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Uma dor de difícil cura
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
Podemos sofrer diferentes tipos de dores. Dor física, dor mental, dor social, dor espiritual. Tem alguma que é pior? O que você acha?
Quem está no momento com dor física, por exemplo, de um câncer, ou de ciática, dor de dente forte, poderá dizer que esta é a pior dor. Quem está vivendo uma situação econômica complicada por ter sido demitido da empresa, talvez diga que esta dor social e financeira é a pior. Se uma outra pessoa está sofrendo abusos no seu lar, seja uma criança abusada pelo pai ou mãe, seja um marido convivendo com uma mulher autoritária e agressiva, ou uma esposa vivendo com um homem violento, certamente isto será visto como a pior dor.
Além disso, alguém pode estar decepcionado com Deus e sofrendo alguma perda que atinge a dimensão espiritual de sua vida, e neste caso poderá avaliar esta dor de origem espiritual como a pior.
Talvez a pior dor seja aquela que a pessoa está vivendo no momento. Porém, uma das dores mais difíceis de se enfrentar é a dor da infidelidade conjugal, a dor que um cônjuge que era fiel, que amava seu companheiro ou sua companheira, passa a experimentar. Nestes casos geralmente há um misto de angústia, tristeza, raiva, decepção, surpresa e espanto.
Por que um esposo trai sua companheira ou uma esposa trai seu companheiro? Se considerarmos os aspectos psicológicos da relação conjugal podemos encontrar algumas explicações. Um marido pode sentir falta de uma mulher, quando tem em casa uma esposa tipo mãe. Uma esposa pode sentir falta de um homem, quando tem em casa um marido tipo pai. Em ambos os casos o que predomina no cônjuge traído é talvez um excesso de papel de mãe e de pai que ela e ele praticam.
Outra explicação pode ser um homem fissurado em sexo, que sofre compulsão sexual e não se sacia com sua esposa. Outro argumento é o de que uma esposa pode ser fissurada em romance, e não se sacia com o que o marido oferece.
Seja qual for o motivo ou os motivos que empurraram a pessoa para uma infidelidade conjugal, nada a justifica. Explica, mas não justifica. Uma pessoa madura que está sofrendo no casamento não vai trair. Ela vai tentar resolver o problema do relacionamento atual que produz infelicidade e frustração.
A dor da infidelidade é de difícil cura. E pode causar muita devastação na família e mesmo entre amigos do casal. Evite isso. Seja sincero, seja sincera com seu cônjuge, abra o jogo e explique que está sentindo falta de algo no casamento ou noivado e mesmo no namoro, e diga o que é. O sofrimento poderá ser muito menos destruidor e devastador se você que está sendo tentado ou tentada a trair seu cônjuge, sentar e conversar com ele e explicar o que está ruim no relacionamento. Não siga modelos mesquinhos e doentios de novelas de televisão.
A dor da infidelidade conjugal tem um processo de cura bem doloroso. Pode levar anos. A ferida pode ir se fechando e reabrir mais adiante e depois começar a cicatrizar de novo. É bem difícil recuperar a confiança. É complicado voltar a ter o sentimento agradável pelo cônjuge que traiu e pelo cônjuge traído. Menos pior talvez seja ser honesto, honesta e romper o relacionamento, do que trair e abrir uma ferida de difícil cura que pode deixar cicatrizes para o resto da vida, em todos da família.
Uma maioria dos casos de infidelidade conjugal tem cura. Neste caso também é melhor prevenir do que tratar. Porque é uma dor de difícil cura. Seja honesto, seja honesta com seu cônjuge. Se tem a sensação de que não ama mais, fale disso, chegue a um acordo, mas evite a infidelidade. Ela também é uma maldade e uma prisão, embora com gosto de liberdade. Uma pessoa interessante lá fora que lhe atrai, também tem problemas. Cuidado, não se iluda.
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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