Você tem dificuldade de falar o que necessita?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Algumas pessoas apresentam dificuldade de falar o que desejam, o que querem, o que não querem em diferentes tipos de relacionamentos. Elas precisam entender que é necessário falar para que suas necessidades sejam satisfeitas. E também compreender e aceitar que elas não podem cultivar uma expectativa de que alguém satisfaça todas as suas necessidades, mesmo que falem com objetividade e clareza.

Ao expressar o que você deseja e o indivíduo não corresponder ao seu pedido, você pode pedir a uma outra pessoa e isso irá contribuir para aliviar a tensão. Claro, quando o assunto permite pedir a uma outra pessoa para fazer o que você deseja.

Não é incomum uma pessoa crer que os outros já irão saber o que ela deseja, sem que ela fale do que quer. Isso é meio comum em casamentos. O esposo ou a esposa pode realmente ter uma crença de que o amor já sabe de tudo e por isso não precisa falar, como se a presença de afeto de um para com o outro eliminasse a necessidade de deixar transparente os desejos e necessidades. Mas precisa falar.

Alguns ficam emburrados porque seus desejos não são satisfeitos, mesmo quando eles não foram explicados com clareza para a outra pessoa de quem se espera uma resposta positiva. Já ouvi esposas comentarem que se elas falarem para o marido o que desejam e que eles não estão fazendo, elas ficarão na dúvida se ele vai fazer porque ela falou ou porque eles se interessam mesmo pela esposa. Parece que tem uma certa lógica nesse pensamento. Mas não funciona porque o amor não é uma bola mágica que adivinha tudo o que o outro deseja sem precisar falar. Em vez de amor isso pode ser presunção.

Não fique esperando que os outros leiam sua mente para atender suas necessidades. Fale. Você também não poderá ler a mente da outra pessoa e não poderá fazer algo que ela queira a menos que ela lhe diga o que ela espera de você.

Alguns precisam de ajuda e têm dificuldade em pedir socorro. Cabe, então, nesses casos, ser humilde, admitir sua impotência diante de alguma coisa, e pedir ajuda. Isso não é fraqueza, é apenas humanidade. Não somos deuses.

Li uma frase anos atrás que se encaixa no assunto de hoje. Ela dizia: “Diga o que você quer dizer; dê sentido ao que você diz, mas não diga de forma agressiva.” Isso envolve ser claro quando falar algo para uma outra pessoa. Diga o que realmente você quer dizer. Talvez você possa perguntar para a pessoa se ela entendeu o que você disse e pedir que ela repita o que você disse a ela. Assim terá a certeza de que ela entendeu, ou irá verificar que ela não entendeu. Daí avalie para ver se você foi claro ou se precisa clarear o assunto, ou se foi claro, mas ela é que entendeu errado.

A segunda parte da frase que diz: “dê sentido ao que você diz”, significa que você precisa dizer coisa com coisa, ser coerente no que diz. E a última parte, não menos importante, é procurar falar de forma educada, sem agressividade.

Você tem dificuldade de falar o que sente, o que deseja, o que necessita? Treine isso falando, com clareza, coragem, humildade e respeito.

 

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Cesar Vasconcellos de Souza – doutorcesar.com

 

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O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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