Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Quando eu crescer

Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
Gostei dessa frase que li essa semana: “Quando eu crescer, eu quero ser uma criança.” Você quer ser uma criança? O que tem de bom numa criança que pode se tornar um desejo adulto de ter as mesmas qualificações dela?
A palavra “adulterar” também se relaciona com um produto adulterado, não sendo o original. Ao nos tornarmos adultos, de certa forma e até certo ponto, vamos nos adulterando, deixando coisas boas do jeito da criança ser e assumindo posturas esperadas pela tradição, de um jeito adulto de ser.
Que boas características existem no jeito das crianças serem? Confiança é uma delas. A criança confia no pai e na mãe. Elas tendem a interpretar ao pé da letra o que lhe dizem. Um dia falei para um netinho meu que iria colocá-lo numa mala para viajar comigo. Ele, surpreso, disse: “Mas vô, não vou caber na mala!”
É lindo ver como a criança confia no adulto que cuida dela. Se esse adulto, pai, mãe ou outro cuidador, mente para ela, isso é doloroso para a mente da criança. Ela fica confusa. Criança é uma das pessoas para quem nunca se deveria mentir, aliás, não deveríamos mentir para ninguém. Jesus certa vez Se dirigiu aos líderes da igreja que se agarravam às tradições em vez de na verdade das Escrituras, que eles pertenciam ao pai deles, o Diabo. E Cristo continuou dizendo sobre o Maligno: “Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira.” João 8:44. Quem vive mentido tem como pai espiritual o Maligno. Crianças pequenas falam a verdade.
Outra característica linda de crianças é a espontaneidade. Eu conversava com um norte-americano num campus de uma instituição educacional nos Estados Unidos, quando meu neto mais novo recém chegado ali, na época com uns 4 anos de idade, se aproximou de mim. O norte-americano perguntou a ele se ele estava gostando de morar ali. Ele ainda não sabia nada de inglês, e após eu traduzir para ele a pergunta do americano, ele fez um gesto com o dedinho da mão mostrando que não. Ele deu uma resposta espontânea e sincera. Alguns adultos não toleram a sinceridade e preferem viver no engano da falsidade. Crianças normais não são falsas.
Também admiro o fato de crianças não guardarem ressentimento. Você pode brigar com elas, elas podem ficar chateadas com você, mas se em seguida você pede desculpas e conversa com elas, a atitude delas é de imediata reconciliação! Um neurologista da USP – Universidade de São Paulo – comentando sobre o que ajuda a prevenir a Doença de Alzheimer, entre outros fatores, disse: cultivar gratidão, se envolver em trabalho voluntário filantrópico e não guardar ressentimentos. Criança não guarda ressentimentos.
Fará bem procurarmos desenvolver, aprimorar ou, quem sabe, resgatar características saudáveis das crianças para aplicá-las em nossa vida, com prudência, em nossos relacionamentos. Confiar em pessoas confiáveis, ser espontâneo, não guardar ressentimentos, isso ajuda nossa saúde mental.
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Cesar Vasconcellos de Souza – www.doutorcesar.com

Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
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