Transtorno de personalidade Borderline

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

Transtorno de personalidade é uma alteração grave do caráter da pessoa. O Transtorno Borderline também chamado de Limítrofe, atinge a personalidade produzindo desregulação emocional, raciocínio extremista e relações caóticas.

“Borderline” vem do inglês que significa “limítrofe”, “linha de demarcação de uma fronteira”. Uma pessoa com diagnóstico de Borderline apresenta humor instável, problemas com a identidade, tendência a comportamento briguento, impulsividade sobretudo autodestrutiva, manipulação e chantagem, conduta suicida, sentimentos crônicos de vazio e tédio, age de modo imprevisível sem se preocupar com as consequências.

Isto surge mais no fim da adolescência e se concretiza nos primeiros anos da fase adulta. Cerca de 2% da população tem Transtorno Borderline, 76% em mulheres e em 20% da população carcerária. As causas deste transtorno incluem: infância traumática, diversas formas de abusos, sexuais, emocionais, separação dos pais, predisposição genética. 80% dos Borderlines relatam que o casamento de seus pais foi muito conflituoso. Apesar disto, cerca de 20 a 25% vêm de famílias estruturadas.

Para se dizer que uma pessoa tem o Transtorno de Personalidade Borderline ela precisa apresentar: instabilidade afetiva acentuada, ira inapropriada de difícil controle, sentimentos crônicos de vazio e tédio, repetição de tentativas ou ameaças de suicídio, automutilação, relacionamentos interpessoais instáveis e intensos com extremos amor e ódio, impulsividade em áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa como vida financeira, sexo, uso de substâncias.

Os que sofrem do Transtorno de Personalidade Borderline afastam aqueles de quem mais precisam. Precisam do afeto e da companhia dessas pessoas, mas podem afastá-las de forma cruel e, muitas vezes, assustadora. São exigentes de atenção e excessivamente manipuladoras, embora dificilmente o admitam.

Borderlines são como crianças num corpo de adulto. Imaturos emocionalmente, não sabem esperar, querem sempre recompensas imediatas, não toleram frustrações e tendem a colocar a culpa sempre em outros por suas falhas.

O tratamento deste transtorno envolve medicação, psicoterapia e orientação da família. Se um Borderline se esforçar para analisar sua tendência doentia de pensar, sentir e de se relacionar, será possível flexibilizar a rigidez de sua personalidade. Isto diminuirá o sofrimento para si e com quem ela convive. Ciúmes doentios que geram brigas diminuirão ao ela aprender a controlar impulsos agressivos.

Quando o Borderline decide fazer o possível para melhorar seu comportamento, pode sair deste estado doentio e pouco a pouco se tornar mais agradável, confiável, flexível, menos dramático, menos histérico, menos agressivo e explosivo, menos frio e calculista, passando a ter apenas traços não dominantes do que antes era rígido e muito entranhado em sua personalidade.

O Borderline pode melhorar se: (1) admitir que tem problema de personalidade; (2) procurar e receber ajuda para mudar; (3) entender e perceber que existem formas de pensar distorcidas em sua mente, baseadas em crenças errôneas desenvolvidas na vida; (4) cultivar o conceito de que precisa desidealizar as coisas, aceitando que a perfeição é uma meta que não atingimos plenamente. Aceitando esta limitação, a ansiedade, a agressividade, a explosão emocional, a hostilidade podem diminuir, melhorando o contato agradável com as pessoas; (5) olhar para seus erros cometidos involuntariamente como momentos para aprender em vez de se depreciar e angustiar e (6) aprender a se permitir ter momentos de relax, lazer, desfrutando amizades. O primeiro profissional a ser procurado para iniciar o tratamento borderline é o médico psiquiatra.

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