, porque é isso mesmo que a gente sente quando se enturma no Country”, conta o novo presidente.
Já na gestão do Antônio Baptista (juiz do Trabalho), no final da década de 1990, Celso assumiu a vice-presidência de Esportes, e continuou na função nas gestões seguintes, como a do Jayme Lessa, e seus sucessores. “Antes do assumir como vice do Administrativo, acumulei a área de Higiene e Saúde, e agora assumo, com orgulho e determinação a presidência do Conselho Diretor. Esse grupo gestor é unido e está afinado para dar continuidade ao trabalho que vem sendo feito na última década”, revelou.
Celso aproveita a oportunidade para anunciar a criação de um novo espaço no clube. “Em homenagem ao jogador tricampeão Gérson Nunes, que tem casa aqui em Friburgo e sempre nos prestigiou, vamos inaugurar o Espaço Canhotinha de Ouro, neste sábado, 18, às 11h. Será uma área futebol soçaite”, avisou.
Sobre Duda Porto
Conforto, bem-estar, qualidade de vida e sustentabilidade são as premissas do trabalho do arquiteto friburguense Duda Porto. Empreendedor nato, Duda comanda o escritório dedicado ao desenvolvimento de projetos de arquitetura, interiores e empreendimentos imobiliários, diversificando entre as áreas residencial, comercial e corporativa. Arquiteto pessoal do apresentador Otaviano Costa, Duda coleciona outras celebridades em sua carteira de clientes como Bruno Gagliasso. Duda é filho de Eudora e Raymundo (já falecido), ex-aluno do Colégio Anchieta, formado pela Universidade Santa Úrsula, do Rio de Janeiro.
“Agradeço ao Roosevelt e a todos os sócios a oportunidade de fazer parte do projeto de transformação do Nova Friburgo Country Clube. É um orgulho e um prazer muito grande poder contribuir e devolver de alguma forma ao clube que foi tão importante na minha vida e para a história de toda a minha família. Aproveito o momento para desejar ao novo presidente Dr. Celso, muito sucesso, que, com certeza, vai dar continuidade a esse belíssimo trabalho de renovação e de resgate da memória de nosso clube. Parabéns a todos e contem comigo para o que precisarem”.
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